sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

DESPORTO

Superando limites: deficiente visual aposta na corrida e vence desafios



Paratleta deficiente visual amapaense supera a deficiência, com a corrida de rua. Porém a barreira mais difícil de suplantar é a do patrocínio.



Reinaldo Coelho

Nos Jogos Paralímpicos de Londres (2012), nossos atletas deram um show de superação. O atletismo foi o esporte que mais fez o Brasil subir ao pódio, com 18 medalhas — sete de ouro, oito de prata e três de bronze. E em todo o mundo, fala-se muito sobre a inclusão dos portadores de deficiência à sociedade: leis determinam a contratação de deficientes em empresas, cidades adaptam sua arquitetura para facilitar o acesso a diferentes lugares, meios de transporte são modificados para dar cada vez mais autonomia a essas pessoas, que representam 18,8% da população brasileira (de acordo com o IBGE – Censo 2010).

Mas há uma área em que os avanços para a inclusão do deficiente ainda são muito tímidos: competições esportivas, especialmente corridas de rua. E principalmente em Macapá, devida as ruas ser cheias de remendos, sem calçamentos e muitas sem cobertura asfáltica, predominado a lama no inverno e a poeira no verão.
Conheça um pouco mais da história dos nossos medalhistas de ouro do atletismo, que mostraram que a paixão pelo esporte é capaz de vencer qualquer barreira menos da do patrocínio, esta está difícil, tanto oficial quanto privada.

Um paratleta de ouro.

Gilson Machado perdeu a visão aos 10 anos de idade, vítima de um glaucoma. Mas, mesmo com a deficiência, sua paixão por esportes continuou e ele superou obstáculos na corrida de rua. A prática esportiva sempre foi o sonho desse jovem de 35 anos de idade, porém a oportunidade nunca surgiu devido a sua deficiência. “Na minha infância e juventude, pratiquei artes marciais, como o Jiu-jitsu, com amigos. Quanto a pratica de atletismo sou recém-chegado na modalidade. Há mais de dois anos que estou competindo”.
Com uma determinação de dar inveja a qualquer atleta de alto rendimento, Gilson Machado precisou ainda superar as dificuldades de apoio para os treinos e patrocínio para competir fora do Estado.

Porém, Gilson Machado necessita de apoio para custear as despesas da viagem. De acordo com GeerceMachado, esposa e guia, as despesas com hospedagem, as passagens aéreas e dinheiro para manter os dois nos locais da competição são o maior drama.

“Infelizmente essa é a realidade do atletismo local. O Gilson está treinando forte, tem resultados muito bons, mas a dúvida é quando chegam as competições, pois não sabemos se iremos conseguir viajar por falta de apoio”.

“O poder público, não apoia os atletas de modalidades de menor destaque, como a corrida de rua. Os gestores do desporto beneficiam modalidades de artes marciais e futebol. Tenho recebido apoio de amigos, que fazem coleta e me ajudam a viajar”, desabafa Gilson.

Corrida em Belém

MATÉRIA DO JORNAL O LIBERAL

Em 2015, Gilson Machado participou da Corrida do Círio, em Belém e ficou em segundo lugar na categoria deficiente visual e continua treinando bastante, para obter resultados significativos no Norte/Nordeste de 2016,que acontecerá de 4 a 6 de março em Recife (PE), onde espera conquistar uma medalha de ouro, repetindo os feitos de 2014, quando participou do circuito  em Natal (RN).

Naquele ano Gilson conquistou o primeiro lugar nos 400 metros, foi o segundo colocado nos 200 metros e repetiu a segunda posição nos 100 metros. Em 2015, o pódio foi o de segundo lugar do Norte/Nordeste e da Corrida do Círio.
“Nas competições locais, os títulos de 1º lugar são meus na minha categoria de deficiente visual masculino. Fora do Estado em 2014, conquistei o primeiro lugar nos 400 metros, fui o segundo colocado nos 200 metros e repeti a segunda posição nos 100 metros, no circuito de Natal (RN) e, em 2015 de novo em Recife (PE) fiquei com o segundo lugar no Norte/Nordeste”.

A segunda vitória veio quando disputou a mini maratona do Meio do Mundo, evento esportivo que inaugurou a nova pista de atletismo do Estádio Olímpico Milton de Souza Corrêa, o "Zerão".

Vitorias em 2016


E em 2016 o paratleta já participou da Corrida Cidade de Belém, onde conquistou a medalha de prata e está se preparando para a Norte/Nordeste de 2016. Para participar da corrida paraense passou muita dificuldade mas conseguiu e foi o único representante do Amapá no evento que tem concorrentes de todo o país. “Eu representei o Amapá, levantei a bandeira do meu Estado, para o pódio da Corrida Cidade de Belém, e não tive nenhum apoio oficial nem privado, apenas alguns amigos me ajudaram. E quero agradecer a esses amigos que me apoiam o senhor Ailton, o promotor Flávio Cavalcante, Valdo Quezia e o professor e técnico João Santos da Equipe Portal do Sol e o meu guia Maxwell, que está a dois meses me apoiando e já conquistamos medalha e espero conseguir mais para o Amapá”.

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