O
tijolo da construção da corrupção,
A
palavra corrupção, por ser polissêmica, abrange diversas acepções. Nesse rumo, segundo
o dicionarista ANTÔNIO HOUAISS corrupção significa deterioração, decomposição física de
algo; putrefação; modificação, adulteração das características originais de algo; em sentido
figurado a depravação de hábitos, costumes; devassidão; ato ou efeito de subornar uma ou mais pessoas em causa
própria ou alheia, geralmente com oferecimento de dinheiro; suborno; uso de meios ilegais para
apropriar-se de informações privilegiadas, em benefício próprio.
Nosso objetivo principal é focar mais incisivamente
nos significados mais aproximados de devassidão moral, depravação de costumes, suborno, de modo a buscar congruência
com os próprios conceitos legais extraídos dos crimes de corrupção passiva (art.
317) e ativa (art. 333) constantes do Código Penal brasileiro, e aos quais
tanta gente, mesmo leigamente, se reporta.
Todos os brasileiros, isso é sentimento corrente na
opinião pública nacional, condenam a corrupção
- ALHEIA! A que mais aflora,
destaca-se, prepondera, lidera as conversas de barzinho, de final de futebol,
de intervalo de almoço no trabalho, de café ao final da tarde, é a corrupção - ALHEIA, sobretudo aquela
destacada pelos grandes veículos de comunicação de massa que apontam, via de
regra, políticos, empresários e altos funcionários públicos como protagonistas
sórdidos do mar de lama pútrida sobre o qual repousam centenas de brasileiros. Compra
descarada de voto, fraude à licitação, recebimento de propina e o exemplo mais
atual, não poderia deixar de ser, é o mais novo escândalo de CORRUPÇÃO!, o
PETROLÃO, que já se descobriu a pontinha do iceberg: desviou bilhões da
Petrobras!
Mas e a corrupção de cada um de nós, a cotidiana? E
o mau hábito de cada um dos milhões de brasileiros que insistem em comprar DVDs
e CDs piratas, burlando os direitos autorias de cantores e compositores? E os milhares
de desvios de água e energia elétrica, feitos de forma clandestina, e de TV a
cabo (feitos não só por pobres)? E os R$ 20,00 ou R$ 50,00 reais para o guarda
de trânsito não multar o veículo mal estacionado ou irregularmente estacionado?
Ou que passou no sinal vermelho? E o ponto eletrônico que o funcionário público
registra, mas sai no meio do expediente para resolver seus problemas pessoais e
particulares? E a pequena balança do peixe, da carne adulteradas para registrar
mais do que existe naquela venda? São tantas pequenas fraudes, engodos, ardis,
todos corrupção, todos cometidos cotidianamente!!!
Ora, nossa tolerância (e mesmo simpatia), nossa
afinidade moral com a corrupção inicia nas nossas raízes, quando colamos a
prova escolar e isso, ao invés de ser razão de vergonha, indignidade,
humilhação, torna-se motivo de risos, de piada, de galhofa, gracejo, deboche,
escárnio. Um homem é um ser minúsculo, logo seu caráter também é construído,
forjado nos pequenos detalhes. Se nós crescemos num ambiente onde tudo isso é
normal (essa devassidão de costumes),
como erguer o dedo apontando e condenando LULA, DILMA, PT, PMDB e tantos outros
partidos e pessoas públicas porque eles se apropriaram de bens públicos?
Para que um dia sejamos um povo menos corrupto (não
existe sociedade perfeita!) e possamos enfim cobrar, com autoridade e
coerência, dos nossos gestores públicos (políticos), por exemplo, mais
seriedade, responsabilidade e sobriedade com o erário (por exemplo), temos que primeiro
corrigir nossas pequenas depravações morais, as quais certamente compõem os
tijolos que erguem o grande mosaico da corrupção
ALHEIA, e nossa também!
Del
Sávio Pinto Presidente da Adepol-AP
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