DE TUDO UM POUCO
Nº 4/02-2015
O CARNAVAL E A QUARTA
FEIRA DE CINZAS.
De chofre, perguntar-se-ia.
O que têm em comuns esses dois títulos? À primeira vista, nada, mas viajando-se
às suas origens, posso garantir que há alguns pontos em comum. Vejamos.
O carnaval é festa
popular e a alegria, mesmo que temporária, é o objetivo principal dos que tem
pelo carnaval um momento ímpar de mostrar à sociedade suas “fantasias”
intrínsecas, cobertas por uma fantasia material, segundo sua inspiração,
condição financeira ou atitude de protesto.
Um verso da canção Orfeu
do Carnaval (se não me falha a memória), traduz essa alegria momentânea muitas
vezes retidas por circunstâncias alheias à vontade e cada um. Diz o verso – “Tristeza não tem fim/ felicidade sim. A
felicidade é como a pluma/ que o vento vai levando pelo ar// voa tão leve/ mas
tem a vida breve/ precisa que haja pra levar. A felicidade do pobre parece/ a
grande ilusão do carnaval/ a gente trabalha/ o ano inteiro/ por um momento de
sonho pra fazer a fantasia/ de rei, de pirata ou jardineira/ pra tudo acabar na
quarta-feira.” Essa é a realidade do carnaval. Para muitos é trabalho profissional, salário, renda, emprego.
Para o comércio é venda garantida, lucro, desenvolvimento. Para o Estado (ente
federativo) é imposto, que será aplicado nos serviços essenciais destinados ao
povo.
É um momento efêmero,
mas que garante o extravasamento das frustações armazenadas ao longo do tempo
de um carnaval para outro; pra quem “venceu” esta etapa com saúde, paz de
espírito, há de preparar-se psicológica e espiritualmente a espera do ano
vindouro, do próximo carnaval. E assim por diante, até...... bem, diria, que o
corpo agüente pular na avenida.
A quarta feira de cinzas inicia justamente com a fim
do período carnavalesco. Este é o ponto comum entre essas duas festas. A
primeira é profana, e a segunda é religiosa. Aquela, o carnaval, a alegria de
momento; esta, a alegria duradoura, porque é espiritual. É o início de um
processo de meditação, de arrependimento, de oração, de encontro com Jesus, o
Cristo (que em grego significa o Ungido,
e em hebraico, o Messias).
A Quarta - feira de
cinzas é o primeiro dia da Quaresma no calendário cristão ocidental. As cinzas
que os cristão católicos recebem nesse dia são um símbolo para a reflexão sobre
o dever da conversão, da mudança de vida, recordando a passageira, efêmera
fragilidade da vida humana, sujeita à morte. Ela ocorre quarenta dias antes da
Páscoa (sem contar os domingos) ou quarenta e seis dias (contando os domingos).
Seu posicionamento no calendário varia a cada ano, dependendo da data da
Páscoa, podendo variar do começo de fevereiro até a segunda semana de março.
A origem desse nome é
puramente religiosa. Nesse dia, é celebrada a tradicional missa das cinzas. As
cinzas utilizadas nesse ritual provêm da queima dos ramos abençoados no Domingo
de Ramos do ano anterior e a elas mistura-se água benta. De acordo com a
tradição, o celebrante dessa cerimônia utiliza essas cinzas úmidas para
sinalizar uma cruz na fronte de cada fiel, proferindo a frase Lembra-te que és pó e que ao pó voltarás ou
a frase “Convertei-vos e crede no
Evangelho”.
Os
“tementes a Deus”, assim diziam meus avós, devem refletir sobre suas atitudes e
comportamentos durante o carnaval, avaliando de houve excesso na forma de
extravasar sua alegria ou se de alguma forma, mesmo involuntária, desrespeitou
leis, ofendeu pessoas, depredou o patrimônio público ou particular, enfim, se
“saiu dos trilhos”, deve agora repensar e voltar-se para o espiritual buscando
dentro de si, paz de espírito e preparando-se para a Quaresma.
Sobre a Quaresma e a
Campanha da Fraternidade, falarei mais adiante.
Para reflexão semanal : “ As obras da
Igreja de Jesus, o Cristo, são tão variadas como as flores de um prado “ ( São
Maximiliano Kolbe ).
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