terça-feira, 15 de maio de 2018

Análise da PNAD 2017 confirma que consumo do GLP nos lares brasileiros está estável

Análise da PNAD 2017 confirma que consumo do GLP nos lares brasileiros está estável
Dados revelam que aumento do uso da lenha e do carvão indica que esses combustíveis são usados de forma auxiliar e não em substituição ao GLP
A análise dos dados abertos da PNAD 2017 revela que a resposta positiva de 12,3 milhões de domicílios à pergunta "Este domicílio utiliza lenha ou carvão na preparação de alimentos?" significa que 17,6% dos domicílios utilizam a lenha e o carvão de forma auxiliar. Essa parcela não substituiu o botijão de gás pela lenha ou carvão na preparação de alimentos em virtude do aumento do preço desse combustível nos últimos anos, conforme amplamente noticiado. O total de domicílios que utilizam gás de botijão ou encanado permaneceu em 98,4% dos lares.
A tabela 2 mostra que não houve queda significativa no consumo de GLP entre 2016 e 2017. Nota-se ainda que o GLP apresenta um alto grau de inelasticidade (elasticidade muito próxima de 0), o que condiz com a essencialidade do bem e a ausência de bens substitutos. Apesar do expressivo aumento de 11% do uso de carvão ou lenha nos lares brasileiros, nenhuma região apresentou decréscimo superior a 1% no consumo de gás de botijão ou encanado.
Tabela 1 – Domicílios que utilizam lenha ou carvão na cocção de alimentos (Fontes: IBGE, ANP)
Este domicilio utiliza lenha ou carvão na preparação de alimentos? (em domicílios)
CombustívelPNAD 2016% PNAD 2016PNAD 2017% PNAD 2017
Lenha ou carvão (sim)11.110.456,59
16,05%
12.300.922,88
17,63%
Lenha ou carvão (não)58.106.786,16
83,95%
57.472.462,63
82,37%
Tabela 2 – Variação no preço do GLP x Variação no consumo
UF
Variação do preço em 2017 - GLP 13 kgs 2017 (ANP)
Variação entre 2016-2017 do consumo de GLP (ANP)Elasticidade preço demanda (Δ % p / Δ % q)Crescimento de domícliios com gás encanado ou botijão (PNAD)
Piauí
18%
2,26%
8,14
-0,7
Paraíba
25%
1,99%
-0,08
-0,6
Pará
16%
0,67%
-0,04
0,2
Maranhão
28%
2,22%
-0,08
0,2
Bahia
17%
1,99%
-0,12
-0,4
Acre
26%
-2,12%
0,08
0,3
Tocantins
21%
0,81%
-0,04
-0,9
Minas Gerais
19%
3,16%
-0,17
0,5
Ceará
15%
3,94%
-0,26
-0,2
Sergipe
35%
2,23%
-0,06
-0,5
Amapá
5%
2,39%
-0,44
-0,2
Pernambuco
25%
-1,07%
0,04
-0,4
Rio Grande do Sul
18%
-3,87%
0,22
0,5
Paraná
12%
-0,06%
0,01
-0,3
Amazonas
30%
2,56%
-0,08
-0,5
Rondônia
24%
0,41%
-0,02
0,5
Mato Grosso
24%
1,96%
-0,08
-0,2
Alagoas
23%
1,30%
-0,06
0,7
Rio Grande do Norte
14%
0,38%
-0,03
0,1
Santa Catarina
22%
1,15%
-0,05
0,1
Espírito Santo
14%
-2,66%
0,18
-0,2
Mato Grosso do Sul
16%
2,16%
-0,13
-0,4
Goiás
21%
3,95%
-0,19
-0,9
Roraima
26%
-0,62%
0,02
-0,2
São Paulo
23%
-0,47%
0,02
0,1
Rio de Janeiro
17%
-0,09%
0,01
-1,9
Distrito Federal
14%
1,55%
-0,11
-0,2

