sexta-feira, 7 de agosto de 2015

EDITORIAL



Onde é que isso vai parar...

Há muito se tem notado a degradação do meio ambiente na Terra e a problemática da água, fruto da ganância e do descaso humano.
No Amapá, que só é lembrado quando a notícia é ruim, como por exemplo, o fim do fenômeno da pororoca na foz do Rio Araguari, e que pela segunda vez desponta como manchete nacional, considerando a enchente de maio em Ferreira Gomes, mostra que já está mais do que na hora de se atentar para os serviços ambientais em recursos hídricos como instrumento de gestão de bacias hidrográficas considerando os impactos ambientais de empreendimentos econômicos na Amazônia, sobretudo as usinas hidrelétricas, que apenas servirão para resolver o problema energético do Nordeste, nada deixando para os amapaenses.
O Rio Araguari, principal recurso hídrico deste Estado, sofre com o impacto dessas construções, da despreocupada urbanização, da extração desmedida de seixo e da bubalinocultura.
Lá se vai o turismo esportivo, com a prática do surfe em suas ondas espetacularmente longas, num Rio que corta sete municípios, com uma bacia hidrográfica de mais de quarenta mil km2, que nasce no leste do Amapá e desemboca no Oceano Atlântico, cortando ecossistemas, matas equatoriais, cerrados, savanas mal drenadas e florestas de siriúbas, estas derrubadas para dar lugar às pastagens para os exóticos búfalos, que em manadas vão abrindo canais e drenando lagos que serviam de berçário para várias espécies de peixes nobres, sem falar das secagens de regiões que ficavam permanentemente úmidas.
Hidroelétricas na bacia do Rio Araguari dividindo com os búfalos a responsabilidade pelos impactos ambientais que começam a ser identificados.
Onde vai parar nossa riqueza hídrica que já começa a se salinizar com empreendimentos econômicos de exploração mineral, usinas de geração hidroenergética, bubalinocultura extensiva, além da presença cada vez mais intensa da expansão urbana de pequeno e médio portes.
Entre a conservação e o desenvolvimento humano, impõe-se uma série de restrições ambientais. Em sua matéria principal desta semana, o Tribuna traz essa preocupação, há muito ignorada pelo poder público que cuida da gestão desses territórios, especialmente no Baixo Rio Araguari, ambiente relativamente negligenciado pela falta de estudos dos impactos ambientais, numa região que apresenta importância ecológica de grande significado para este Estado, tanto do ponto de vista da gestão de bacias hidrográficas quanto do ponto de vista de sua sensível fragilidade ecossistêmica.
É, no fim das contas, a descabida interação do homem com o ambiente, exercendo pressões negativas sobre praticamente todos os ecossistemas naturais, afetando significativamente a fauna, aflora, os sistemas florestais, os ecossistemas aquáticos, o solo e o subsolo, e até as principais interações entre biosfera e a atmosfera.

Onde é que isso vai parar?

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