sábado, 15 de julho de 2017

SAÚDE EM FOCO

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BIOFILIA: AFINIDADE COM NATUREZA, A VIDA E A SAÚDE.


O termo biofilia não é novo ( bios = vida; philia= afeição, amor, afinidade ou necessidade de satisfação). Surgiu na área psicanalítica e popularizou-se a partir do ecólogo americano Edward O. Wilson (1984). No fundo biofilia é o amor pela vida ou tudo que contribui para a vida. Mas, o que tal conceito contribui para a nossa saúde?
Segundo o psicólogo Jose Antônio Corraliza, a biofilia possui duas dimensões na evolução humana. A hidrofilia ( a fase da água) e a fitofila (fase da vegetação). “Água e vegetação são cruciais para a sobrevivência; assim, a desertificação pode causar efeitos traumáticos sobre as pessoas”.  Ele diz que “ a natureza age como uma defesa psicológica, tendo efeito moderador do sofrimento psíquico”. (revista Mente & Cerebro, 53)
Em nosso antepassado evolutivo foi crucial observar, identificar e selecionar plantas com flores, que mais tarde  forneceriam alimento. Em outras palavras, o nosso amor e admiração natural  pela natureza ajuda a sustentar manter a vida.
Para termos essa compreensão, podemos dizer que a biofilia é influenciada pelas experiências e escolhas pessoais, sociais e culturais, no qual o sujeito está inserido e vive desde a primeira infância. Mesmo tendo uma tendência genética, há necessidade de reforçar o contato com a natureza para que  essa conexão  se estabeleça e permaneça ao longo da vida. 
Mas como desenvolver a biofilia? Para que isso ocorra é preciso um contato constante com o meio natural, ou seja, precisa de um conjunto rico e diversificado de experiências exploratórias em ambiente propício, que fortaleça as conexões com a natureza. Ficarmos próximos de outros seres vivos ou mesmo vermos imagens de ambientes naturais já pode ajudar a relembrar e desenvolver  essa afinidade.
Mas existem pessoas que saem dessa tendência e evitam o máximo as paisagens naturais e rejeitam qualquer coisa que possa indicar o retorno ou a proximidade  com o meio ambiente natural. É a chamada biofobia (phobia= medo). Existem ainda aquelas pessoas que sentem prazer e necessidade de lidar com coisas sem vida, opacas e frias ou que indicam essa condição – a necrofilia – o que também é uma forma contrária à biofilia. Ostentam figuras de caveiras, ossos, caixões, imagens ou instrumentos de morte ou de luto.
Levando para o campo da saúde e da assistência, uma tendência atual que contraria o conceito de biofilia é a ultrasofisticação e dependência tecnológica da Medicina e do tratamento hospitalocentrico. Afastaram os enfermos de seu ambiente afetivo familiar; não se procura usar os meios naturais para cuidar da saúde, colocando a recuperação e tratamento de doenças nas mãos de terceiros, nas máquinas e nas estruturas (hospitais, clínicas e equipamentos sofisticados).
Vamos dar o exemplo das crianças doentes colocadas em ambientes hostis, barulhentos, com excesso de luminosidade, excessivamente refrigerados artificialmente, sendo picadas por agulhas, afastadas do convívio familiar e domiciliar, que são as que mais sofrem. Clínicas e hospitais deveriam ter processos educativos, ocupacionais e terapêuticos que pudessem envolvê-las com a natureza.
A exploração, a recreação em parques, praias, zoológicos, jardins, praças e museus são fundamentais para esse processo de ajuste emocional e até de melhora do sistema imunológico. Nesse contato se adquire a sensação agradável e se desenvolve emoções positivas que vão contribuir para recuperação ou manutenção da saúde.
A biofilia na Medicina é uma necessidade imperiosa, pois essa inclinação inata, emocional e instintiva de se afiliar a outras formas de vida para cuidar da saúde é algo que está em nossos genes. Esta inscrita em nosso próprio cérebro, expressando dezenas e milhões de anos de experiência evolutiva. JARBAS ATAÍDE. Macapá-AP, 10.07.2017.
 


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