EXTERMINADOR DO FUTURO
Secretaria de Estado da Educação teve que montar
força tarefa para dar início ao ano letivo sem mais adiamentos. Não bastasse o
rombo financeiro, gestão passada concedeu licenças a mais de 2 mil professores
no mesmo período. Contratações temporárias foram saídas para garantir início
das aulas.
O ano letivo de 2015
não começou nada bem para a rede estadual de ensino. No apagar das luzes de sua
fracassada gestão, o então governador Camilo Capiberibe assinou férias para
mais de 2 mil professores. Com isso, o início das aulas, previsto para o último
dia 2, teve que ser adiado mais uma vez.
Com a bomba pronta
para ser detonada, a Secretária Estadual da Educação, Conceição Medeiros, teve
muito trabalho para montar uma estratégia de última hora e anunciar a
contratação temporária de quatro mil profissionais para garantir o ano letivo.
O edital foi divulgado na última semana de fevereiro. As vagas são para escolas
da capital e do interior e irão preencher disciplinas com maior carência no
ensino fundamental e médio. Os salários ultrapassam R$ 3,4 mil. De acordo com a
secretária, inicialmente serão contratados dois mil professores.

A Educação é somente mais uma prova de tal afirmação. O sucateamento
de muitos estabelecimentos de ensino revela a falta de preocupação com milhares
de estudantes e professores. A concessão das licenças para os profissionais da
educação confirmou que a ideia era piorar o que já foi deixado ruim. Camilo só
não contava que a nova gestão trazia um trunfo na manga, a capacidade de
articulação e diálogo que ele nunca teve. De acordo com a secretária, as
dificuldades encontradas são inúmeras, mas para todas haverá uma solução. A
Seed está mergulhada em dívidas que estão sendo negociadas e se somam a um
rombo milionário que acabou inviabilizando muito do que já poderia ter sido
feito. No fim de 2014, últimos dias da
gestão de Capiberibe, o resultado deste acúmulo de problemas negligenciados
resultou em uma explosão de manifestações organizadas por quem levou calote do
governo, maioria destas pessoas prestavam serviços para a Secretaria da
Educação. Somente em 2014, o então governador deixou de pagar R$ 300 milhões a
merendeiras, vigilantes e transportadores escolares. O caso foi para a Justiça
e recursos da Seed acabaram sendo bloqueados. Eles também não receberam
direitos trabalhistas como FGTS e INSS.
O problema é tão complexo que o tamanho
da dívida gerado pelas ações trabalhistas ainda está sendo mapeado. Em primeira
análise, a sub procuradoria do Estado informou que o rombo está na casa das
centenas de milhões. A palavra chave para resolver a situação foi o diálogo,
que tornou possível as negociações. Aos poucos, o cenário de guerra deixado
pela antiga gestão vai dando lugar à reconstrução do Estado recebido em ruínas
pela equipe de Waldez Góes. Fazendo um pequeno retrospecto a Educação no
governo de Camilo Capiberibe teve uma largada desastrosa e nunca conseguiu
decolar. A primeira secretária da pasta, Mirian Flexa, teve que se desligar do
cargo depois de um escândalo envolvendo o esposo dela com recebimento de
propina. Depois seguiram-se outras equipes que não puderam mudar nada por
esbarrar no egocentrismo da gestão. O resultado foram simples problemas
ganhando proporções maiores. Um dos exemplos, a falta de merenda em inúmeras
escolas que se viam obrigadas a dispensar os alunos mais cedo. A falta de
professores também se tornou uma complicação a mais sem solução. Estudantes
organizaram manifestações em frente à Seed cobrando explicações e nada era
feito. Enquanto isso, na propaganda de R$ 28 milhões, peças publicitárias eram
divulgadas mostrando uma educação de primeiro mundo. Por trás das câmeras,
tanto alunos quanto professores sabiam da realidade. Em dezembro do ano
passado, quando a máscara de Camilo já havia caído, alunos da Escola Estadual
Gonçalves Dias, localizada no bairro Buritizal foram para as ruas reclamando da
demora e por fim, paralisação das obras do colégio, que fica na rua Santos
Dumont. O motivo, mais descaso, o governo não pagava a empreiteira desde
agosto. Os responsáveis pela empresa disseram que não poderiam mais continuar
com o serviço. A oba foi orçada em R$ 5,5 milhões e maior parte dos recursos é
do BNDES. Outra farsa protagonizada pela gestão de Camilo foi a internet banda
larga. Enquanto a propaganda governamental mostrava a fibra ótica, mais da
metade das escolas públicas do Estado estava sem acesso à rede mundial de
computadores. Em números, do total de 771 escolas espalhadas pelos 16
municípios, 533 não oferecem acesso à internet. Em quatro anos de
administração, o acesso dos alunos aos computadores para auxiliar nas pesquisas
escolares, existiu apenas no mundo fictício da propaganda.
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