Na tabela abaixo, observa-se que oito Estados representaram 73,16% do crescimento de domicílios que utilizam lenha ou carvão, o que sugere que esse evento possa estar fortemente correlacionado às tradições e culturas locais.
Tabela 3 – Participação dos principais Estados consumidores de lenha e carvão
UF
% domicílios em2016% domicílios em 2017% crescimento nacional em 2017
Pará
45,00%
51,80%
14,95%
Minas Gerais
17,50%
19,60%
14,03%
Bahia
20,70%
23,70%
13,57%
Paraná
14,70%
17,10%
8,06%
Piauí
32,60%
39,20%
5,87%
Maranhão
44,90%
47,80%
5,71%
Rio Grande do Sul
33,70%
35,00%
5,60%
Mato Grosso
13,50%
19,00%
5,37%
Em Belém, capital com a maior presença da lenha no Brasil, o crescimento foi distribuído pelas faixas de renda, porém, o peso naturalmente recaiu sobre a faixa de menor renda pela quantidade de domicílios incluídos nesse intervalo. Chama a atenção que a maior taxa de crescimento ocorreu na faixa mais rica do município. A ANP não divulga os dados de consumo de gás por faixas de renda, o que impossibilita uma análise estratificada. O fato é que o consumo de GLP no Estado do Pará aumentou em 2,26%.
Tabelas 5 e 6 – Participação da lenha ou carvão em Belém e Curitiba
Variação no total de domicílios que utilizam lenha ou carvão no Pará por faixa de rendimento domiciliar per capita
Faixa de rendimentoDomicílios que utilizam lenha ou carvão (2016)Domicílios que utilizam lenha ou carvão (2017)Crescimento absoluto 2017Taxa de crescimento por faixa de renda
Até 1 salário mínimo
83.173
121.220
38.047
46%
Mais de 1 até 2 salários mínimos
29.027
33.482
4.455
15%
Mais de 2 até 3 salários mínimos
7.673
11.494
3.821
50%
Mais de 3 até 5 salários mínimos
5.460
7.271
1.811
33%
Mais de 5 salários mínimos
3.888
6.766
2.878
74%
Total
129.220
180.232
51.013
39%

Em Curitiba, por outro lado, o maior crescimento no uso da lenha ou carvão foi no intervalo de renda superior, que aumentou 426%. Curitiba foi a cidade com maior taxa de crescimento do país, saltando de 18 mil para 51 mil domicílios. Pode-se supor que, em Curitiba, possa ter aumentado o uso de churrasqueira de varanda gourmet, lareira ou qualquer outro evento ainda não observável.
Variação no total de domicílios que utilizam lenha ou carvão em Curitiba por faixa de rendimento domiciliar per capita
Faixa de rendimentoDomicílios que utilizam lenha ou carvão (2016)Domicílios que utilizam lenha ou carvão (2017)Crescimento absoluto 2017Taxa de crescimento por faixa de renda
até 1 salário mínimo3.4197.2873.868
113%
Mais de 1 até 2 salários mínimos4.44911.8537.404
166%
Mais de 2 até 3 salários mínimos3.70410.5126.808
184%
Mais de 3 até 5 salários mínimos3.7587.9274.169
111%
Mais de 5 salários mínimos2.62113.77611.155
426%
Total17.95151.35533.404
186%
Tabela 7 – Participação da lenha ou carvão nos domicílios brasileiros
Variação no total de domicílios que utilizam lenha ou carvão no Brasil por faixa de rendimento
Faixa de rendimento (efetivo) domiciliar per capitaDomicílios em 2016 que utilizam lenha ou carvão% por faixa de rendaDomicílios em 2017 que utilizam lenha ou carvão% por faixa de renda2Crescimento absoluto 2017Taxa de crescimento por faixa de renda
Até ¼ salário mínimo2.342.433
35%
2.681.487
36%
339.054
14%
Mais de ¼ até ½ salário mínimo2.299.253
24%
2.406.838
24%
107.585
5%
Mais de ½ até 1 salário mínimo3.307.730
17%
3.553.175
18%
245.445
7%
Mais de 1 até 2 salários mínimos2.057.486
11%
2.348.535
13%
291.049
14%
Mais de 2 até 3 salários mínimos540.701
8%
668.799
10%
128.098
24%
Mais de 3 até 5 salários mínimos314.096
7%
369.130
8%
55.034
18%
Mais de 5 salários mínimos248.758
6%
272.959
7%
24.201
10%
Total11.110.45712.300.9231.190.466
11%
A tabela 7 indica que o crescimento da lenha ou carvão no Brasil, ocorrido em 1.190.466 domicílios, não aparenta ser um evento correlacionado com o aumento de preços do botijão de gás, já que novamente ocorreu em todas as faixas de rendimento.






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