CIDADES ENLOUQUECEDORAS E CIDADES SAUDÁVEIS
Nos últimos artigos venho
enfocando temas que relacionam a saúde e doenças com o meio ambiente e outros
fatores estressores. Vivemos em contato permanente com os conflitos das grandes
cidades, onde além do risco das violências, da poluição e estímulos
estressantes, ainda nos é negado os direitos essenciais de ter um sistema de
saúde eficaz e inclusivo.
O
Amapá, como Estado com grandes áreas de conservação e preservação, poderia se
beneficiar das potencialidades do meio ambiente, como foi destacado no artigo “O Poder do Verde”, de nossa autoria no
TA em 03.07.17. Falando do estresse e da agitação nos centros urbanos como
fatores desencadeantes de doenças cardíacas foi tratado no artigo : “O estresse afeta o trânsito, coração e a
saúde”, escrito no TA, em 25.09.17.
Revendo
o conceito de cidade saudável, contido na Revista RADIS (Caco Xavier, 2013),
diz que é um processo de construção e evolução constante da noção de saúde pública,
com “criação de vivência comunitária e formação de redes de movimentos
interligados e independentes preocupados com a população”. Essa parceria
depende de outros atores e entidades, exigindo espaços em que o cidadão se
sinta satisfeito e saudável. É o caminho inicial das Cidades Saudáveis.
Cidades
saudáveis são aquelas em que o cidadão se sente satisfeito e saudável,
interagindo com o meio ambiente, com as pessoas e com suas expectativas de
qualidade de vida e saúde. Melhoria e
higienização de feiras, revitalização de praças publicas e logradouros, escolas
e creches com acesso universalizado à alfabetização, parques e museus
ecológicos, em contato com recursos regionais e a cultura local, são algumas
demandas.
A
revista RADIS (março/13) entrevistou de vários Secretários Municipais, entre os
quais o de Macapá (SEMS-PMM), Anderson Walter, na 1ª Gestão Clécio (PSOL). Na
entrevista ele refere várias deficiências recebidas da gestão anterior que
provocaram um verdadeiro “desmonte da saúde”, sem orçamento para investimento e
reforma urbana, o que ainda permanece até a gestão atual.
Contrariando
o Código de Postura e as Leis de Reordenamento Urbano, a população macapaense
está convivendo com um ambiente onde a limpeza urbana, a coleta de lixo e o
saneamento básico é precário, ou seja, numa cidade nada saudável. Mas a
sanidade mental também está comprometida influenciada pela poluição visual de
ruas enlameadas e esburacadas, sem aproveitamento dos espaços naturais.
Mesmo
distante dos recursos primários da saúde, os interioranos, que moram no campo e
nas zonas mais afastadas dos problemas urbanos, são mais saudáveis mentalmente.
Doenças mentais e emocionais, como ansiedade, depressão e esquizofrenia são
mais comuns nas metrópoles. Transtornos emocionais graves são duas a três vezes
mais frequentes em crianças nascidas em ambiente urbano do que as que moram no
interior.
Conforme
dados epidemiológicos, os pesquisadores acreditam que vários fatores interferem
para o desenvolvimento de distúrbios emocionais : o trânsito caótico e engarrafamentos
diários, “ o barulho, poluição diversa, pressão social pela concorrência e
fragilidade de laços e do isolamento por não pertencer a um grupo” (Revista
Mente & Cérebro, 53).
A explicação
anatômica estaria na estimulação de certas áreas do cérebro, como a amígdala do
lobo temporal, responsável pela resposta de “luta” e “fuga”, diante de um
possível perigo ou agressão. Essa região neural reage ao estresse e regula a emoção de medo, sendo pouco reativa
nos moradores do campo, o que explica eles desenvolverem poucos distúrbios
mentais.
Segundo
estudos, o isolamento social (imigrantes), a solidão, a pressão da vida urbana
e a instabilidade emocional, são condições que contribuem para o aparecimento
de uma doença mental incurável, a esquizofrenia, que perturba o pensamento,
gerando fobias, delírios e alucinações. A nossa sanidade física e mental está
intimamente ligado ao local que moramos. Macapá-02.10.2017.
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