18º Prêmio Arte na Escola Cidadã
Professora amapaense é vencedora na categoria Ensino
Médio
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Performances de alunos abordam gênero e sexualidade nas escolas (à esq.) e reflexões sobre padrões de beleza para mulheres (à dir.). |
DA EDITORIA
O maior prêmio do
Brasil voltado exclusivamente para professores de Arte divulga os projetos
vencedores e o Projeto: Experimentações em arte: a Performance como meio de
auto-investigação das identidades para além do corpo da professora amapaense,
Marília Navegante Pinheiro, lotada na Escola Estadual Maria do Carmo Viana dos
Anjos Macapá, foi vencedora na categoria Ensino Médio.
O Prêmio Arte na
Escola Cidadã é realizado pelo Instituto Arte na Escola desde 2000 por meio da
Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio do Banco Bradesco e já premiou 89
professores de arte em todo o Brasil. Seu objetivo é identificar, reconhecer e
divulgar projetos modelares na área de Artes em sala de aula. O Prêmio conta
também com a cooperação da UNESCO no Brasil.
Quem pode participar:
Professores ou equipes de professores que desenvolveram projetos nas linguagens
Artes Visuais, Dança, Música ou Teatro, realizados nos anos de 2015, 2016 e/ou
concluídos até maio de 2017, em escolas de ensino regular, públicas ou
particulares, em todo o território nacional.
O Prêmio Arte na
Escola Cidadã faz um mapeamento de trabalhos desenvolvidos em escolas das cinco
regiões do país. Em 2017 foram 727 projetos inscritos. As categorias de
premiação são cinco: Educação Infantil, Ensino Fundamental 1, Ensino
Fundamental 2, Ensino Médio e EJA – Educação de Jovens e Adultos. Os
professores vencedores em 2017 vêm da Bahia, Rio Grande do Sul, Amapá e São Paulo.
Além dos cinco premiados outros três projetos receberam menção honrosa.
Para esta 18ª edição
do Prêmio participaram professores com projetos nas áreas de Artes Visuais,
Dança, Música e/ou Teatro, realizados entre 2015 e maio de 2017, em escolas de
ensino regular, públicas ou particulares.
Os trabalhos foram
avaliados em três etapas de seleção. Nas etapas local e regional, os projetos
foram analisados por professores de Arte de universidades que compõem a Rede
Arte na Escola. A decisão final coube a uma Comissão Nacional, formada por
especialistas em Artes Visuais, Música, Dança, Teatro e Cidadania.
Premiação
Os professores
premiados recebem R$10 mil, publicações e vivências culturais na cidade de São
Paulo. As escolas nas quais os projetos foram desenvolvidos recebem
equipamentos e publicações para a biblioteca. Cada professor vencedor terá
ainda seu projeto registrado em um documentário produzido pelo Instituto Arte
na Escola.
Sobre o Instituto Arte na Escola
O Instituto Arte na
Escola é uma associação civil sem fins lucrativos que desde 1989 incentiva e
fortalece o ensino de Artes no Brasil, qualificando a formação de professores
da Educação Básica, desde a Educação Infantil até o EJA – Educação de Jovens e
Adultos. O Instituto ativa o circuito da educação em Artes por meio da Rede
Arte na Escola, que oferece formações continuadas para professores e
licenciandos. A Rede conta hoje com 39 Polos parceiros, presentes em
universidades e instituições de ensino de todo o território nacional. O
Instituto opera também o Prêmio Arte na Escola Cidadã e desenvolve pesquisas,
conteúdos e materiais educativos que subsidiam a atuação do professor em sala
de aula.
Projeto premiado
Um projeto que
envolve diversas performances artísticas tem ajudado a diminuir preconceitos
raciais e de gênero na Escola Estadual Maria do Carmo Viana dos Anjos, no
bairro Novo Horizonte, na Zona Norte de Macapá. A iniciativa, que começou com a
professora de artes Marília Navegante em 2015, foi uma das 8 reconhecidas em
todo o país no 18º Prêmio Arte na Escola Cidadã.
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Performance O que é ser negro no Brasil aborda preconceitos raciais |
A ideia do projeto é
usar as artes como dança, fotografia, artes plásticas, teatro e música para
estimular reflexões ligadas aos direitos humanos. A escola tinha, de acordo com
a professora Marília, muitos episódios de preconceito racial, de classe social,
de gênero e de religião.
“Passei um ano
observando os alunos e comecei com esse projeto, que usa a performance das
artes visuais para ensinar algo. Três temas bem explorados pelos alunos foram
gênero e sexualidade, intolerância religiosa, e etnia. Foi uma linguagem que me
aproximou dos alunos, para que pudéssemos conversar sobre temas considerados
tabus”, explicou Marília.
O projeto é
estimulado de maneira espontânea, durante as aulas semanais para estudantes dos
2º e 3º anos do ensino médio, usando conteúdos ligados às artes a partir do
século 20, das vanguardas artísticas até a arte contemporânea.
Mayla Ascares, de 18
anos, participa do projeto desde 2016 na escola. Para ela, foi a oportunidade
de despertar o lado artístico e pela primeira vez participou de aulas que
usavam o próprio corpo para aprender algo.
“Quando conheci o
projeto, me senti privilegiada porque despertou meu lado artístico, assim como
de muitos alunos. Me senti no meu lugar. Fizemos aqui uma performance que a
gente queria transmitir a mensagem ‘meu corpo, minhas regras’, para mostrar que
o respeito é necessário, porque as pessoas são diferentes”, descreveu Mayla.
As intervenções
acontecem de maneira natural, segundo a professora, e não há data marcada. Mas,
para celebrar a premiação, na segunda-feira (2) e na terça-feira (3) os alunos
farão 5 performances sobre diferentes abordagens. Nesses dois anos de projeto
cerca de 700 estudantes já foram atendidos.
“Percebemos mudanças
de comportamento em alguns alunos. Além disso, estimulamos alguns a se verem
como construtores de conhecimento. Eles passaram a agir diferente. Se vissem
uma situação de preconceito, iam lá, abordavam e conversavam sobre isso, tanto
dentro como fora da escola. Para mim também foi uma forma de desconstruir
preconceitos que eu tinha”, finalizou a professora.
Com o reconhecimento
a escola receberá um computador e uma câmera digital, além de certificado,
troféu e um documentário. A professora, que vai receber a premiação em novembro
em São Paulo, recebe um prêmio em dinheiro, troféu e livros de artes.
Professora amapaense premiada – Marilia Navegante
Pinheiro
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Professora Marília Navegantes (de camisa vinho) e estudante Mayla Ascares perceberam mudanças entre alunos |
Possui
graduação de Licenciatura Plena em Artes Visuais pela Universidade Federal do
Amapá-UNIFAP (2013). Especialista em gênero e diversidade na escola pela
Universidade Federal do Amapá-UNIFAP (2015-2016). Atua como professora Titular
da Educação Básica na Escola Estadual Maria do Carmo Viana dos Anjos,
Macapá/AP, desde de 2014. Estuda e produz trabalhos dentro da Performance nas Artes
Visuais. Participou como pesquisadora pelo grupo de pesquisa: Poéticas de
Ensino em Arte e Cultura visual (2012). Suas pesquisas e trabalhos artísticos
tem se voltado para questões de gênero e sexualidade. Atualmente é acadêmica do
curso de Teatro na Universidade federal do Amapá (UNIFAP).
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