Superando limites: deficiente visual aposta na
corrida e vence desafios
Paratleta
deficiente visual amapaense supera a deficiência, com a corrida de rua. Porém a
barreira mais difícil de suplantar é a do patrocínio.
Reinaldo Coelho
Nos Jogos Paralímpicos
de Londres (2012), nossos atletas deram um show de superação. O atletismo foi o
esporte que mais fez o Brasil subir ao pódio, com 18 medalhas — sete de ouro,
oito de prata e três de bronze. E em todo o mundo, fala-se muito sobre a
inclusão dos portadores de deficiência à sociedade: leis determinam a
contratação de deficientes em empresas, cidades adaptam sua arquitetura para
facilitar o acesso a diferentes lugares, meios de transporte são modificados
para dar cada vez mais autonomia a essas pessoas, que representam 18,8% da
população brasileira (de acordo com o IBGE – Censo 2010).
Mas há uma área
em que os avanços para a inclusão do deficiente ainda são muito tímidos:
competições esportivas, especialmente corridas de rua. E principalmente em Macapá,
devida as ruas ser cheias de remendos, sem calçamentos e muitas sem cobertura
asfáltica, predominado a lama no inverno e a poeira no verão.
Conheça um pouco
mais da história dos nossos medalhistas de ouro do atletismo, que mostraram que
a paixão pelo esporte é capaz de vencer qualquer barreira menos da do
patrocínio, esta está difícil, tanto oficial quanto privada.
Um
paratleta de ouro.
Gilson Machado perdeu a visão aos 10 anos de idade, vítima de um
glaucoma. Mas, mesmo com a deficiência, sua paixão por esportes continuou e ele
superou obstáculos na corrida de rua. A prática esportiva sempre foi o sonho
desse jovem de 35 anos de idade, porém a oportunidade nunca surgiu devido a sua
deficiência. “Na minha infância e juventude, pratiquei artes marciais, como o
Jiu-jitsu, com amigos. Quanto a pratica de atletismo sou recém-chegado na
modalidade. Há mais de dois anos que estou competindo”.
Com uma
determinação de dar inveja a qualquer atleta de alto rendimento, Gilson Machado
precisou ainda superar as dificuldades de apoio para os treinos e patrocínio
para competir fora do Estado.
Porém, Gilson
Machado necessita de apoio para custear as despesas da viagem. De acordo com
GeerceMachado, esposa e guia, as despesas
com hospedagem, as passagens aéreas e dinheiro para manter os dois nos locais
da competição são o maior drama.
“Infelizmente
essa é a realidade do atletismo local. O Gilson está treinando forte, tem
resultados muito bons, mas a dúvida é quando chegam as competições, pois não
sabemos se iremos conseguir viajar por falta de apoio”.
“O poder
público, não apoia os atletas de modalidades de menor destaque, como a corrida
de rua. Os gestores do desporto beneficiam modalidades de artes marciais e
futebol. Tenho recebido apoio de amigos, que fazem coleta e me ajudam a
viajar”, desabafa Gilson.
Corrida em Belém
MATÉRIA DO JORNAL O LIBERAL |
Em 2015, Gilson
Machado participou da Corrida do Círio, em Belém e ficou em segundo lugar na
categoria deficiente visual e continua treinando bastante, para obter resultados
significativos no Norte/Nordeste de 2016,que acontecerá de 4 a 6 de março em
Recife (PE), onde espera conquistar uma medalha de ouro, repetindo os feitos de
2014, quando participou do circuito em
Natal (RN).
Naquele ano
Gilson conquistou o primeiro lugar nos 400 metros, foi o segundo colocado nos
200 metros e repetiu a segunda posição nos 100 metros. Em 2015, o pódio foi o
de segundo lugar do Norte/Nordeste e da Corrida do Círio.
“Nas competições
locais, os títulos de 1º lugar são meus na minha categoria de deficiente visual
masculino. Fora do Estado em 2014, conquistei o primeiro lugar nos 400 metros,
fui o segundo colocado nos 200 metros e repeti a segunda posição nos 100
metros, no circuito de Natal (RN) e, em 2015 de novo em Recife (PE) fiquei com
o segundo lugar no Norte/Nordeste”.
A segunda
vitória veio quando disputou a mini maratona do Meio do Mundo, evento esportivo
que inaugurou a nova pista de atletismo do Estádio Olímpico Milton de Souza
Corrêa, o "Zerão".
Vitorias em 2016
E em 2016 o
paratleta já participou da Corrida Cidade de Belém, onde conquistou a medalha
de prata e está se preparando para a Norte/Nordeste de 2016. Para participar da
corrida paraense passou muita dificuldade mas conseguiu e foi o único
representante do Amapá no evento que tem concorrentes de todo o país. “Eu
representei o Amapá, levantei a bandeira do meu Estado, para o pódio da Corrida
Cidade de Belém, e não tive nenhum apoio oficial nem
privado, apenas alguns amigos me ajudaram. E quero agradecer a esses amigos que
me apoiam o senhor Ailton, o promotor Flávio Cavalcante, Valdo Quezia e o
professor e técnico João Santos da Equipe Portal do Sol e o meu guia Maxwell,
que está a dois meses me apoiando e já conquistamos medalha e espero conseguir
mais para o Amapá”.
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