Não há o bom sem defeito. Isto é fato. Um ser humano para ser
útil a sua sociedade precisa evidentemente manter inalterado em si alguns
princípios que hoje em dia são cada vez mais raros nas relações humanas e suas
ausências acabam provocando crises interpessoais.
Ética, respeito, solidariedade, gratidão, sinceridade são
apenas alguns desses adjetivos que facilita a relação entre iguais. Quando são
esquecidos ou não praticados a relação azeda e em azedando as consequências são
imprevisíveis.
Mas por mais que se faça ensaios, comentários sobre a relação
humana permeada pela ética o poder cega. Algumas pessoas não tem escrúpulo para
chegar ao poder e suas ações vão deixando um rastro de destruição que muitas
das vezes é impossível reconstruí-lo e são essas atitudes que colocam em xeque
projetos de poder que poderiam ser duradouros.
A política significa, semanticamente, administração de
cidades, mas nos dias atuais virou sinônimo de administração de vaidades e
muito difícil você dizer para alguém que o “after day” dele chegou e agora ele
precisa refazer caminhos, reavaliar relações e admitir que agora a vez é do
outro. Tem hora que o sujeito está na condição de mandar e tem hora que está na
condição de obedecer. Assim é o poder. Uma alternância. Até as tiranias, a
autocracia caem.
A política café com leite de mineiros e paulistas foi uma
estratégia de manter o controle da República no início do século XIX, porém
essa hegemonia foi quebrada pelo presidente paulista Whasington Luiz (1926/1930).
Este ao invés de cumprir o acordo exitoso, resolveu apoiar outro paulista,
Júlio Prestes. Resultado. Vargas no poder através de um golpe apoiado por quem?
Pelos traídos mineiros. Política é administração de vaidade, não vale na
relação à famosa “pernada” e aquele que não cumpre palavra tem vida curta na
política. Isso é fato e os exemplos estão nos anais da política nacional e
internacional.
Na realidade a relação política é um jogo de xadrez e cada
peça a ser movida pelos contendores deve ser algo criteriosamente avaliado. O
estabanado, o afoito, o “esperto” quando sempre age com seus interesses a
frente dos seus propósitos, este elemento vai cavando um fosso em torno do seu
pé e vai dificultando cada dia mais o diálogo com seus aliados e até mesmo
adversários, pois a confiança, essa peça de cristal, quebrou e aí, ninguém
emenda.
Observo na política pessoas com uma postura e quando chegam
ao poder mudam radicalmente. É espantoso como as pessoas se transformam. De
amável, cordada e solícita surge alguém com a plena convicção que o poder é
mérito exclusivamente seu. Os parceiros de outrora, tão úteis e importantes
passam a ser figuras que já não fizeram tanto e, o que antes faziam e era tão
valorizado foi perdendo importância, se diluindo ao ponto de valer...nada.
Senador Papaléo é um homem que anda na contra mão dos
políticos descritos nesse texto. Simples, de hábitos demasiadamente humanos,
opera com suas mãos abençoadas não só pessoas, mas também madeira.
Transformando peças brutas e desformes em móveis delicados e belos. Construir
uma carreira política é coisa pra artífice. Talhadeira, paciência e habilidade.
Aquela peça de madeira bruta vai aos poucos ganhando curvas e polimentos que
dão a condição de ornar uma sala, um escritório e mais...ser útil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário