segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

SAÚDE EM FOCO


            CADEIAS, HOSPITAIS  E TRÂNSITO: EM ESTADO DE GUERRA
Assim como as guerras, a violência resulta da injustiça e da falta de equidade em nossa sociedade. Pensar que matar ou prender bandido resolveria as questões da violência é uma grande ilusão da segurança pública. Dois fatos marcam o final de 2016: o Governo do Amapá receberá mais 1 milhão para aplicação no sistema penitenciário e  no Amazonas uma chacina de presidiários, em confronto de gangues rivais, mostra a decadência do sistema prisional. Porque investir num setor que não tem retorno social?
Mas não é só isso. Os governos se mostram inoperantes em setores essenciais, como a saúde e segurança no trânsito. As mortes violentas ou causas externas geram custos elevados para a gestão da segurança pública e aos serviços de saúde de urgência e emergência, exigindo leitos de internação e todo um aparato humano, materiais e infraestrutura para acolher e tratar as vítimas.
Agora vem a questão do sistema prisional e penitenciário superlotado receber investimento, obrigado pelas cortes superiores, a fim de desafogar os Fóruns das audiências de custódia, enquanto os setores de saúde e de infraestrutura de transporte viário a duras penas sobrevivem com orçamentos minguados e contingenciados. Nos hospitais e no trânsito morrem muito mais que 56 pessoas, jovens, crianças, policiais e cidadãos em idade economicamente ativa.  A cifra de homicídios no Amapá em 2014 foi de 32,9 % (IBGE).
Um governo que desembolsa milhões de reais para um sistema falido e inútil, como o nosso sistema penitenciário, que se tornou um albergue para acumular as escórias da sociedade, está fadado ao fracasso, colocando a sociedade e os cidadãos de bem e produtivos sem assistência digna em setores essenciais, como saúde educação. 
A criminalidade e a bandidagem não resultam somente da falta de escolas e de instrução. Decorre de cidadãos oriundos de um meio familiar desestruturado, de uma sociedade injusta e excludente e de governos corruptos que ignoram as necessidades primárias e essenciais dos seres humanos: a liberdade de ir e vir, a saúde e a instrução. Sem investimentos básicos, sem controle social e com a impunidade dos governantes e políticos corruptos não adianta matar bandidos ou fazer cadeias para menores.
As cadeias e penitenciárias viraram lixões humanos. Nos hospitais públicos as pessoas portadoras de traumas no trânsito ou vítimas de violências ficam jogadas nos corredores e sobre macas, em condições sub-humanas, por falta de leitos, equipamentos e recursos humanos. A rampa de acesso no Hospital de Emergência de Macapá, virou uma verdadeira enfermaria improvisada, com macas, colchões e lençóis estendidos no chão, em condições insalubres e anti-higiênicas. Um verdadeiro “estado de guerra”.
Os órgãos de controle externo e fiscalização só se manifestam quando ocorrem desgraças ou quando a imprensa denuncia, como na chacina dos presos em Manaus. Os Secretários e Deputados não visitam esses locais  e não cobram as medidas para solucionar a situação dos governantes. Nas questões da segurança e prevenção de violência no trânsito, vários estudos, estatísticas e indicações mostram as soluções, porém os governantes não seguem os dados técnicos que poderiam resolver muitas questões.
Os dados atuais e taxas de mortalidade e de internações resultantes das violências no trânsito, não indicam tendências de redução. Por isso, os custos para a saúde pública (SUS) tendem a aumentar, o que em 2013 atingiu R$ 5,14 bilhões, segundo o IPEA. Esses recursos foram gastos com as causas externas ou violentas: homicídios, latrocínios, lesões corporais e acidentes de trânsito, entre outros. Um crescimento de 130% nos gastos com essas causas,   mostrando uma perda grande de vidas e de divisas com a violência, num verdadeiro “estado de guerra”.  JARBAS ATAÍDE, Macapá-AP, 02.01.2017.


  

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