sábado, 13 de outubro de 2018

Artigo do Gato


Um sorvete era tudo que eu queria


Tomar um sorvete. Nooooosssssaaaaaa, quanto desejo. Sonhava passando a língua naquela massa gelada e deliciosa. Eram os sorvetes da “Gelar”, lembram? Pois então. Eu, criança, pobrezinho, sonhava com essa guloseima inacessível para aquela conjuntura da minha vida.
Ser criança é do caralho. Porra! Olha só a minha preocupação: um sorvete! Era tudo. Cara, era a minha meta. Mas mesmo sem entender bulhufas de coaching, aliás, isso não existia naquela época, fui atrás do meu sonho. Fui vender Picolé pro Piapau (um comerciante da Favela, bairro limítrofe com a CEA, onde morava numa casinha pequeninha, estilo cachorro sentado) e vez ou outra. Pimba! Lá estava o Roberto Gato na sessão da tarde do Cine João XXIII, cinema da Igreja Católica, que ficava localizado na São José, ao lado da Igreja Matriz, Centro, assistindo filme de Faroeste e, lógico, passando a língua num sorvete. Pense num ar de satisfação.
Ser criança é maravilhoso, ninguém ta ligando pra pobreza ou riqueza. Na real, ninguém sabe da onde vem o vil metal. Na hora do “rango” quando não tem comida aí à coisa fica preta. Minha mãe encontrou uma fórmula de justificar as poucas vezes que não tínhamos comida. Ela dizia, com a paciência e sabedoria de uma MÃE espetacular, divina. “Hoje a comida é graças de Deus com farinha.” E assim foram passando os anos.
Mas na boa. Na minha infância ninguém estava aí pra sexualidade. Éramos punheteiros. Só! Ninguém ficava tirando onda com a cara do moleque que tinha jeito afeminado, até porque eram bem poucos. Ser “veado” agora parece que virou moda. Nós brincávamos de “Camone”, dividíamos a garotada em dois grupos e com revolveres de madeira ficávamos caçando uns aos outros. Bandeirinha, outra brincadeira esportiva, pois pegávamos dois ramos de árvore e colocávamos do fundo de cada campo e as duas turmas se revezavam para pegar a bandeira do outro e atravessar uma linha divisória que marcava o território de cada grupo sem ser tocada. Civismo puro. Aquele ramo era sagrado.
Tinham outras brincadeiras legais. A pelada no meio da rua era tradicional ao cair da tarde e melhor ficava quando a partida era disputada com a molecada da outra rua.
Fiquei uma criança mais velha e, lógico, assustado com a quantidade de jovens que optaram pelo homossexualismo. Nada contra, mas que assusta, assusta. Parece que virou uma epidemia e aí a coisa foi ficando difícil de entender. Mas essa molecada não enfrenta apenas esse problema, pelo menos ao meu sentir. A falta de educação, de civismo, de respeito para com os mais velhos é algo acintoso. Tem alguma coisa errada.
Não sou retrógrado, apenas saudosista e peremptoriamente afirmo que minha infância era bem mais saudável que dessas crianças que comem, sem querer, mas comem, agrotóxico, brincam no quarto de vídeo game, não jogam bola na rua e não brincam de “camone” eles matam de verdade as outras crianças e adultos.
Tenho saudade do “pinga pinga”, do “sem dedo” do “perereca” “chibelão” do “cutaca” e por aí afora. Isso não era bulling, era tratamento carinhoso. Quem não tinha apelido naquela época. Quem?
Temos e devemos nos adaptar aos novos tempos, pois o tempo não pára. Porém olho pro futuro com um pé na saudade e uma indisfarçável preocupação com o futuro das nossas crianças.
Espero que o Brasil volte a ser um País do respeito, da ordem e do progresso. Que voltemos a cantar o Hino Nacional na porta da escola e que voltemos a amar a nossa pátria e continuarmos a ser criança sem ninguém nos ensinando sexo na hora errada, ou escancarando as intimidades nos horários vespertinos. Parabéns as crianças, mas vamos cuidar delas.


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