sexta-feira, 8 de maio de 2015

ARTIGO DO GATO



Quanto custa o “progreço”

Numa primeira vista o seu primeiro impulso foi passar a mão em uma caneta vermelha e colocar dois “S” no lugar desse cecidilha. Foi o mesmo impulso do jornalista Pedro Veleda ao fazer a revisão do texto. Mas ele, como faço com você agora, foi alertado que esse progresso ao qual me refiro é com “cecidilha” mesmo, pois alguns empreendimentos, são perversos, e trazem verdadeiramente progreço e não progreso ao cidadão.

O estado do Amapá tem sido, coitado, pródigo na recepção de investimento de ação exploratória da sua potencialidade natural sem receber as contras-partidas que traga verdadeiramente o progresso social para sua população.

O povo amapaense assiste chegar nesse estado empresários de biografia empreendedora duvidosa. O indiano da Zamin Amapá o bilionário Pramod Agarwal. O Banco Votorantim está pedindo a falência dessa empresa. Os desconhecidos japoneses da Marubeni, majoritária no consórcio na Ancel, acusados de grilagem de terra. Os ingleses da Anglos Ferros. O Eike Batista e seu “mega investimento” na mineradora MMX, denunciado por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, formação de quadrilha, além de processos administrativos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O investimento do finado Mário Andreaza com a Novo Astro, o legado dessa empresa é o distrito de Lourenço e todas suas mazelas sociais.

 Esses caras chegam, discurso falacioso orquestrado, sentam com os governos, fazem um monte de promessa de geração de emprego, de melhoria na qualidade de vida da comunidade, mas o que tem sido regra é a empresa encher as burras de dinheiro, destruírem o meio ambiente, causarem tragédias ambientais, agudizarem os problemas urbanos, promoverem o aumento do fluxo migratório de outras regiões do País para os locais do onde localizados o empreendimento e, depois, fazem como a Anglos. Mandam a merda a todos nós. Somos considerados “bugre”, incivilizados. “Vocês e suas riquezas não nos interessam mais.”

Ainda hoje estamos com cara de paisagem com a situação da ICOMI, vendida por R$ 1 real e o passivo passado para a responsabilidade de um picareta chamado Jorge das couves. Agora é a vez da população ribeirinha do rio Araguari. Ferreira Gomes, depois será Cutias e sabe lá mais o que vai acontecer. Essa energia que a empresa EDB vai gerar não vai servir para nós, já foi leiloada no Sistema Energético Nacional.

Ninguém em sã consciência é contra o progresso. Queremos nos incluir, pois até hoje estamos excluídos. O Cientista Social Roberto Mangabeira Unger esteve recentemente no Amapá e na palestra que promoveu aos gestores do Estado ele disse em alto e bom som. Os problemas da Amazônia devem ser resolvidos na Amazônia, o Amapá deve se rebelar, um Amapá rebelado num País rebelado. O que que quis dizer Mangabeira? Deixem de ser encapachado, levantem suas vozes no Congresso Nacional e gritem forte e alto as dores da Amazônia que dói doídas em seus filhos. Desemprego, fome, miséria, falta de educação aff...falta tudo, é necessário que o rebelamento inicie pelos políticos que verdadeiramente se rebele em Brasília e façam a diferença em favor do Amapá.

Não queremos progreço, queremos progresso que melhore a qualidade de vida em todos os seus aspectos. Chega desses empreendimentos onde o caboclo é iludido com falsas promessas. No primeiro contato com a população tradicional, aborígene, é armado um belo e bem articulado discurso recheado de emprego e melhoria significa na renda e consequentemente o resultado são mazelas e sofrimento. Vide Pedra Branca, Serra do Navio, Elesbão, Lourenço, agricultores da margem da ferrovia.


Vamos ter o Amapá no coração e a responsabilidade com nossa riqueza e que ela seja revertida verdadeiramente para melhorar a vida do povo. 

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