A PIONEIRA ALICE GORDA
No decorrer dos 45 anos em que viveu em Macapá,
Alice Gorda promoveu e ajudou a promover as pândegas e as pantomimas
carnavalescas. Como o firmamento precisava de uma estrela de primeira grandeza,
Alice mudou de endereço, deixando seus súditos conscientes de que apenas a
fraternidade é capaz de fazer o carnaval existir. (Nilson Montoril)
Maria Alice Guedes de Azevedo – A Alice
Gorda - *1934 - + 2005
Reinaldo Coelho
Da Reportagem
Uma das maiores defensores dos blocos
de rua, mais ainda do ‘Bloco do Amapá Clube’ que recebeu a denominação “A
BANDA” pelos seus próprios detratores os membros do governo militar implantado
pela ditadura no Palácio do Setentrião. Em um lindo artigo o historiador Nilson
Montoril escreveu que durante a ausência do General Luiz Mendes da Silva o economista
Roberto Rocha Souza exercia interinamente o cargo de governador.
E que foi o idealizador de toda a
nefasta tramóia contra os carnavalescos. “Em
nota divulgada no Jornal Amapá e outros órgãos de imprensa de Belém, o governo
amapaense rotulou o bloco de “A Banda”, porque havia uma orquestra postada
sobre um caminhão executando a marcha famosa marcha composta por Chico Buarque”.
A Alice Gorda fervorosa carnavalesca foi
acusada de ser “testa-de-ferro” dos Janaristas na organização do bloco. Ela
negou que seus liderados tivessem qualquer pretensão de ferir os princípios
democráticos defendidos pela revolução de 31 de março de 1964, e que a
organização do bloco comportasse cunho político e “diplomação popular do
Coronel Janary Nunes como deputado federal”.
Mulher de princípios rígidos, Alice
Gorda exigiu direito de resposta junto aos órgãos de imprensa que divulgaram
notas acusando-a de agitadora. Sua exigência foi atendida e a paz voltou a
reinar no carnaval do Amapá

No decorrer dos 45 anos em que viveu em
Macapá, Alice Gorda promoveu e ajudou a promover as pândegas e as pantomimas
carnavalescas. Como o firmamento precisava de uma estrela de primeira grandeza,
Alice mudou de endereço, deixando seus súditos conscientes de que apenas a
fraternidade é capaz de fazer o carnaval existir. Assim, neste carnaval de 2017,
no momento em que a Banda passar nas ruas de Macapá, a atenções de seus
integrantes deve estar voltadas para o céu, onde Alice a tudo observa, com um
largo sorriso estampado no rosto. Que rufem os tambores! O maravilhoso Reino da
Alegria de Alice Gorda está em festa para perpetuar a sua memória.
Homenagem
A Cidade do Samba, numa justa homenagem a quem
tanto fez pelo carnaval de Rua do Amapá, foi batizada de “Alice Gorda”.
Acompanhe a história dessa carnavalesca amapaense.
Alice Guedes de Azevedo – a "Alice
Gorda" - nasceu em Belém-PA, no dia 8 de março de 1934. Passou a infância
e a juventude na casa dos pais, à Rua Veiga Cabral, número 114, na cidade
velha. Seu primeiro emprego foi na Sorveteria “Flor de Lis”, na esquina da Rua
Padre Eutíquio com a Avenida Almirante Tamandaré.
Em meados do ano de 1959, passou a trabalhar
com o senhor Orlando Ventura em dois estabelecimentos comerciais que ele
possuía na cidade de Belém: o Hotel Coelho (que depois recebeu o nome de Vanja
Hotel) e o Hotel Regina. Nesta ocasião foi designada para vir a Macapá, a
serviço, porque o senhor Orlando Ventura havia arrendado o Macapá Hotel. Alice
era chefe de cozinha e uma espécie de subgerente. Deveria passar três meses,
mas permaneceu para sempre.
Não vamos falar da Alice comerciante,
desportista ou carnavalesca e sim da brava cidadã que tinha uma vontade imensa
de ser escritora. O destino não lhe favoreceu nesta pretensão. Os estudos
tiveram que ser interrompido porque o pai retirou-se do lar, deixando dona
Felícia Silva Azevedo, sua genitora, com a missão de desdobrar-se para
sustentar a família. Alice precisou trabalhar para ajudar sua mãe e por isso
não avançou nos estudos.
O valor do consistente curso primário
que a Alice frequentou foi fundamental na vida da Rainha Moma. Escrevia bem,
conhecia os meandros da gramática e as quatro operações fundamentais da
matemática. Ela nunca temeu a morte. Sabia que todos os seres vivos fatalmente
acabarão em seus braços.
Sofrendo de diabetes, com o peso acima
do normal e convivendo com um câncer, Alice Azevedo tinha consciência de que
seu desenlace poderia ocorrer a qualquer momento. Alice Guedes de Azevedo
faleceu em Macapá no dia 2 de abril de 2005.
(Fonte: blog Arambaé do historiador
Nilson Montoril)
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