sexta-feira, 28 de agosto de 2015

EDITORIAL



Pirâmide Econômica invertida

Que o Brasil está em crise, isso nem é preciso dizer, estamos todos sentindo na pele e, principalmente no bolso. E, num clima de recessão e inconsistências políticas, se voltarmos nossas atenções para o Norte, vamos encontrar um Amapá diferente, um Estado que além da crise geral, ainda enfrenta problemas estruturais, as mazelas deixadas pelo descaso e incompetência do governo passado e, a inversão de valores e prioridades na economia, onde o setor terciário (comércio e serviços) forma a base da pirâmide econômica local.
Diretamente ligado a preservação ambiental, o Amapá ainda se arrasta com suas principais fontes de renda, a pecuária, a mineração e os serviços, este último que representa mais de 85% do PIB amapaense, e, claro, o comércio que também se esforça para impulsionar a economia local.
Uma economia diretamente dependente dos recursos naturais, caracterizando-se pela exploração de matérias-primas, produtos primários e semielaborados. O setor primário é caracterizado por baixo nível tecnológico. O secundário está concentrado nas atividades do extrativismo mineral, da construção civil e da indústria de transformação e, tem sua capacidade de expansão limitada pela oferta de energia e por outras deficiências em infraestrutura. E, por fim, o setor terciário, incluído aí a administração pública, o mais representativo da economia amapaense, apesar de não ser o principal empregador.
O setor industrial, pouco desenvolvido, hoje destacado nos setores de mineração e alimentação, também deverá receber a atenção do atual governo, que se mostra preocupado com as dificuldades de infraestrutura nos serviços de energia, comunicação e transporte.
Apesar de o Amapá ter conseguido lugar de destaque entre os Estados brasileiros, quando o assunto é renda mensal dos trabalhadores formais e renda média no Brasil, fruto da velha ‘economia do contracheque’, isso não representa desenvolvimento.
Mesmo com toda a riqueza existente, economicamente não se destaca como um grande produtor, mas contribui de maneira reduzida na composição do PIB nacional, e consome muitos produtos oriundos dos outros Estados.
Ora, quando se exporta quase 40% de ouro, quase 30% de madeira e pouco mais de 20% de minério de ferro e se importa mais de 40 milhões de dólares em materiais eletroeletrônicos, escavadoras, perfuradoras, carregadoras, caminhões, solventes, bens de informática e artigos de perfumaria, além de ferro e aço, motores, produtos de couro e peles e equipamentos médicos, é lógico que a estratégia tem que mudar.
Visando reverter essa situação, o governador Waldez Góes, através de um termo de cooperação, assinado esta semana com o SEBRAE, busca o desenvolvimento econômico do Estado com ênfase na produção florestal e de alimentos.
E este parece ser o melhor caminho, impulsionar o cultivo de arroz, feijão, milho, mandioca, frutas, pimenta-do-reino, e, obviamente a soja, entre outros, além de melhorar as condições para a pesca, que hoje exerce grande participação na economia estadual, investimentos públicos em infraestrutura e uma espécie de chamamento as organizações empreendedoras para a construção de uma nova realidade rentável para o Amapá.
É preciso motivar os setores envolvidos para que se possa gerir com responsabilidade, avançar com determinação e viabilizar as condições para que esse desenvolvimento seja possível.
A meta parece ser proporcionar visibilidade à agricultura comercial e familiar, pecuária, pesca, extrativismo alimentar e as potencialidades do setor primário como os grãos, açaí, pecuária bubalina e bovina, piscicultura e mel, apresentar as potencialidades da madeira e oleaginosas como andiroba, pracaxi, copaíba, castanha do Brasil e dar chance ao setor de produção florestal de oferecer na industrialização de produtos como alimentos, cosméticos e farmacêuticos.

Só assim, se conseguirá inverter a pirâmide econômica do Amapá, transformando este Estado num grande polo de desenvolvimento.

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