Onde é que isso vai parar...
Há
muito se tem notado a degradação do meio ambiente na Terra e a problemática da
água, fruto da ganância e do descaso humano.
No
Amapá, que só é lembrado quando a notícia é ruim, como por exemplo, o fim do
fenômeno da pororoca na foz do Rio Araguari, e que pela segunda vez desponta
como manchete nacional, considerando a enchente de maio em Ferreira Gomes,
mostra que já está mais do que na hora de se atentar para os serviços
ambientais em recursos hídricos como instrumento de gestão de bacias
hidrográficas considerando os impactos ambientais de empreendimentos econômicos
na Amazônia, sobretudo as usinas hidrelétricas, que apenas servirão para
resolver o problema energético do Nordeste, nada deixando para os amapaenses.
O
Rio Araguari, principal recurso hídrico deste Estado, sofre com o impacto
dessas construções, da despreocupada urbanização, da extração desmedida de
seixo e da bubalinocultura.
Lá
se vai o turismo esportivo, com a prática do surfe em suas ondas
espetacularmente longas, num Rio que corta sete municípios, com uma bacia
hidrográfica de mais de quarenta mil km2, que nasce no leste do Amapá e
desemboca no Oceano Atlântico, cortando ecossistemas, matas equatoriais,
cerrados, savanas mal drenadas e florestas de siriúbas, estas derrubadas para
dar lugar às pastagens para os exóticos búfalos, que em manadas vão abrindo
canais e drenando lagos que serviam de berçário para várias espécies de peixes
nobres, sem falar das secagens de regiões que ficavam permanentemente úmidas.
Hidroelétricas
na bacia do Rio Araguari dividindo com os búfalos a responsabilidade pelos
impactos ambientais que começam a ser identificados.
Onde
vai parar nossa riqueza hídrica que já começa a se salinizar com
empreendimentos econômicos de exploração mineral, usinas de geração
hidroenergética, bubalinocultura extensiva, além da presença cada vez mais
intensa da expansão urbana de pequeno e médio portes.
Entre
a conservação e o desenvolvimento humano, impõe-se uma série de restrições
ambientais. Em sua matéria principal desta semana, o Tribuna traz essa
preocupação, há muito ignorada pelo poder público que cuida da gestão desses
territórios, especialmente no Baixo Rio Araguari, ambiente relativamente
negligenciado pela falta de estudos dos impactos ambientais, numa região que
apresenta importância ecológica de grande significado para este Estado, tanto
do ponto de vista da gestão de bacias hidrográficas quanto do ponto de vista de
sua sensível fragilidade ecossistêmica.
É,
no fim das contas, a descabida interação do homem com o ambiente, exercendo
pressões negativas sobre praticamente todos os ecossistemas naturais, afetando
significativamente a fauna, aflora, os sistemas florestais, os ecossistemas
aquáticos, o solo e o subsolo, e até as principais interações entre biosfera e
a atmosfera.
Onde
é que isso vai parar?
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