Os jovens e a crise
Reinaldo Coelho
A atual
geração (16 a 24 anos) está vivenciando sua primeira crise econômica e
politica. Aperto financeiro para a maioria deles é o corte das mesadas ou as
historias narradas pelos pais ou através de informações escolares.
Esta crise,
segundo especialistas, deve também deixar sua marca na história. Chega para
essa geração em um momento decisivo, no qual se escolhe um curso superior e
ingressa no mercado de trabalho.
Um dos
indicadores da economia que mais traduz a ideia de mal-estar, o desemprego
atinge primeiro e com intensidade os mais jovens, que enfrentam mercado hostil
e uma taxa equivalente ao dobro da média para toda a população.
No Brasil,
praticamente um a cada cinco jovens está desempregado. A redução nos postos de
trabalho tem impacto na renda e no sonho de manter a qualificação, ponte para
fugir da roda-viva de baixos salários. A proporção de desempregados de quase
20% no grupo de brasileiros de 18 a 24 anos é mais de duas vezes a média de
7,9%.
Dados do IBGE
mostram que em 2016, 24,1% dos jovens entre 18 e 24 anos estavam desempregados,
um crescimento de 6,5% em relação ao mesmo período de 2015. Para a população
geral, a taxa de desocupação no início do ano foi de 10,9%.
Assim, essa crise
financeira não abre novas vagas de estágio, deixa de contratar jovem em
aprendizado, e não dá oportunidades para recém-formado. Lidar com isso virou
estratégia de sobrevivência para muitos deles e de uma maneira positiva os está
forçando a amadurecer no trato das questões financeiras e o cuidado na escolha
de uma profissão rentável e de maior empregabilidade.
Depois de
anos de consumo fácil, custo de vida relativamente estável e expansão
econômica, o Brasil entrou em um período de inflação acima do limite de tolerância
e aumento do desemprego.
O que se vive
hoje tem origem, em parte, em gastos públicos de baixa qualidade e acima do que
se tinha em caixa. Na prática, quanto mais se gasta dinheiro público, mais
pressão é gerada sobre a inflação. Se essas despesas são alocadas em folha de
pagamento e em gastos que não geram riqueza para o país, o peso sobre o custo
de vida aumenta ainda mais.
Esse fenômeno
não é privilégio do Brasil. Em todo o mundo, os profissionais em início de
carreira são considerados o segmento mais afetado pelas ondas de desemprego. A
crise econômica que abalou o mundo em 2008 fez a taxa de desemprego entre
jovens alcançar percentuais entre 40% e 50% em países como Portugal e Espanha.
Influenciados
por esse conjunto de fatores negativos, eles acabam escolhendo segmentos da
economia com menos dificuldades. Muitos buscam o primeiro emprego no setor do
comércio e depois não conseguem mudar de área em função da pouca experiência em
outras atividades.
Ainda que a
crise econômica seja o desencadeador da falta de emprego, há outro ponto que
deve ser levado em consideração quando o assunto é mercado de trabalho: a
educação. Nesse quesito, o Brasil vive uma contradição. Embora o ensino
superior tenha chegado à classe C e mais pessoas se qualifiquem em faculdades,
cursos de extensão e técnicos, o mercado de trabalho apresenta condições ruins
para absorver essa nova mão de obra especializada porque o sistema educacional
não prepara o aluno para a vida profissional. Desde a formação básica, o ensino
brasileiro é pautado no desempenho em provas, como vestibular Ainda que a crise
econômica seja o desencadeador da falta de emprego, há outro ponto que deve ser
levado em consideração quando o assunto é mercado de trabalho: a educação.
Nesse
quesito, o Brasil vive uma contradição. Embora o ensino superior tenha chegado
à classe C e mais pessoas se qualifiquem em faculdades, cursos de extensão e
técnicos, o mercado de trabalho apresenta condições ruins para absorver essa
nova mão de obra especializada porque o sistema educacional não prepara o aluno
para a vida profissional. Desde a formação básica, o ensino brasileiro é
pautado no desempenho em provas, como vestibular.
Temos de
reaprender a lidar com o dinheiro e não deixar que o orçamento familiar caísse
no mesmo desatino do público. E os jovens têm de aprender agora e ajudar a
mudar essa situação.
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