sexta-feira, 7 de agosto de 2015

VIAJANDO POR AÍ...



SensaSampa



Gabriel Fagundes

Sob a luz ofuscante de prédios e carros e postes, que iluminam vias, artérias e ruas, andam centenas de milhares de pessoas, todos os dias. Sob a densa fumaça dos cigarros e sob o reflexo inconfundível de rostos que olham fixamente para celulares, move-se uma cidade.
Uma cidade que não é qualquer, entretanto. Uma cidade barulhenta no coração pulsante do dia, e estrondosa mesmo na hora mais morta da noite. Gente que anda apressadamente, que dirige nervosamente, nas idas e vindas do trabalho, estudantes, ambulantes, traficantes, viciados. Viciados em trabalho, em energia, em sinergia. Viciados em mensagens, em baladas, em jogos, em drogas.
Há tantos universos distintos na Nova Iorque brasileira. Melhor, Nova Iorque é a São Paulo americana. São Paulo.
São tantos anjos que atraem pessoas pra perto e pra dentro de ti. Anjos do dinheiro, da oportunidade, dos negócios, dos sonhos. Anjos que gritam na televisão e em cartazes sobre as maravilhas que se pode encontrar por aqui. Um engano infernal, porque há tanto mais demônios nessa cidade!
O ritmo desritmado da vida sob o qual todos estão aqui submetidos fez e tem feito um estrago macabro nas mentes e corações. Tudo é tempo, tudo é perda de tempo. O sinal está sempre fechado, mas  atravessam mesmo assim. Ficam nessa cidade e nem pensam em voltar pro sertão... pelo menos no começo.
Tudo é um delírio. É um jogo de poder. São Paulo mexe com as pessoas e tira delas o que lhes é característica ímpar, o traço de humanidade, e no lugar coloca traços mecânicos. Nem todo mundo é assim. Não, quase todos.
Não se pode negar a riqueza cultural e econômica de São Paulo. Porém, cada visitante há de ver e sentir por si mesmo a impressão mais profunda que essa enigmática cidade pode oferecer.

Na parede da minha memória, o quadro com a lembrança mais forte que São Paulo pintou tem como tema o hit do Guns and Roses: Welcome to the jungle, baby!

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