quinta-feira, 3 de março de 2016

SAÚDE EM FOCO



 REALIDADE DAS DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS E O MODELO DE DESENVOLVIMENTO


  No dois últimos séculos  a alta incidência de doenças infecto-contagiosas (DIC) -- aquelas causadas por germes que se transmitem através do contato direto ou através de um hospedeiro (vetor) -- era sinônimo de estar ou residir em locais insalubres e pobres. Esse perfil sofreu mudanças neste século XXI.
Essa mudança chamamos de transição demografica ou transição epidemiológica, que se carateriza por diminuição da mortalidade infantil, elevação relativa das doenças crônico-degenerativas não transmissíveis (DCDNT) e aumento da morbi-mortalidade por causas externas (violências).
Até há algumas décadas a Organização Mundial de Saúde e outras entidades de saúde consideravam que as DIC estavam diretamente relacionadas à fome, miséria, à falta de acesso à saneamento e a baixo nível de instrução. Atualmente o ressurgimento de doenças como Malária, Dengue, Tuberculose, Hanseníase, Esquistossomose e Aids estão relacionadas  a um conjunto complexo de fatores determinante, como o modelo e a  politica econômica vigente.
Antes não se relacionava essas doenças ao regime de governo e ao modelo de desenvolvimento. As decisões e transformações politico-institucionais ficavam  fora desse contexto. O descumprimento de politicas públicas ficava nos bastidores, pois não existia controle social. A saúde pública era desvinculada da educação. A Medicina, eminentemente curativa e liberal, era privilégio de poucos afortunados da elite.
Por isso as altas taxas de mortalidade na época da urbanizção e industrialização das grandes cidades, antes da década de 1940. Para manter a mão de obra, aprodução e o poder econômico , houve necessidade de começar a investir na prevenção e higiene das fábricas, medidas para evitar acidentes e infraestrutra urbana.
Portanto, fica bem claro que o acometimento ou redução das DIC estão relacionados a outros fatores determinantes e politico-institucionais , entre eles  o modelo de desenvolvimento. A recrudescência dessas patologias está realcionada às decisões dos governos, que retira direitos trabalhistas, reduz investimentos e aplica recursos públicos em setores sem retorno sócio-econômico (bolsas diversas,  assentados improdutivos, presidiários, casa própria para os de baixa renda, emprestimos a fundo perdido a outros países, etc.)
A politica atual, que diz “distribuir renda” a milhões, oferta  uma quantiairrisória (bolsa), mas nega bens sociais essenciais de qualidade (saúde, educação, segurança). É esse modelo de desenvolvimento jamais reduz, freia ou trata as DIC. A politica habitacional  cria verdadeiras favelas, cujo morador induze incentiva as violencias sociais.
Alguns autores citam a década de 80, pós-democratização e pós-regime militar, como um período de declínio  da mortalidade  por DIC, sendo acompanhada por evolução dos indicadores de saúde, sociais e demograficos no Brasil. Porém, a urbanização desordenada das cidades introduziu endemias tradicionalmente rurais, (Doença de Chagas, Leishmaniose e Esquistossomose) e ampla distribuição  e disseminação do Aedes aegypti.
Portanto, aí se descartaa  fome e a miséria extrema como fatores causais exclusivos, como se pensava antes. Houve sim uma politica de segregação e desvalorização territorial, com investimentos no Sul e Sudeste. Poucos recursos para a Amazonia (culpavam a selva) e o Nordeste (culpavam a seca).Essa politica e modelo se agravaram nos últimos 15 anos.
A favelização das periferias das grandes cidades e o abandono das populações rurais  e ribeirinhas, tornou-se o ambiente favorável para a propagação de vetores transmissores  de diversas enfermidades. Hoje,  tanto no luxo (apartamentos do Sul), quanto no lixo (casebres do sertão nordestino), existe a  proliferação de hospedeiros de germes os mais diversos.
O controle e quase erradicação de duas doenças infecciosas, o Sarampo e a Poliomielite, que sofreram massivo investimento governamental , com incentivo à educação  saúde e vacinação, são a prova que, quando há interesse dos gestores e medidas conjuntas e apartidárias, se consegue  controlar e frear  a proliferação de doenças e agravos à saúde. (Fonte: Revista MEDICOS, HC-FMUSP, Ano I, Nº5, Dez-98)Macapá-AP, 29.02.2015. JARBAS ATAÍDE.







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