‘Marcas
da Vida’
Uma
ficção que retrata a realidade das mulheres violentadas
Reinaldo Coelho
Filme
gravado em Laranjal do Jarí, Região Sul do Amapá com atores locais é inspirado
em casos reais de violência doméstica contra as mulheres. 'Marcas da Vida' está
em fase pós-produção e deverá estrear no fim de agosto. Média-metragem contou
com uma equipe de 40 pessoas.
Uma
ficção inspirada em histórias reais de violência sofrida por tantas mulheres.
Essa é a proposta do filme amapaense "Marcas da Vida", filmado todo
em Laranjal do Jari, a 265 quilômetros de Macapá, e tem estreia prevista para
acontecer até o fim de agosto.
A
trama narra a história de uma mulher que sempre foi violentada pelo marido, mas
a vida dela muda quando ele vai embora e desaparece por 20 anos. Após o período
de calmaria, os problemas voltam para a vida da protagonista com o retorno do
ex-companheiro.
De
acordo com o diretor do filme, Dios Furtado, a ideia do média-metragem é levar
para as telas de forma artística um problema real. Para ilustrar isso, além da
trama principal, o filme também conta com depoimentos de mulheres que foram
violentadas.
"Nosso
filme não é baseado em fatos reais, mas, sim, na realidade de muitas mulheres,
seja no interior do estado ou em qualquer lugar do mundo. Enquanto artista,
esse é um dever nosso levantar tais assuntos para reflexões", contou o
diretor, que também interpreta no filme.
De
acordo com Dios Furtado o convite veio do paulista e roteirista que o convidou
a participar da produção. "Foi proposto que o elenco também deveria ser
local, de Laranjal do Jari mesmo. Logo,
realizamos preparação de elenco com oficinas. Ou seja, além de promover o
audiovisual dentro da cidade, também queremos fomentar a formação artística
fora da região metropolitana do estado", destacou Furtado.
Uma
das vantagens dessa média produção cinematográfica é que Dios Furtado trabalha
com artes cênicas e possui no Vale do Jari de uma Companhia de Teatro, o que
facilitou a escolha a ‘dedos’ do elenco. “A partir desse grupo, passei a sondar
quem tinha tendência para a encenação. Não somente para o teatro, mas já
pensando no cinema”.
O
diretor da produção afirma que além do elenco que chega a 30 atores e equipe
técnica, com 20 pessoas engajadas diretamente e totaliza 80 pessoas que direta
e indiretamente participam da média metragem.
Dios
Furtado compões o elenco do filme “Novo Amapá”, onde seu papel era “O Cobra”.
“Após essa participação exitosa no filme sobre o naufrágio do Novo Amapá,
passei a querer dar continuidade na arte cinematográfica em Laranjal do Jarí”.
O
roteiro do “Marcas da Vida’ começou a ganhar vida no exato momento em que os
atores começaram a ser sondados e ser feito um levantamento da violência contra
a mulher no próprio município de Laranjal do Jarí. “Verifiquei que aqui não era
diferente de qualquer outra cidade, seja em São Paulo ou Rio de Janeiro, onde
vivi e pratiquei a arte cênica e tinha vasto conhecimento dessas situações. E
realmente é necessário que seja combatida essas mazelas como a violência
doméstica ou de outros temas que estão surgindo. Fomos aglutinando as
experiências de cada um, novos personagens passaram a surgir na história e
quando percebemos o que era para ser uma Curta metragem de 20 minutos acabou
chegando a média metragem”.
E
essa produção se torna importante para o Estado do Amapá e a sociedade local,
mostre a preocupação com esse tema recorrente no dia a dia de muitas mulheres e
que que ao chegar nas casas do mundo inteiro essa realidade passe a ser
combatidas. “As mulheres sofrem todo os tipos de violência, não somente a
física, também as psicológicas, as verbais. Esse tema retratado vai além do
cultural e da arte, vai para o despertar, do combater, do erradicar e do
conscientizar. Eu acredito que o ‘Marcas da Vida’ já é isso”, explicita Dios Furtado.
Trilha sonora
A
trilha de “Marcas da Vida’ foi composta pelo músico Romano, que reside na
Holanda. “O compositor Romano, fez uma trilha lindíssima, chamada ‘Cicatrizes’
exclusiva para o filme, ou seja, ele já ganhou renome internacional e já temos
convites para projeção no Rio de Janeiro, São Paulo”.
O
compositor Romano, mas conhecido Ropecco, é de Laranjal do Jarí e mora há 19
anos na Europa, Países Baixos – Holanda. “Músico que saiu de Laranjal do Jarí,
hoje tem um excelente trabalho reconhecido na Europa”.
Maquiagem
O importante trabalho de maquiagem e caracterização foi realizada pela jovem talentosa Simone Padilha, descoberta dentro do projeto e que com sua arte deu a ‘cara’ do filme. “Inclusive o nome ‘Marcas da Vida’, que ela reproduziu através da sua maquiagem em cada um dos atores, foi que nos fez observar que cada um de nós carregamos”.
Personagem
principal
A
personagem principal de ‘Marcas da Vida’, Dona Marta interpretada pela atriz Maria
Lucia Maciel, uma senhora laranjalense. De 73 anos, conhecidíssima no município
por participar de todos as corridas de rua onde em sua categoria é insuperável.
“Dona Lúcia deu brilho a esse personagem, chegou quieta e ao participar das
oficinas Cássia Modesto, começou a se destacar. Quando escrevi o fiz pensando
nela", descreve o jovem diretor.
Trailler
De
acordo com a produção de ‘Marcas da Vida’ o trailer recém lançado já teve mais
de 12 mil visualizações e aqui em Laranjal do Jarí a ansiedade é grande para o
lançamento desse trabalho artístico, todos os que participam da montagem querem
ver seu serviços conhecidos e avaliados.
Produção independente, "Marcas da
Vida" conta com uma equipe de 40 pessoas, sendo 30 atores. Além da direção
de Furtado, o filme é co-dirigido por Wanderson Viana e roteirizado pelo
paulista Marcelo Luz.
A
filmagem
As
filmagens aconteceram em diversos pontos de Laranjal do Jari, durante duas
semanas no mês de março. Atualmente, o projeto segue na fase de pós-produção e
o filme deverá ter em torno de 1 hora de exibição.
A
produção ainda estuda onde acontecerá a estreia do filme, mas o planejamento é
que ele aconteça em um cinema comercial da capital e depois rode por todo
estado, no formato cinema itinerante.
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