O que será o amanhã?
Autor: José Alberto Tostes
Em
recente viagem ao Rio de Janeiro tive a oportunidade de visitar o Museu do
Amanhã, obra do famoso arquiteto, Santiago Calatrava. Museu do Amanhã é um museu construído na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. O
prédio, projeto do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, foi erguido ao lado da Praça Mauá, na zona portuária (mais precisamente no Píer Mauá). Sua construção teve o apoio da Fundação Roberto Marinho e teve o custo total de cerca de 230
milhões de reais. O edifício foi
inaugurado em 17 de dezembro de 2015 com a presença da presidente Dilma Rousseff e recebeu cerca de 25 mil visitantes
em seu primeiro final de semana de funcionamento.
A proposta da instituição é ser um museu de
artes e ciências, além de contar com mostras que alertam sobre os perigos das mudanças climáticas, da degradação ambiental e do colapso social. O edifício conta
com espinhas solares que se movem ao longo da claraboia,
projetada para adaptar-se às mudanças das condições ambientais. A exposição
principal é majoritariamente digital e foca em ideias ao invés de objetos.
O museu tem parcerias com importantes
universidades brasileiras, instituições científicas globais e coleta de dados
em tempo real sobre o clima e a população de agências espaciais e das Nações Unidas. A instituição também tem consultores de várias áreas,
como astronautas, cientistas sociais e climatologistas.
Como uma das âncoras do projeto de revitalização urbana do chamado Porto Maravilha, o museu recebeu em 2015,
a doação antes de sua inauguração, a escultura Puffed Star II, do renomado
artista norte-americano Frank Stella. O
trabalho consiste de uma estrela de vinte pontas e seis metros de diâmetro que
foi instalado no espelho d’água do museu, em frente à Baía de Guanabara. A escultura metálica, antes da doação
para acervo permanente a céu aberto do museu, esteve em exposição na cidade de Nova York.
A plástica da edificação é algo que chama
atenção pela diversidade de formas, é uma mistura de aspectos surreais e
futurísticos, dá o tom da intensa visualidade da edificação, de perto ou de
longe, dependendo do observador. Para muitos profissionais, o Museu do Amanhã é
fruto da arquitetura do espetáculo, deslocada de um contexto ou do lugar onde
está inserido. Toda crítica na produção da arquitetura é saudável, porém, deve-se
estar dentro do contexto em que estamos vivendo. Nesse contexto contemporâneo o
espaço é desafiado, assim como os princípios físicos e matemáticos. A busca da
forma vai além do conceito estético representa uma grande simbolização.
A proposta de Calatrava está recheada de
efeitos internos e externos. O que é mais importante? Seduz o público de
diversas idades, principalmente a juventude acostumada com um tempo movido pela
intensidade da virtualidade das ideias. Parte do público presente, dentro e
fora da edificação são de jovens. O projeto do
Museu do Amanhã foi totalmente inspirado pela paisagem da zona portuária e da Baía de Guanabara. Como parte
integrante do Projeto Porto
Maravilha, foi feita a demolição do Elevado
da Perimetral no intuito de
revitalizar a região portuária do Rio. No telhado da construção, grandes
estruturas de aço, que se movimentam como asas, servem de base para placas de
captação de energia solar. Com isso, o Museu do Amanhã busca a certificação Leed (Liderança em Energia e Projeto Ambiental), concedida
peloGreen BuildingCouncil (USGBC).
Sobre a temática proposta
pelo Museu do Amanhã estão presentes os temas vinculados à condição ambiental
do Planeta Terra, permite ao espectador o exercício do pensar e da reflexão
sobre a nossa conduta individual e coletiva. Os painéis gigantes em led
apresentam imagens perceptivas de diversos lugares do mundo. O tema do Amanhã
não é novo, já induziu muitas ações e criatividades de todas as formas, seja no
cinema, teatro, televisão, internet, produção de revistas e um farto material
virtual.
OMuseu do Amanhã propõe é um
estágio interativo, começa com a concepção da revitalização do entorno da área
onde se localiza. Muito embora projetos desse tipo tenham uma reação muito
grande de diversos setores. É inegável que com a efetivação do Museu do Amanhã,
tudo seja revitalizado no entorno da edificação. Existe a tendência natural em
áreas ou centros históricos a desvalorização do ambiente urbano, motivado
principalmente pela pouca oferta de atividades públicas e privadas que sejam
atrativas.
A visita no Museu do Amanhã
me trouxe outras inquietações que não estão relacionadas somente a cidade ou a
edificação projetada por Calatrava, mas também, decomo somos capazes de
produzir projetos como o Museu do Amanhã, e reproduzir uma visão pessimista
sobre o que será o futuro. É importante mostrar os perigos que nos cercam, mas
também evidenciar as ações e experiências que vem sendo desenvolvidas para
superar as adversidades. O que não pode, é reproduzir para o público em geral,
principalmente para os jovens, a concepção de mundo do medo.
No conjunto das reflexões
propostas e contidas no interior do Museu do Amanhã evidencia que precisamos
exercer mais os níveis de tolerância, bom senso, de exercer a criticidade de
forma mais responsável. Começa com pequenas atitudes e com níveis básicos de
organização social. No encarte do Museu do Amanhã está descrito que a pretensão
é inaugurar uma nova geração de museus de ciências no mundo, sendo considerado
"de terceira geração", com uma concepção que o posiciona como o
primeiro museu global de "terceira geração".
A "primeira
geração" de museus é voltada para os vestígios do passado, como os museus
de história natural. A
"segunda geração" busca difundir as evidências do presente, como os
museus de ciência e tecnologia. A "terceira geração", destina-se a
expor as mudanças, perguntas e a exploração de possibilidades futuras para a humanidade.
É nesse último conceito que se encaixa o Museu do Amanhã. Longe do debate de
ser a favor ou contra. É importante perceber como o público aceita ideias
provocativas.
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