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BIOFILIA: AFINIDADE COM NATUREZA,
A VIDA E A SAÚDE.
O
termo biofilia não é novo ( bios = vida; philia= afeição, amor, afinidade ou necessidade de satisfação). Surgiu na área psicanalítica e
popularizou-se a partir do ecólogo americano Edward O. Wilson (1984). No fundo
biofilia é o amor pela vida ou tudo que
contribui para a vida. Mas, o que tal conceito contribui para a nossa
saúde?
Segundo
o psicólogo Jose Antônio Corraliza, a biofilia possui duas dimensões na
evolução humana. A hidrofilia ( a fase da água) e a fitofila (fase da
vegetação). “Água e vegetação são cruciais para a sobrevivência; assim, a
desertificação pode causar efeitos traumáticos sobre as pessoas”. Ele diz que “ a natureza age como uma defesa
psicológica, tendo efeito moderador do sofrimento psíquico”. (revista Mente
& Cerebro, 53)
Em
nosso antepassado evolutivo foi crucial observar, identificar e selecionar
plantas com flores, que mais tarde
forneceriam alimento. Em outras palavras, o nosso amor e admiração
natural pela natureza ajuda a sustentar
manter a vida.
Para
termos essa compreensão, podemos dizer que a biofilia é influenciada pelas
experiências e escolhas pessoais, sociais e culturais, no qual o sujeito está
inserido e vive desde a primeira infância. Mesmo tendo uma tendência genética,
há necessidade de reforçar o contato com a natureza para que essa conexão
se estabeleça e permaneça ao longo da vida.
Mas
como desenvolver a biofilia? Para que isso ocorra é preciso um contato
constante com o meio natural, ou seja, precisa de um conjunto rico e
diversificado de experiências exploratórias em ambiente propício, que fortaleça
as conexões com a natureza. Ficarmos próximos de outros seres vivos ou mesmo
vermos imagens de ambientes naturais já pode ajudar a relembrar e
desenvolver essa afinidade.
Mas
existem pessoas que saem dessa tendência e evitam o máximo as paisagens
naturais e rejeitam qualquer coisa que possa indicar o retorno ou a proximidade com o meio ambiente natural. É a chamada biofobia (phobia= medo). Existem ainda aquelas pessoas que sentem prazer e
necessidade de lidar com coisas sem vida, opacas e frias ou que indicam essa
condição – a necrofilia – o que
também é uma forma contrária à biofilia. Ostentam figuras de caveiras, ossos,
caixões, imagens ou instrumentos de morte ou de luto.
Levando
para o campo da saúde e da assistência, uma tendência atual que contraria o
conceito de biofilia é a ultrasofisticação e dependência tecnológica da
Medicina e do tratamento hospitalocentrico. Afastaram os enfermos de seu
ambiente afetivo familiar; não se procura usar os meios naturais para cuidar da
saúde, colocando a recuperação e tratamento de doenças nas mãos de terceiros,
nas máquinas e nas estruturas (hospitais, clínicas e equipamentos
sofisticados).
Vamos
dar o exemplo das crianças doentes colocadas em ambientes hostis, barulhentos,
com excesso de luminosidade, excessivamente refrigerados artificialmente, sendo
picadas por agulhas, afastadas do convívio familiar e domiciliar, que são as
que mais sofrem. Clínicas e hospitais deveriam ter processos educativos,
ocupacionais e terapêuticos que pudessem envolvê-las com a natureza.
A
exploração, a recreação em parques, praias, zoológicos, jardins, praças e
museus são fundamentais para esse processo de ajuste emocional e até de melhora
do sistema imunológico. Nesse contato se adquire a sensação agradável e se
desenvolve emoções positivas que vão contribuir para recuperação ou manutenção
da saúde.
A
biofilia na Medicina é uma necessidade imperiosa, pois essa inclinação inata,
emocional e instintiva de se afiliar a outras formas de vida para cuidar da
saúde é algo que está em nossos genes. Esta inscrita em nosso próprio cérebro,
expressando dezenas e milhões de anos de experiência evolutiva. JARBAS ATAÍDE. Macapá-AP, 10.07.2017.
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