MACAPÁ VERÃO/2017
Quanto custa comer e beber nos balneários?
No verão da crise consumidores reclamam dos altos
preços nos balneários e o Procon/Ap está de olho.
Reinaldo Coelho
O Centro Norte do
Amapá é sempre bastante procurado nas férias de julho por veranistas e
turistas. Mas os balneários da Fazendinha e do Curiaú são a primeira opção de
destino para quem não pode pegar o carro e ir para as localidades do interior
do Estado em busca de tranquilidade e contato com a natureza.
Camarão no bafo e açaí foi combinação do almoço na Fazendinha, veio de casa. |
Curiaú tem um
diferencial da Fazendinha, {onde o frequentador vislumbra o gigantesco Rio
Amazonas} na comunidade quilombola, a viagem demora 26 minutos (são 14,6 km)
via Rodovia do Curiaú. Logo na chegada a paisagem encanta os visitantes. O
local é cercado pela natureza e a água natural representam um convite
irrecusável para crianças e adultos.
Uma temporada ainda caríssima
Este ano a
temporada de férias começou bem quanto ao sol que bate forte, porém mais um ano
de reclamações, a economia vive um clima de "marasmo", que lembra
baixa temporada e com o agravante dos preços lá em cima. Em Macapá a festa de
férias vem com o tradicional Macapá Verão, que é realizado no Araxá, Jandiá, Curiaú
e Fazendinha. Nos locais são realizadas apresentações culturais, com música,
dança e poesia.
Além da área
urbana o evento acontece nos distritos de Bailique, Lontra da Pedreira, São
Joaquim do Pacuí, Carapanatuba e Santa Luzia do Pacuí.
Em Fazendinha,
onde o balneário tem uma melhor estrutura física, com característica de
empreendedorismo turístico, mas sem as qualidades de serviços pertinentes ao
segmento. Uma das primeiras situações é quanto as instalações que com poucas
exceções ainda se apresentam como uns barracões que a descaracterizam. A
gastronomia já apresenta uma melhora, pois há um cardápio variável de pratos à
base de peixes amazônicos, num local exótico e agradável, com vista maravilhosa
para o maior rio do mundo.
Um senão são os garçons que evidenciam a necessidade de qualificação no atendimento, mesmo com a diretora da Macapá Turismo ter informado que os empreendedores passaram por um treinamento. Deve ter sido em cima da hora e muito rápido, decerto alguns não conseguiram absorver.
Um senão são os garçons que evidenciam a necessidade de qualificação no atendimento, mesmo com a diretora da Macapá Turismo ter informado que os empreendedores passaram por um treinamento. Deve ter sido em cima da hora e muito rápido, decerto alguns não conseguiram absorver.
Para reaver os
ânimos do comércio e dos veranistas a Fundação de Cultura do município de
Macapá anunciou uma série de shows nos balneários, no entanto aquele que seria
o maior problema ainda não parece haver solução: a crise econômica que diminuiu
o poder de compra da população.
Os alimentos mais
procurados pela população nos balneários de Macapá, principalmente no de
Fazendinha, são camarão no bafo e peixe frito. "É sempre assim. A saída
desses alimentos é grande. Eles são os preferidos do público que vem para
cá", afirmou um comerciante local.
A dona de casa Virgínia
Alenquer disse que gosta de frequentar o balneário, embora tenha reclamado do
preço dos alimentos comercializados no local. "Eu acho que a programação
daqui é muito boa, mas em termos de alimentos, na minha opinião, eles estão
caros", reclamou.
Em geral os
restaurantes do balneário da Fazendinha comercializam o peixe (prato mais
pedido) ao valor de R$ 40, o camarão R$ 38 a 50,00 e o caranguejo R$ 30. E essa
é a maior reclamação dos veranistas macapaenses, os preços ‘salgados’,
principalmente no cinco estrelas do período e uns dos pratos típicos de Macapá,
o “Camarão no Bafo”, que está em uma média de R$ 40,00 a R$ 50,00, chegando
muita vez aos absurdos R$ 80,00.
“Quem costumava
gastar R$ 100 em uma tarde nos balneários, hoje gasta R$ 20”. A observação é de
um dos mais tradicionais comerciantes do balneário de Fazendinha.
Para o professor
Maílson Nobrega, 30 anos, que mora no município de Santana, o que mais atrai o
veranista até os balneários é a possibilidade de oferecer aos familiares um dia
diferenciado, um olhar na natureza, curtindo uma boa música, deliciando-se com umas
geladas e o camarão no bafo, mas considera que o preço da porção acaba
afastando a clientela. Pois além de cara diminuiu de tamanho.
"Eu adoro
camarão. Sempre que posso eu venho com a família degustar a iguaria. Mas eu
tenho que fazer um esforço muito grande para conseguir comprar, pois somos três
pessoas e se pedirmos duas porções sai por R$ 80,00, mais a cerveja e
refrigerante para as crianças, vou gastar no mínimo R$ 150,00. Ai só dá para um
fim de semana, e o resto das férias curtir em casa com churrasco e amigos, na
base da coleta”, resume.
Para o autônomo
Jurandir Almeida da Silva, 40 anos, casado tem 03 filho, diz que para pode ir a
Fazendinha é desesperador, “pois logo de cara peço dois assados e dois cozidos,
dois peixes fritos, um engradado de cerveja vazio (não sou de tomar só uma) no
mínimo é uma grade e meia, mais refrigerantes mais água mineral e de rebarba
uma mojica de camarão pra matar a ressaca, pois (segunda é dia de trabalho) ai
lá se vão os meus minguados R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e cinco reais)
quase um salário mínimo, é o que faturo no concerto de um carro durante a
semana. Aí, meu amigo, não dá! O jeito é mesmo ter que enfrentar a TV na sala
de casa. Quem mandou ser pobre”.
