Moradores tentam escoar produção de melancias pelo rio. Fotos: Humberto Baía
Moradores de comunidade não querem mais ser
considerados quilombolas
De Oiapoque, HUMBERTO BAÍA
Vila Velha do Cassiporé (entre Calçoene e
Oiapoque), uma das comunidades mais antigas do Amapá, é conhecida pela grande
produção de melancia e de cacau nativo. Até bem pouco tempo, a comunidade
transportava a produção através do Rio Cassiporé, em uma a jornada cansativa
subindo as cachoeiras até a BR-156.
São pelo menos 600 habitantes na pequena vila
de agricultores assistidos pelo Incra. Há pelo menos 3 anos o órgão construiu
um ramal para facilitar o escoamento dos produtos.
A Vila Velha do Cassiporé vivia em harmonia,
segundo um dos moradores mais antigos, Sebastião Silva, o “Seu Sabá”. Até que
um morador resolveu se declarar quilombola.
“Formaram uma associação e colheram
assinaturas prometendo cestas básicas aos associados”, lembra Seu Sabá.
Escola foi considerada quilombola
A associação foi reconhecida pela Fundação
Palmares, num processo que resultou na emissão do título de Quilombo da Vila
Velha.
Recentemente, os moradores procuraram a
Secretaria de Educação do Amapá e descobriram que a escola também foi
transformada em uma escola de quilombola, e não aceitaram a notícia de forma
positiva.
Eles alegam que a partir de agora apenas
filhos de pessoas que se declararam quilombolas podem ser matriculados. Os
moradores fizeram um protesto na frente da escola exigindo a extinção do título
de quilombo da comunidade.
Seu Sabá (camisa amarela): aliciamento
Além disso, os moradores afirmam que a
condição de quilombo emperra a economia na região, já que atividades da
cooperativa de produtores passariam a ser regidas por outras regras que,
segundo eles, engessam os negócios.
As lideranças já entraram com representação
no Ministério Público Federal, denunciando que os moradores foram aliciados com
cestas básicas e assinaram o documento sem a devida clareza sobre o assunto.
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