SensaSampa
Gabriel
Fagundes
Sob
a luz ofuscante de prédios e carros e postes, que iluminam vias, artérias e
ruas, andam centenas de milhares de pessoas, todos os dias. Sob a densa fumaça
dos cigarros e sob o reflexo inconfundível de rostos que olham fixamente para
celulares, move-se uma cidade.
Uma
cidade que não é qualquer, entretanto. Uma cidade barulhenta no coração
pulsante do dia, e estrondosa mesmo na hora mais morta da noite. Gente que anda
apressadamente, que dirige nervosamente, nas idas e vindas do trabalho, estudantes,
ambulantes, traficantes, viciados. Viciados em trabalho, em energia, em
sinergia. Viciados em mensagens, em baladas, em jogos, em drogas.
Há
tantos universos distintos na Nova Iorque brasileira. Melhor, Nova Iorque é a
São Paulo americana. São Paulo.
São
tantos anjos que atraem pessoas pra perto e pra dentro de ti. Anjos do
dinheiro, da oportunidade, dos negócios, dos sonhos. Anjos que gritam na
televisão e em cartazes sobre as maravilhas que se pode encontrar por aqui. Um
engano infernal, porque há tanto mais demônios nessa cidade!
O
ritmo desritmado da vida sob o qual todos estão aqui submetidos fez e tem feito
um estrago macabro nas mentes e corações. Tudo é tempo, tudo é perda de tempo.
O sinal está sempre fechado, mas
atravessam mesmo assim. Ficam nessa cidade e nem pensam em voltar pro
sertão... pelo menos no começo.
Tudo
é um delírio. É um jogo de poder. São Paulo mexe com as pessoas e tira delas o
que lhes é característica ímpar, o traço de humanidade, e no lugar coloca
traços mecânicos. Nem todo mundo é assim. Não, quase todos.
Não
se pode negar a riqueza cultural e econômica de São Paulo. Porém, cada
visitante há de ver e sentir por si mesmo a impressão mais profunda que essa
enigmática cidade pode oferecer.
Na
parede da minha memória, o quadro com a lembrança mais forte que São Paulo
pintou tem como tema o hit do Guns and Roses: Welcome to the jungle, baby!
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