Igarapé das Mulheres
Urbanização e drenagem otimizarão trânsito de barqueiros no canal
Licitação para execução das obras deverá ser lançada no segundo semestre
deste ano.
Reinaldo Coelho
Na Amazônia brasileira, as cidades são fundadas e permanecem dependentes
da hidrografia para inúmeras atividades, como o transporte de pessoas e
mercadorias, caracterizam por outra temporalidade, o tempo lento das
embarcações maiores, que só conseguem atracar ou sair dos portos no momento da
maré cheia.
Essa característica é vista com profundidade, na orla de Macapá. Um
deles é o Igarapé das Mulheres, que há anos deu suporte como atracadouro para
as pequenas embarcações de produtores ribeirinhos do Amapá e das ilhas
paraenses.
O porto do Igarapé das Mulheres é um dos mais importantes de Macapá e
movimenta a economia com a comercialização de pescado, camarão e frutas.
A dragagem é
necessária porque a correnteza do Rio Amazonas empurra a sedimentação e o lixo
para dentro do canal de navegação, elevando o fundo do rio. Com o canal mais
raso, barcos encalham ou arrastam o fundo causando rachaduras.
Para os que dependem do Igarapé das Mulheres para a sobrevivência
econômica uma notícia alvissareiras, o projeto de urbanização e drenagem do canal do
Igarapé das Mulheres, está pronto e deverá ser apresentado pelo governador do
Estado, Waldez Góes, nos próximos dias. Idealizado pela Secretaria de Estado de
Transportes (Setrap), a previsão é que o lançamento de edital para contratação
da empresa executora da obra seja feito assim que o projeto for
apresentado.
A drenagem do local é uma reivindicação antiga de barqueiros que chegam
do interior do Amapá e do Pará e atracam no local para embarcar ou desembarcar
produtos na capital. O último serviço de desassoreamento feito pela Secretaria de Estado dos
Transportes (Setrap) ocorreu em 2013 e, mesmo assim, realizado de forma
precária
A natureza é responsável por uma parte do assoreamento, pois através da
correnteza, junto com a maresia, vai aterrando essa área onde os barcos ficam,
porém é o lixo que é arremessado pelos embarcadiços e moradores que ajuda
aterrar os igarapés.
É comum encontrar (quando a maré está seca), no leito do rio, bagaços de
cana-de-açúcar, madeira e todo o lixo que os ambulantes e moradores jogam no
local. Ou seja, a área vai aos poucos virando uma lixeira pública. Já dá para
perceber a diferença: antes, o ramal tinha aproximadamente nove metros de
profundidade, hoje não passa dos seis metros.
Dificuldades no
transito
Pescadores e donos de embarcações reclamam que estão enfrentando
dificuldades para atracar ou sair do Igarapé das Mulheres, no bairro Perpetuo
Socorro. Segundo eles, é urgente o trabalho de desassoreamento do canal.
Jairo Trindade, que mora às margens do Rio Jurupari, no município de
Afuá (PA), trabalha em uma pequena embarcação. Ele contou que, semanalmente,
seu patrão traz cana-de-açúcar para vender em Macapá e relatou que somente com
a maré cheia é possível atracar no canal. “Nesta viagem tivemos que atracar
depois da meia-noite, que foi o horário em que a maré deu condições para
embarcação entrar no canal”, contou.
Setrap
O responsável pelo projeto e diretor de Engenharia da Setrap, Albério
Pantoja, destacou que a obra será realizada em duas etapas. A primeira
contempla os serviços de drenagem no canal. Além da drenagem, o projeto também
inclui a construção de barreias de contenção às margens do canal com objetivo
de evitar a queda de barrancos nas laterais.
“Como o local sofre ação direta das marés, toda vez que a maré atinge
seu ápice, ela acaba trazendo sedimentos. Já na vazante, a maré não consegue
levar de volta todo esses sedimentos trazido pelas águas e isso vai acumulando
ao longo do tempo e provoca o assoreamento”, explicou Pantoja.
Problemas
econômicos
Com o assoreamento, os barcos ficam na praia esperando a maré encher.
Isso pode gerar problema econômico para a capital, porque, pela entrada do
Canal do Jandiá, no Igarapé das Mulheres, no Santa Inês, é que são escoados
vários produtos como frutas, verduras, pescados. Esses locais, com pouca
profundidade, permitem a entrada apenas de barcos de pequeno porte.
Na segunda etapa serão realizados os serviços de urbanização e
mobilidade no entorno. De acordo com o diretor, os sedimentos retirados do
canal serão depositados em uma área próxima. Com a conclusão da obra
prevista para seis meses
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