sexta-feira, 6 de outubro de 2017

SAÚDE EM FOCO

             CIDADES ENLOUQUECEDORAS E CIDADES SAUDÁVEIS
         Nos últimos artigos venho enfocando temas que relacionam a saúde e doenças com o meio ambiente e outros fatores estressores. Vivemos em contato permanente com os conflitos das grandes cidades, onde além do risco das violências, da poluição e estímulos estressantes, ainda nos é negado os direitos essenciais de ter um sistema de saúde eficaz e inclusivo.
O Amapá, como Estado com grandes áreas de conservação e preservação, poderia se beneficiar das potencialidades do meio ambiente, como foi destacado no artigo “O Poder do Verde”, de nossa autoria no TA em 03.07.17. Falando do estresse e da agitação nos centros urbanos como fatores desencadeantes de doenças cardíacas foi tratado no artigo : “O estresse afeta o trânsito, coração e a saúde”, escrito no TA, em 25.09.17.
Revendo o conceito de cidade saudável, contido na Revista RADIS (Caco Xavier, 2013), diz que é um processo de construção e evolução constante da noção de saúde pública, com “criação de vivência comunitária e formação de redes de movimentos interligados e independentes preocupados com a população”. Essa parceria depende de outros atores e entidades, exigindo espaços em que o cidadão se sinta satisfeito e saudável. É o caminho inicial das Cidades Saudáveis.
Cidades saudáveis são aquelas em que o cidadão se sente satisfeito e saudável, interagindo com o meio ambiente, com as pessoas e com suas expectativas de qualidade de vida e saúde.  Melhoria e higienização de feiras, revitalização de praças publicas e logradouros, escolas e creches com acesso universalizado à alfabetização, parques e museus ecológicos, em contato com recursos regionais e a cultura local, são algumas demandas.
A revista RADIS (março/13) entrevistou de vários Secretários Municipais, entre os quais o de Macapá (SEMS-PMM), Anderson Walter, na 1ª Gestão Clécio (PSOL). Na entrevista ele refere várias deficiências recebidas da gestão anterior que provocaram um verdadeiro “desmonte da saúde”, sem orçamento para investimento e reforma urbana, o que ainda permanece até a gestão atual.
Contrariando o Código de Postura e as Leis de Reordenamento Urbano, a população macapaense está convivendo com um ambiente onde a limpeza urbana, a coleta de lixo e o saneamento básico é precário, ou seja, numa cidade nada saudável. Mas a sanidade mental também está comprometida influenciada pela poluição visual de ruas enlameadas e esburacadas, sem aproveitamento dos espaços naturais.
Mesmo distante dos recursos primários da saúde, os interioranos, que moram no campo e nas zonas mais afastadas dos problemas urbanos, são mais saudáveis mentalmente. Doenças mentais e emocionais, como ansiedade, depressão e esquizofrenia são mais comuns nas metrópoles. Transtornos emocionais graves são duas a três vezes mais frequentes em crianças nascidas em ambiente urbano do que as que moram no interior.
Conforme dados epidemiológicos, os pesquisadores acreditam que vários fatores interferem para o desenvolvimento de distúrbios emocionais : o trânsito caótico e engarrafamentos diários, “ o barulho, poluição diversa, pressão social pela concorrência e fragilidade de laços e do isolamento por não pertencer a um grupo” (Revista Mente & Cérebro, 53).
A explicação anatômica estaria na estimulação de certas áreas do cérebro, como a amígdala do lobo temporal, responsável pela resposta de “luta” e “fuga”, diante de um possível perigo ou agressão. Essa região neural reage ao estresse e  regula a emoção de medo, sendo pouco reativa nos moradores do campo, o que explica eles desenvolverem poucos distúrbios mentais.
Segundo estudos, o isolamento social (imigrantes), a solidão, a pressão da vida urbana e a instabilidade emocional, são condições que contribuem para o aparecimento de uma doença mental incurável, a esquizofrenia, que perturba o pensamento, gerando fobias, delírios e alucinações. A nossa sanidade física e mental está intimamente ligado ao local que moramos. Macapá-02.10.2017.
 






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