sexta-feira, 23 de junho de 2017

PIONEIRISMO



Renato Vianna e esposa  Maria Raimunda Coutinho vianna
Pioneiro, polêmico, reto e humano, de forte caráter, expressão contrária à Revolução, foi perseguido, mas não se intimidou. Participou de campanhas políticas. Acreditava nos ideais do ‘Amapá para os amapaenses’.


Renato Vianna – (In memoriam) – * 4/11/26 / + 6/12/2011

Por Carlos Vianna

Apaixonado por música popular, política e um bom papo, revolucionário do seu tempo, acompanhou a transformação do Amapá e do Brasil por mais de oito décadas. Cidadão comprometido com a instalação do Território Federal e organização da vida econômica e sócio cultural do Estado do Amapá.
Amazonense, nascido em Manaus, no dia 4 de novembro de 1926. Técnico Agrícola, filho de índia tapuia, dos lagos de Óbidos, que se tornou a professora Filomena Felgueiras, das escolas de Manaus e Oswaldo de Mendonça Vianna, membro da Academia Paraense de Letras e da Superintendência de Valorização da Amazônia, figura expressiva da sociedade modernista amazonense e paraense. Era neto de Adelina de Mendonça, “A Redentora”, célebre protagonista da história amazônica na libertação dos escravos amazonenses, um ano antes da Lei Áurea.


O nome dado a Renato Vianna é o mesmo do seu tio, precursor da dramaturgia brasileira. O jovem Renato imaginava-se artista de teatro, dominando expressões, o espetáculo real e reflexivo, tocando a alma dos expectadores. Acreditava nessa quimera. Para isto, acompanhou seu tio em excursões da Companhia do Teatro Escola, em algumas capitais brasileiras. Associou-se em 1960, ao Teatro de Amadores do Amapá.
Sua infância em Manaus à época áurea da borracha e sua marcante juventude na boêmia cidade do Rio de Janeiro, preparam o jovem Renato para a vida, ao conceder-lhe o destino de morar no Amapá. Casou-se em 27 de dezembro de 1952, com Maria Raimunda Braga Coutinho que lhe deu nove filhos, todos encaminhados e participantes do desenvolvimento do Amapá.
Renato Vianna chegou ao Amapá em 1950. Atendendo ao convite do Dr. Coaracy Nunes, depois de cursar operação de máquinas agrícolas no Centro de Treinamento de Engenharia Rural em São Paulo. Em Macapá começou como Prático Rural, trabalhando na Divisão de Produção. Cedido à Divisão de Educação, compartilhou seus conhecimentos inicialmente na Fazendinha, distrito da capital, passando pela Escola de Iniciação Agrícola instalada na Base Aérea do Amapá, onde foi professor de moto-mecanização.

Ao retornar para Macapá reassumiu suas funções na produção, chefiando a Seção de Fomento Vegetal. Foi Chefe de Fomento da Produção Industrial e Mineral. Chefiou diversos postos agropecuários. Administrou Colônias e Núcleos Coloniais. Dirigiu a Divisão de Terras e Colonização.
Pioneiro, polêmico, reto e humano, de forte caráter, expressão contrária à Revolução, foi perseguido, mas não se intimidou. Participou de campanhas políticas. Acreditava nos ideais do “Amapá para os amapaenses”. Autêntico oposicionista, membro fundador de partidos políticos como: a Aliança Renovadora Nacional e o Movimento Democrático Brasileiro, no qual foi Presidente do Diretório Municipal em Macapá.
Funcionário desbravador exemplar, figura ilustre da vida pública no Amapá. Atuou por trinta e cinco anos na agricultura, desde o preparo e conservação de solos, suportando o sol causticante dirigindo um trator, até exercer funções de chefia e liderança, tendo sido responsável com outros líderes na organização administrativa e na implantação das atribuições do órgão gestor da produção. Sua participação técnica foi muito importante para a introdução da Escola de Iniciação Agrícola, de Núcleos Coloniais e do Museu Industrial. Renato muito contribuiu para melhorar a gestão da comercialização nesses setores.
Católico participante do Movimento Cursilho da Cristandade e Membro fundador da Confraria Tucujú. Espaços onde manifestou importantes contribuições como Cidadão Macapaense.
Seus dotes artísticos se estendem à parceria musical de tantas expressões amapaenses, seja no rádio novela da Rádio Nacional, nos idos 50, ou em quermesses de clubes ou serestas nas noites de luar da estrelada Macapá.
Animador dos antigos carnavais de rua, comunicava-se de maneira popular. Alegrava-se em falar aos brincantes, informando roteiros culturais e festivos durante os carnavais. Participante do movimento musical e instrumental que consagraria a velha guarda. A boemia aprendida no Rio de Janeiro o fez Presidente da Escola de Samba Boêmios do Laguinho, e no esporte foi fundador dos Clubes Fazendinha e Cruzeiro. Presidente do13 Desportivo Clube. Secretário por duas décadas do Tribunal de Justiça Desportiva do Amapá.
Faleceu no dia 6 de dezembro de 2011. Renasce em todo aquele que expressa ideais assemelhados aos das suas quimeras.

(Documentário produzido por Carlos Alberto Coutinho Vianna)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...