sexta-feira, 6 de março de 2015

PENSANDO BEM, O DIREITO...

Qual a verdadeira função do parlamento?

As funções próprias do parlamento são a de fiscalização dos atos do Poder Executivo e a produção de leis. Há também outras funções, tecnicamente chamadas de impróprias, como o julgamento de algumas autoridades (nos crimes de responsabilidade) e a função administrativa (de seus próprios atos internos), mas sem dúvida alguma as mais importantes (quando efetivamente cumpridas!) são suas atribuições principais de fiscalizar (pelo povo) e legislar (para o povo, e não para si!)
O parlamento é (ou deveria ser) uma das instituições mais importantes de uma sociedade democrática. Seu surgimento e história, e todas as suas manifestações no curso da evolução da humanidade denotam que ele é (ou deveria ser) a essência da vontade da maioria do povo que o instituiu e o sustenta, em especial no nosso modelo tupiniquim, com o sacrifício de extorsivos tributos arrancados de trabalhadores, patrões, empresas e servidores públicos em geral que sustenta tantas câmaras de vereadores, assembléias legislativas e o congresso.
O parlamento federal brasileiro é o mais caro do planeta terra! Somente a título de ilustração e segundo dados da ONG Transparência Brasil, cada Senador brasileiro custa, anualmente, a bagatela de 33,4 milhões e cada Deputado Feral a módica quantia de 6,6 milhões (também anualmente). Isso sem levar em conta os recentes aumentos generosos concedidos por sua excelência o novíssimo presidente da Câmara Eduardo Cunha – PMDB-RJ. E isso num momento em que a ordem é apertar os cintos (pelo menos de quem paga as contas!).
O contra-senso é abismal! Uma transgressão, sarcástica, das mais simplórias regras de coerência: enquanto se sufoca o povo, benesses para os nobres!. Nos poucos dias que temos do difícil ano que se prenuncia, o povo brasileiro tem acompanhado o seu parlamento federal aumentar seus próprios salários, o de ministros do STF e do Procurador Geral da República em mais de 26%. Esse mesmo povo assiste ao parlamento endossar a exoneração de diversos tributos, bem como os preços de combustíveis e energia elétrica, além de tornar mais rígidas regras trabalhistas de recebimento de garantias salariais contra o desemprego.
A menos de 5 dias, também vimos a irônica tentativa de se contemplar cônjuges de parlamentares com benesses inimagináveis no País das maravilhas, como passagens aéreas para os pombinhos, para que o povo, sufocado, acerte a conta no final! E isso logo após a aprovação de um pacote de bondades financeiras para suas excelências os senhores parlamentares federais.
Já em terras tucujus, recentemente assisti (atônito, incrédulo) a um jornal televiso local veicular que a r. Câmara de Vereadores de Macapá estaria discutindo leis para se modificar nomes de ruas e avenidas (muitas delas já consolidadas na memória, pelo menos nela, já que placas com nomes de ruas é algo tão raro em Macapá). Uma discussão extremamente valiosa, imprescindível para a rica e satisfeita população de Macapá. Quanto será que custa a nossa Câmara de Vereadores?
Em síntese, quando o parlamento subverte os desejos populares, quando a assembléia perverte os anseios do povo, dissimulando-os para a satisfação da luxúria de seus integrantes e mais meia dúzia de privilegiados (como ocorre nas oligarquias, como foi na Europa medieval) ou para a deliberação de inutilidades, perde sua essência e deixa um espaço perigoso, terreno mais do que fértil para que pensamentos, idéias, ações e manifestações autoritárias transitem livremente pelo imaginário popular, como se ditaduras tivessem o condão de curar todos os males de uma sociedade doente, como se a força fosse a única alternativa viável para curar as chagas abertas de uma sociedade carcomida pela corrupção e fisiologismo político administrativo.


Sávio Pinto  

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