Remontando a vida
Montar quebra-cabeças pode ser um passatempo,
mas também uma forma de construir uma metáfora sobre a existência. É o que
mostra o filme ‘O Quebra-Cabeça’ (‘Puzzle’, EUA, 2018), baseado no filme
‘Rompecabezas’, dirigido pela cineasta argentina Natalia Smirnoff em 2009. Em
ambos, a ideia de que é possível organizar o caos interno predomina.
Dirigido por Marc Turtletaub, o filme conta a
vida cotidiana de uma típica dona de casa americana que se dedica integralmente
ao marido e aos dois filhos adolescentes sem ter uma vida própria. Quando
recebe um quebra-cabeças de presente de aniversário, percebe ter um talento
incomum para organizar aquelas peças.
Respondendo a um anúncio de um participante
de competições do gênero, passa a reconstruir a sua vida. Não se trata apenas
de treinar e de participar, mas de reestruturar a família e seus próprios
passos. Realizar o sonho dos jovens e os dela mesma recoloca a vida em
perspectiva.
Tudo ocorre com extrema delicadeza, sem
sobressaltos. As transformações não são do dia para a noite. Mesmo quando
ocorrem num arroubo, são resultado de um processo em que detalhes se somam para
chegar a um momento de quase epifania, em que não há divindade, mas uma
percepção mais precisa do que se deseja e daquilo que precisa ser feito para
atingir o que se almeja.
Mudar não é fácil... E o filme trata do tema
com sutileza, usando quebra-cabeças como símbolo das mudanças internas e
externas pelas quais passamos a todo momento.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP,
mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e
doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas
da Santa Casa de São Paulo.
Enviado por Faculdade de Ciências Médicas da
Santa Casa de São Paulo
Rua Dr. Cesário Motta Jr., 61 - Vila Buarque
- São Paulo (SP)
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