domingo, 8 de outubro de 2017

18º Prêmio Arte na Escola Cidadã




18º Prêmio Arte na Escola Cidadã
Professora amapaense é vencedora na categoria Ensino Médio
Performances de alunos abordam gênero e sexualidade nas escolas (à esq.) e reflexões sobre padrões de beleza para mulheres (à dir.).

 DA EDITORIA

O maior prêmio do Brasil voltado exclusivamente para professores de Arte divulga os projetos vencedores e o Projeto: Experimentações em arte: a Performance como meio de auto-investigação das identidades para além do corpo da professora amapaense, Marília Navegante Pinheiro, lotada na Escola Estadual Maria do Carmo Viana dos Anjos Macapá, foi vencedora na categoria Ensino Médio.
O Prêmio Arte na Escola Cidadã é realizado pelo Instituto Arte na Escola desde 2000 por meio da Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio do Banco Bradesco e já premiou 89 professores de arte em todo o Brasil. Seu objetivo é identificar, reconhecer e divulgar projetos modelares na área de Artes em sala de aula. O Prêmio conta também com a cooperação da UNESCO no Brasil.
Quem pode participar: Professores ou equipes de professores que desenvolveram projetos nas linguagens Artes Visuais, Dança, Música ou Teatro, realizados nos anos de 2015, 2016 e/ou concluídos até maio de 2017, em escolas de ensino regular, públicas ou particulares, em todo o território nacional.
O Prêmio Arte na Escola Cidadã faz um mapeamento de trabalhos desenvolvidos em escolas das cinco regiões do país. Em 2017 foram 727 projetos inscritos. As categorias de premiação são cinco: Educação Infantil, Ensino Fundamental 1, Ensino Fundamental 2, Ensino Médio e EJA – Educação de Jovens e Adultos. Os professores vencedores em 2017 vêm da Bahia, Rio Grande do Sul, Amapá e São Paulo. Além dos cinco premiados outros três projetos receberam menção honrosa.
Para esta 18ª edição do Prêmio participaram professores com projetos nas áreas de Artes Visuais, Dança, Música e/ou Teatro, realizados entre 2015 e maio de 2017, em escolas de ensino regular, públicas ou particulares.
Os trabalhos foram avaliados em três etapas de seleção. Nas etapas local e regional, os projetos foram analisados por professores de Arte de universidades que compõem a Rede Arte na Escola. A decisão final coube a uma Comissão Nacional, formada por especialistas em Artes Visuais, Música, Dança, Teatro e Cidadania.

Premiação

Os professores premiados recebem R$10 mil, publicações e vivências culturais na cidade de São Paulo. As escolas nas quais os projetos foram desenvolvidos recebem equipamentos e publicações para a biblioteca. Cada professor vencedor terá ainda seu projeto registrado em um documentário produzido pelo Instituto Arte na Escola.

Sobre o Instituto Arte na Escola

O Instituto Arte na Escola é uma associação civil sem fins lucrativos que desde 1989 incentiva e fortalece o ensino de Artes no Brasil, qualificando a formação de professores da Educação Básica, desde a Educação Infantil até o EJA – Educação de Jovens e Adultos. O Instituto ativa o circuito da educação em Artes por meio da Rede Arte na Escola, que oferece formações continuadas para professores e licenciandos. A Rede conta hoje com 39 Polos parceiros, presentes em universidades e instituições de ensino de todo o território nacional. O Instituto opera também o Prêmio Arte na Escola Cidadã e desenvolve pesquisas, conteúdos e materiais educativos que subsidiam a atuação do professor em sala de aula.

Projeto premiado

Um projeto que envolve diversas performances artísticas tem ajudado a diminuir preconceitos raciais e de gênero na Escola Estadual Maria do Carmo Viana dos Anjos, no bairro Novo Horizonte, na Zona Norte de Macapá. A iniciativa, que começou com a professora de artes Marília Navegante em 2015, foi uma das 8 reconhecidas em todo o país no 18º Prêmio Arte na Escola Cidadã.
Performance O que é ser negro no Brasil aborda preconceitos raciais

A ideia do projeto é usar as artes como dança, fotografia, artes plásticas, teatro e música para estimular reflexões ligadas aos direitos humanos. A escola tinha, de acordo com a professora Marília, muitos episódios de preconceito racial, de classe social, de gênero e de religião.
“Passei um ano observando os alunos e comecei com esse projeto, que usa a performance das artes visuais para ensinar algo. Três temas bem explorados pelos alunos foram gênero e sexualidade, intolerância religiosa, e etnia. Foi uma linguagem que me aproximou dos alunos, para que pudéssemos conversar sobre temas considerados tabus”, explicou Marília.
O projeto é estimulado de maneira espontânea, durante as aulas semanais para estudantes dos 2º e 3º anos do ensino médio, usando conteúdos ligados às artes a partir do século 20, das vanguardas artísticas até a arte contemporânea.
Mayla Ascares, de 18 anos, participa do projeto desde 2016 na escola. Para ela, foi a oportunidade de despertar o lado artístico e pela primeira vez participou de aulas que usavam o próprio corpo para aprender algo.
“Quando conheci o projeto, me senti privilegiada porque despertou meu lado artístico, assim como de muitos alunos. Me senti no meu lugar. Fizemos aqui uma performance que a gente queria transmitir a mensagem ‘meu corpo, minhas regras’, para mostrar que o respeito é necessário, porque as pessoas são diferentes”, descreveu Mayla.
As intervenções acontecem de maneira natural, segundo a professora, e não há data marcada. Mas, para celebrar a premiação, na segunda-feira (2) e na terça-feira (3) os alunos farão 5 performances sobre diferentes abordagens. Nesses dois anos de projeto cerca de 700 estudantes já foram atendidos.
“Percebemos mudanças de comportamento em alguns alunos. Além disso, estimulamos alguns a se verem como construtores de conhecimento. Eles passaram a agir diferente. Se vissem uma situação de preconceito, iam lá, abordavam e conversavam sobre isso, tanto dentro como fora da escola. Para mim também foi uma forma de desconstruir preconceitos que eu tinha”, finalizou a professora.
Com o reconhecimento a escola receberá um computador e uma câmera digital, além de certificado, troféu e um documentário. A professora, que vai receber a premiação em novembro em São Paulo, recebe um prêmio em dinheiro, troféu e livros de artes.

Professora amapaense premiada – Marilia Navegante Pinheiro
 
Professora Marília Navegantes (de camisa vinho) e estudante Mayla Ascares perceberam mudanças entre alunos

Possui graduação de Licenciatura Plena em Artes Visuais pela Universidade Federal do Amapá-UNIFAP (2013). Especialista em gênero e diversidade na escola pela Universidade Federal do Amapá-UNIFAP (2015-2016). Atua como professora Titular da Educação Básica na Escola Estadual Maria do Carmo Viana dos Anjos, Macapá/AP, desde de 2014. Estuda e produz trabalhos dentro da Performance nas Artes Visuais. Participou como pesquisadora pelo grupo de pesquisa: Poéticas de Ensino em Arte e Cultura visual (2012). Suas pesquisas e trabalhos artísticos tem se voltado para questões de gênero e sexualidade. Atualmente é acadêmica do curso de Teatro na Universidade federal do Amapá (UNIFAP).

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