Operação Minamata cumpre mandados no AP, RJ e SP.
Polícia Federal (PF)
confirmou na manhã desta quinta-feira (30) a prisão preventiva do promotor de
Justiça aposentado e atual secretário de educação de Macapá, Moisés Rivaldo.
Ele foi alvo dos mandados da operação Minamata, que investiga uma organização
criminosa e um esquema de exploração e comercialização ilegal de ouro no Amapá.
Além dele, até o momento, outras quatro pessoas foram presas preventivamente.
A investigação não deu
detalhes sobre a suposta participação de Moisés no caso, mas adiantou que ele
teve bens bloqueados. Ele foi levado para a Superintendência da PF em Macapá
onde prestou depoimento.
A prisão preventiva, que não
tem prazo determinado, será cumprida inicialmente no Instituto de Administração
Penitenciária do Amapá (Iapen).
Das cinco prisões no estado,
duas foram em Macapá e três no garimpo de Lourenço, que fica no município de
Calçoene, distante 374 quilômetros da capital.
O proprietário de uma
empresa de compra e venda de ouro foi detido pelos agentes, mas a participação
dele nos crimes e nem o tipo de prisão foi informado pela PF.
"Houve elementos
informativos que apresentavam algum envolvimento, mas não podemos comprovar
nada ainda em relação aos crimes. Podemos dizer que a decisão [da prisão] foi
fundamentada. A [busca e apreensão] medida é uma extensão do mandado de
sequestro de bens", declarou o delegado Alain Leão, do setor de Combate ao
Crime Organizado da PF.
O G1 tenta contato com a
defesa de Moisés Rivaldo. A Prefeitura de Macapá informou à Rede Amazônica que
ainda não se pronunciará oficialmente sobre o caso, pelo fato da investigação
apontar interesses pessoais do promotor, que foi afastado das funções durante a
operação. Assume temporariamente a pasta da educação municipal a então
subsecretária Sandra Casemiro.
Operação
A Minamata levou 180
policiais para as ruas com 6 mandados de prisão preventiva, 5 de prisão
temporária, 8 de condução coercitiva e 30 de busca e apreensão, nos estados do
Rio de Janeiro, São Paulo e Amapá. Foi determinado também o bloqueio de R$ 113
milhões em bens.
Segundo a PF, empresários
cariocas e paulistas se apoderaram de uma cooperativa de garimpeiros no
distrito de Lourenço, a mais antiga mina em atividade do país, e usaram os
trabalhadores em condições análogas à escravidão. A organização criminosa teve
participação de políticos locais, de acordo com as investigações.
A PF afirmou que o grupo se
aproveitou de políticas públicas para inclusão social dos garimpeiros para
disfarçar a exploração clandestina da área. A organização criminosa fingia que
realizava apenas pesquisa mineral e extração artesenal de pequeno porte.
As investigações também
apontaram para indícios de que a extração do ouro provocou forte impacto
ambiental, devido ao uso indiscriminado de substâncias tóxicas, como mércúrio e
cianeto. Além disso, a polícia estima que podem ter ocorrido 24 mortes de
garimpeiros, a maioria por soterramento, em razão das condições precárias de
trabalho.
Convocados para atuar na
área, em função do "sonho do ouro", muitos garimpeiros de baixa renda
seguiam para o local, onde logo depois eram submetidos ao trabalho escravo por
viverem em condições precárias, sem alimentação, moradia e equipamentos de
segurança devidos.
"Se dava uma aparência
de legalidade, mas esses trabalhadores eram submetidos à escravidão. A
cooperativa era utilizada como fachada para que sustentasse esse trabalho. Não
eram trabalhadores livres, eram pessoas que entravam com o sonho do ouro, para
uma condição melhor de vida e eram submetida a dívida impagável, deviam e não
conseguiam sair daquela situação", destacou a delegada, Gabriela Madrid
Aquino, da divisão de direitos humanos da PF.
(Fonte - G1 - Amapá)
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