Liderança
contra todas as probabilidades
*Daniel Schnaider
Liderança
é um tema estranho. Por um lado, ensinado em diversos cursos acadêmicos e
corporativos, com uma imensa rede de mentores e coaches que se dizem aptos a te
ensinar as técnicas de liderança somado a inacabáveis livros sobre o tema. Por
outro, você conhece algum grande líder que fez treinamento de liderança e por
isso se tornou um grande líder?
Isso
é comum em temas que misturam arte e ciência, é difícil saber se as qualidades
de liderança são natas, derivadas da educação dos pais, desenvolvidas diante
das circunstâncias da vida ou que de fato podem ser aprendidas e lapidadas com
treinamento.
Enquanto
essas discussões de liderança se mantém inconclusivas, gostaria de trazer uma
visão politicamente incorreta sobre o tema, para lhe proteger; isso mesmo,
acredito que existe um tanto de argumentos suficientes para que você jamais
queira se tornar um líder.
Primeiramente,
liderança e fracasso são palavras extremamente íntimas. Como exemplo, Winston
Churchill, político britânico, oficial do exército e escritor. Foi o
primeiro-ministro do Reino Unido de 1940 a 1945, liderou o país para a vitória
na segunda guerra mundial, mas perdeu a sua reeleição. Imagine a humilhação e
decepção, ele certamente poderia ter escolhido outros caminhos mais fáceis.
Tentar
fazer a coisa certa é parte da deficiência que caracteriza líderes. Em 1996,
Shimon Peres o então primeiro ministro de Israel estava em campanha eleitoral
contra Beijamin Natanyahu. Porém, existia uma janela de oportunidade para
tentar realizar um acordo de paz com a Síria. Ao invés de focar nas eleições,
Peres tentou trazer paz ao seu povo, e acabou perdendo as eleições por menos de
1%. Acabou reforçando seu apelido de “looser”.
Líderes
muitas vezes tem um sonho, mas do que adianta ter um sonho se você jamais
poderá vê-lo realizado? Este é o caso de Moises e Theodore Herzl. Moises tinha
a missão de tirar o povo hebreu da escravidão do Egito e levá-los à terra
prometida de Knaan. Porém, somente poderia entrar nesta terra “quem não
conhecia a escravidão”.
Theodore
Herzl foi o visionário que previu que os Judeus apenas teriam segurança quando
tivessem seu próprio estado. Desenhou o plano para criar o estado judaico onde
era a Palestina e promoveu a imigração ao território, porém faleceu 43 anos
antes da fundação do Estado de Israel.
Líderes
pagam um preço pessoal grande, que se estende à suas famílias. Este é o caso de
Nelson Mandela que ao lutar contra a política de segregação racial do partido
nacional da África do Sul, foi sentenciado a 27 anos de prisão. Sua esposa
Winnie tornou-se a face pública de Mandela e, eventualmente, foi torturada pelo
regime.
Martin
Luther King Jr. um dos principais ativistas do movimento dos direitos civis dos
negros nos Estados Unidos foi assassinado durante manifestação, em 1968, depois
de 14 anos batalhando por direitos equivalentes entre negros e o resto da
população americana.
Yitzhak
Rabin foi um político israelense, estadista e general que lutava para finalizar
os conflitos entre Israel e os Palestinos. Conseguiu firmar o acordo de paz com
a Jordânia, mas foi assassinado durante uma manifestação contra a violência e a
favor da paz, por um judeu-israelense.
Depois
da fracassada invasão da Baía do Porcos, uma missão da CIA Americana em solo
Cubano, e o posicionamento de mísseis balísticos em solo Italiano e Turco, o
então primeiro-secretário da União Soviética, Nikita Khrushchev autorizou
posicionar mísseis nucleares em Cuba gerando, talvez, o maior risco de conflito
nuclear da história da humanidade. A responsabilidade e frieza de John F.
Kennedy e de Nikita Khrushchev estabeleceram - apesar de todas as desavenças e
opiniões contrárias dos especialistas - um canal direto de comunicação que
salvou milhões de uma catástrofe. Pense nos níveis de stress que sofreram esses
líderes.
Essas
histórias nos mostram que liderança é cair, levantar e continuar, é fazer as
coisas certas independentemente dos resultados, além do possível e, às vezes,
provável fracasso. É sonhar e plantar
sem necessariamente ver o desejo se tornar realidade ou poder colher os frutos
semeados. É ser sozinho e isolado, muitas vezes abrindo mão do que você mais
ama para fazer o que deve ser feito, realizando o bem dos outros em seu próprio
detrimento. Ser criticado por aqueles que se beneficiam de suas atitudes,
muitas vezes sacrificando sua própria saúde ou até a vida.
Se
apesar de todas essas justificativas evidenciadas em fatos históricos, você tem
coragem de levantar de manhã e enfrentar inúmeros desafios para, de algumas
forma, melhorar uma pequena parcela do mundo, você é um líder. Está pronto. Vá
a luta; conhecimento a mais não fará mal, mas a falta não o deterá. Porém, se o
medo das consequências te intimida, não será o curso, mentoria ou livro que o
fará - talvez o que lhe falta é um verdadeiro propósito, uma grande paixão.
*Daniel Schnaider, autor do livro Pense
com Alma e Aja Rápido, da BestBusinness, grupo Editorial Record é economista,
especializado em reestruturação de empresas, gestão de crises e efeitos de
tecnologias disruptivas. Aos 14 anos foi um dos pioneiros no desenvolvimento de
plataformas de comércio eletrônico no mundo, quatro anos depois fundou uma das
primeiras empresas que fez do celular um meio de pagamento. Em 1996, foi
recrutado pelas Forças Especiais do Serviço de Inteligência de Israel, onde
participou de inúmeros projetos ultrassecretos de segurança nacional.
Participou do grupo que fundou a Unidade Global de Tecnologia da IBM. Palestra
sobre "O Segredo da Máquina de Inovação de Israel", “O Futuro da
Liderança e do Emprego em tempos de Globalização e Inteligência Artificial”,
"Estratégia Militar Israelense aplicada ao seu negócio" e já
ministrou treinamentos para empresas como: Eletrobras, Petrobras, Governo de
São Paulo, Ministério da Agricultura, OAB-SP entre outras.
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