sábado, 20 de janeiro de 2018

PIONEIRISMO

"Eu escapei graças à animação dos parentes, que tinham 'varado' a madrugada em comemoração às festas religiosas e pelos ilustres visitantes. Os pedidos eram tantos e a festa ‘tava’ boa e resolvi ficar. Menos de 10 minutos depois ouvimos aquele estrondo e vimos um fumaceira no meio da mata. Era o fim de um dia festivo e alegre".
Eulálio Soares Neri - Inspetor de alunos - aposentado federal (* 12/02/28 - + 16/01/2017) In memoriam.

REINALDO COELHO

Na manhã do dia 21 de janeiro de 1958 deu-se a tragédia. Três vidas preciosas foram tragadas pelas chamas. O Senhor Eulálio Nery, hoje com 86 anos, único sobrevivente, conta que escapou graças a animação dos parentes, que tinham ‘varado’ a madrugadas em comemoração as festas religiosas e da presença dos ilustres visitantes. “Os pedidos eram tantos e a festa estava boa e resolvi ficar. Menos de 10 minutos depois ouvimos aquele estrondo e vimos uma fumaceira no meio da mata. Era o fim de um dia festivo e alegre”, emociona-se ‘Seu’ Eulálio.
Esse é mais um dos relatos da história do pioneiro Eulálio Nery, uma figura histórica do cotidiano de muitos amapaenses, que o conheceram nas décadas que começou o Território Federal do Amapá. E quem passou pelo Colégio Amapaense nos anos 60, deve se lembrar muito bem desse simpático senhor que, na época, trabalhava como Inspetor de alunos no “colossso cinzento”. – Eulálio Nery deixou esse plano terreno na tarde da terça-feira, 16, em Macapá. Seu corpo foi sepultado na manhã da quarta-feira, 17, no Cemitério N. S. da Conceição, no Centro. Que sua alma tenha o descanso eterno!
Eulálio Soares Nery nasceu na localidade de Carmo do Macacoari, município de Itaubal, Estado do Amapá, em 12 de fevereiro de 1928. Agora em 2018 faria 90 anos.
Eulálio Nery era filho de Anísio Nery da Silva e Sarah da Soledade Soares Nery. Estudou o primeiro grau.

Acidente em Macacoary
Este fato ocorreu a exatos – 56 anos... E a testemunha viva  desta drama amapaense, foi Eulálio Soares Neri, o nosso pioneiro da semana que escapou da “Tragédia do Macacoari”, para os da nova geração esse fato histórico do Amapá ceifou a vida de pessoas importantes na política amapaense, eram eles o então Deputado Coaracy Nunes e seu suplente o procurador Hildemar Maia,  que estavam em plena campanha politica e o piloto da aeronave Hamilton Silva.

Coaracy Monteiro Nunes foi o primeiro deputado federal, pelo Amapá. Era irmão de Janary Gentil Nunes, primeiro governador do Amapá. E por não querer utilizar a aeronave do governo territorial, alugou o avião “Paulistinha”, modelo CAP-9, que deixou o campo de pouso da Cruzeiro do Sul, em Macapá, na tarde do dia 20 de janeiro de 1958, com destino a localidade Nossa Senhora do Carmo, região do rio Macacoary. Em Carmo do Macacoria é tradicional a realização dos festejos de São Sebastião, padroeiro da localidade e Eulálio Soares Neri foi como passageiro, pois tinha familiares naquela localidade e a sorte lhe fez escapar da grande Tragédia do Macacoari e ele hoje ainda se lembra como tudo aconteceu. “Fora umas passageiras turbulências a viagem transcorreu sem problemas.  À noite, após a ladainha, houve festa dançante na comunidade, homenageando os ilustres visitantes”.


Continuando seu Eulálio narra que na manhã do dia seguinte - 21 de janeiro de 1958 - deu-se a tragédia visto que a região é sujeita a neblina e ventos fortes de inverno ao amanhecer. Três vidas preciosas foram tragadas pelas chamas. “Eu escapei graças à animação dos parentes, que tinham ‘varado’ a madrugada em comemoração às festas religiosas e pelos ilustres visitantes. Os pedidos eram tantos e a festa “tava” boa e resolvi ficar. Menos de 10 minutos depois ouvimos aquele estrondo e vimos um fumaceira no meio da mata. Era o fim de um dia festivo e alegre”, emociona-se ‘Seu’ Eulálio.

Uma vida auxiliando a educar

Muitos alunos da atual geração, não devem ter convivido com um personagem tradicional nos corredores das escolas públicas: O Inspetor de aluno, por uns era o “dedo duro”, para outros o conselheiro, para a maioria o amigo. O inspetor de alunos tem que saber exatamente qual a melhor forma de abordar os alunos. Para isto é necessário muito diálogo e usar um pouquinho de psicologia, sabendo dizer 'sim' e 'não' na hora certa. Não é uma tarefa das mais fáceis.

 Essas características eram encarnadas por Eulálio Soáres Neri; natural de Macapá, onde nasceu em 12 de fevereiro de 1928. Quem estudou Colégio Amapaense nos anos 60, deve se lembrar muito bem desse simpático senhor que, na época, trabalhava como Inspetor de alunos no “colosso cinzento”.
Filho de um casal de trabalhadores que desenvolviam atividades rurais na região do rio Macacoari.  Estudou o primeiro grau; trabalhou na Prefeitura de Macapá, no SESP e na Divisão de Educação.
Família
Eulálio foi casado há quase 60 anos com a enfermeira Odemira Nery. "Fui da segunda turma de enfermagem formada pela professora Ana Nery", contou Odemira. Tiveram 05 filhos, Augusto Cesar, Pedro Paulo, Benedito Alísio, Sara Heloísa e Maria de Fátima, que lhe agraciaram com 04 netos.   Eulálio Nery é filho de Anísio Nery da Silva e Sarah da Soledade Soares Nery
Participou da vida social do Esporte Clube Macapá e do Atlético Latitude Zero. Ingressou na maçonaria no dia 13 de julho de 1952.  Está aposentado desde 1983.
Atuação profissional
Iniciou sua carreira profissional em 1944, aos 16 anos no governo de Janary Gentil Nunes, recém-empossado como 1º governador do então Território do Amapá, no SESP – Serviço Especial de Saúde Pública, na função de Guarda-mosquito, instituição essa, depois denominada em 1956, de DNERU – Departamento Nacional de Endemias Rurais, atualmente FNS.
Em maio de 1947, foi designado a trabalhar no Ginásio Amapaense, atualmente Colégio Amapaense, na função de inspetor de turmas.
Em 1º de maio de 1956, no governo de Janary Nunes, foi nomeado funcionário no palácio do governo, seu chefe era Raimundo Araújo Filho.
Retirou-se da vida pública em 1982, com relevantes serviços prestados ao Amapá.
Como inspetor, acompanhou alunos que mais tarde virariam figuras importantes da história do Amapá, como Mário Quirino da Silva.
"Ele foi aluno, professor e diretor da escola", recordou aquele que pode ser considerado memória viva do Colégio Amapaense. Eulálio Soares Nery, por esses feitos, é justamente homenageado como um notável edificador do Amapá.
Academia dos Notáveis Edificadores do Amapá.
– “EULÁLIO NERY” – ocupou a Cadeira 02 da academia cujo Patrono: Mário Quirino da Silva.
No dia 12 de setembro de 2015 Eulálio Nery tomou posse na Academia dos Notáveis Edificadores do Amapá. O nome dele foi sugerido ao Memorial Amapá e uma comissão de conselheiros aprovou a homenagem.


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