Nesta hora vem a
receita caseira para os que não podem gastar tanto. É o que recomenta Dona
Ivani Maciel Costa que chegou acompanhada de seu esposo e de amigos e com uma
sacola cheia de iguarias e ele com as bebidas.
Eles dão uma
sugestão para alegrar o domingo (só um por mês). Ingredientes: dois quilos de
camarão cru - R$ 30,00, um maço de cheiro verde - R$ 1,00 e um de chicória - R$
0,50. Lave os camarões e cozinhe em uma panela tampada e sem água por + ou - 30
minutos, vai ficar uma delícia, e as crianças vão adorar. Agora a sua cerveja,
o melhor, é diminuir ou trocar por cachaça que fica mais barato. Você vai viver
mais e as crianças vão agradecer.
Muitos correm para
os vendedores ambulantes, porém, mesmo ali, não está barato. Itens como milho,
churros, água de coco, água mineral e caipirinha ficaram mais caros. O casal
Nádia Santos e Malber Moreira, moradores do Novo Buritizal, afirma que gastam
no mínimo R$ 50,00 toda vez que vão em qualquer dos balneários da capital,
principalmente na alimentação dos dois filhos pequenos. Eles explicam que não
perceberam tanta variação de preços em relação ao ano passado, mas adotam
algumas estratégias para economizar: “A gente costuma comprar salgadinhos para
as crianças no supermercado, porque o preço nos quiosques é bem maior. Neste
ano também vimos que o milho assado e o churrasco (espetinho) custam R$ 1,00 a
mais”, comentou Nádia.
Para o casal o
item que mais varia é a água mineral.
“Oscila muito de um lugar para o outro, já cheguei
a pagar R$ 5,00 por uma água. Se eles veem que é turista, sai mais caro”,
avalia ela.
Essa “carestia”
não é exclusiva de Macapá, pois em Belém os preços estão mais salgados ainda.
De acordo com o acadêmico de História, da UFPA, Bruno Pereira, a cerveja regional, geralmente a mais consumida,
custa em torno de R$10, já as outras custam em torno de R$12 a garrafa contendo
600 ml. Com referência ao item alimentação, a chapa mista, que serve até quatro
pessoas, gira em torno de R$60 a R$75. O camarão empanado servido com molho rose
e farofa em geral é R$25. A unha de caranguejo nas praias em torno de R$ 5,00 a
unidade. O camarão no bafo em torno de R$35. Refrigerante, de 2 litros, em
média R$10, exceto Coca-Cola. Isca de pirarucu ou de carne de sol fica em média
R$40. Cerveja e refrigerantes em lata em média R$ 5,00.
Quantidade de coliformes fecais presentes na água ultrapassou os 30% toleráveis (Foto Jéssica Alves-G1) |
Segurança no trânsito
De acordo com a
assessoria de imprensa da Companhia de Transportes e Trânsito de Macapá
(CTMac), para garantir mais segurança no trânsito durante o Macapá Verão, o
órgão iniciou, nesta primeira semana, a revitalização da sinalização horizontal
das vias do balneário de Fazendinha. O trabalho é por conta da grande demanda
de veículos e pessoas durante a programação.
“Iremos organizar
e orientar os condutores de veículos e pedestres. Nossa intenção é garantir a
segurança de quem irá participar do Macapá Verão”, ressalta o
diretor-presidente da CTMac, André Lima.
Com uma vasta programação em vários locais diferentes, o evento deve atrair milhares de pessoas. |
No balneário de
Fazendinha os arte-educadores da prefeitura desenvolverão atividades educativas,
com esclarecimentos em relação ao respeito à sinalização, travessia na faixa de
pedestre, uso do cinto de segurança e capacete. Os agentes de trânsito farão
ações em todos os balneários, acompanhando o fluxo do transporte público e o
ordenamento no trânsito.
PROCON-AP
Fiscalizar balneários para coibir preços abusivos
Ação do PROCON/AP ocorreu durante o primeiro dia do
Macapá Verão, realizado no distrito da Fazendinha.
Instituto de
Defesa do Consumidor (PROCON-AP) iniciou neste domingo (9), uma fiscalização
intensa em bares, restaurantes e similares de balneários para evitar preços
abusivos de alimentos e bebidas. A ação faz parte da operação “PROCON nas
Férias”, e foi realizada no balneário da Fazendinha que recebeu o primeiro dia
de programação do Macapá Verão, e que segue até dia 30.
Além do trabalho
de vistoria, o instituto disponibiliza uma van que leva atendimentos
itinerantes para o público. O veículo vai ficar até 18h na Fazendinha,
recebendo reclamações, caso algum banhista se sinta lesado.
De acordo com a
chefe de fiscalização do PROCON-AP, Lana Silva, o consumidor pode também levar
a reclamação através de nota fiscal para o prédio da entidade, que fica rua
Padre Júlio Maria Lombard, nº 2925, no Bairro Santa Rita, zona Central de
Macapá.
“Essa ação faz
parte do nosso planejamento – ‘Procon nas Férias’. Nós estamos atuando desde o
primeiro dia de julho. Já estivemos no terminal rodoviário e no aeroporto e
agora estamos trabalhando nos balneários”, destacou.
Um dos principais
focos da fiscalização é o prato típico camarão no bafo, que tem sido alvo de
muitas reclamações. Outro ponto do trabalho é as informações aos clientes sobre
tabela de preços dos produtos, higienização do ambiente, código de defesa do
consumidor e os 10% do garçom, que tem que estar claro que é opcional.
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