NA
MENTE SE ESCONDE NOSSA SANIDADE FÍSICA E EMOCIONAL
A emoção, os pensamentos, a personalidade e o
caráter são dimensões que pouco se atribuí como elementos de nossa saúde.
Passam despercebidos ou negligenciados pela maioria das pessoas e pela própria
Medicina. Os campos das emoções e dos sentimentos ficam escondidos, camuflados
e reprimidos.
Mas querendo ou não, somos movidos pelas
energias mentais, que interferem nas células nervosas, nos impulsos cardíacos,
na secreção de nossas glândulas e nos nossos relacionamentos. A reação de fuga
e luta oriunda do estresse se inicia com as emoções, gerando uma cascata de
reações químicas e centenas de resultados que interferem em nossa saúde. Estamos
em constante busca pelo equilíbrio e a natureza prima pela harmonia.
Com o evoluir da idade as emoções tendem a
causar desprazer, por isso as doenças mentais e emocionais tendem a ser mais
comuns nos idosos que nem crianças. Às experiências existenciais se associam as
ansiedades, as necessidades, os compromissos, a competição no trabalho, dando
lugar a reações doentias.
Grande parte das manifestações
doentias possui um componente físico e bioquímico importante. Temos as
psicossomáticas que se manifestam com sintomas físicos, mas decorrentes de
distúrbios mentais e emocionais. Mas isso não tudo. Parte considerável das
reações físicas, mentais e emocionais é decorrente do que esta acontecendo em
sua vida e em seu estilo de vida e que influenciam diretamente a saúde.
Em sua obra “PoderosaMente”, a Médica americana Dra. Lissa Rankin, aposta num novo estilo de
abordagem dos pacientes, não esperando apenas alterações de exames bioquímico,
mas avaliando outros aspectos da vida que afetam sua subjetividade e suas
emoções. Avaliando pacientes que potencialmente poderiam ser saudáveis, pois tinham
uma dieta vegetariana, faziam exercícios, dormiam bem, tomavam suplementos e
gastavam recursos com terapias complementares, ou seja, tinham um estilo de
vida considerado saudável, porém apresentavam sintomas aparentemente
inexplicáveis.
Os estudos de Rankin (2016) chegaram à conclusão que outros fatores afetavam a vida e a saúde desses pacientes
“aparentemente saudáveis”, como relacionamento conjugal e amoroso, diversão,
trabalho, situação financeira, expressão criativa, prazer sexual, conexão
espiritual. Dai veio uma observação: as insatisfações com a vida e as crises
existenciais estavam interferindo em seu bem estar. Sentiam-se solitários,
tristes em seus relacionamentos, estavam estressados com o trabalho,
preocupados com as finanças ou mentalmente deprimidos.
Na atualidade afastar ou omitir esses
aspectos da vida cotidiana como elemento primordial da saúde é um grande
equívoco, que deve ser considerado pela prática clínica da Medicina Clássica
Ocidental, cujas especialidades reduzem o paciente ou uma doença, a um exame ou
um conjunto de sintomas que deve ser debelado com remédios e explicado de
maneira literal e cientificamente.
Cliniquei por mais de 7 anos no Instituto
de Pesquisa do Amapá-IEPA com pacientes idosos, portadores de doenças
degenerativas e 1 ano e meio no Centro de Referencia em Tratamento
Natural-CRTN, com diversas doenças crônico-degenerativas. Os melhores
resultados foram obtidos com pacientes avaliados nos aspectos como a família, a
aposentadoria, as preocupações, a atividade física, a alimentação, as angustias
e decepções com outros tratamentos. A resolutividade dos resultados alcançados
coincide com as observações da médica pesquisadora citada.
A visão médica e da equipe de saúde tem
que sair do convencional e partir para uma abordagem que inclua esses fatores
na anamnese, buscando sempre uma abordagem e aproximação entre sintomas
orgânicos e os aspectos gerais da vida cotidiana, sob pena de não fazê-lo
perder a visão integral e existencial da saúde.
JARBAS ATAÍDE, 30.10.2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário