Reinaldo Coelho
A situação na Câmara
Municipal de Macapá ainda continua enrolada, depois da pancadaria vergonhosa
ocorrida durante as eleições do novo presidente da Casa do Povo. Essa situação
vem perdurando desde que o presidente Acácio Favacho, renunciou ao cargo e ao mandato,
para assumir o mandato federal na Câmara dos Deputados e ter a primeira eleição
'vencida' pelo vereador Ruzivan Pontes mesmo cancelada pela Justiça amapaense,
através de liminar do desembargador Manoel Brito e que foi descumprida, novas
eleições marcadas e houve o descontrole dos parlamentares macapaense e mesmo
assim o deputado Marcelo Dias (PPS) foi escolhido pelos 13 deputados presentes, o que
o 'presidente em exercício' Yuri Pelaes (MDB) divulgou que é ilegal.
Bom, esse
histórico coloca mais uma vez a Mesa Diretora da CVM com dois presidentes, um
eleito, Marcelo Dias e o outro em exercício Yuri Pelaes (MDB) e de novo a
justiça irá resolver o imbróglio e assim teremos mais uma semana atípica na
Câmara de Vereadores de Macapá, que passa a maior parte das legislaturas em
silencio, mas quando é noticia, é vergonhosa.
O vereador Yuri Pelaes (MDB) que autoproclama presidente em exercício está anunciando para esta segunda-feira (8), às 9
horas, uma coletiva de imprensa onde serão anunciadas medidas a serem adotadas
pelo Legislativo municipal nos próximos dias.
Ao
mesmo tempo, Yuri Pelaes emitiu nota onde diz lamentar profundamente o episódio
ocorrido na quinta-feira (4), quando houve tumulto generalizado envolvendo os
vereadores, durante o processo de eleição da nova mesa diretora para o biênio
2019/2020.
Yuri
Pelaes esclarece que continua presidente em exercício e conduzindo os trabalhos
legislativos. Ele disse que está providenciando para marcar a eleição dentro do
prazo legal, com segurança jurídica e obedecendo ao regimento interno da Casa.
“ Nossa meta agora é resgatar a credibilidade e a confiança da população a este
Poder Legislativo municipal.
Enquanto isso o vereador Marcelo Dias (PPS), que se considera eleito presidente
da Câmara Municipal de Macapá, soltou nota nas redes sociais explicando:
"Agora, com a ata de nossa eleição devidamente publicada no Diário Oficial
do Município, venho primeiramente pedir desculpas para população de nosso
município, devido as cenas lamentáveis ocorridas na CMM ontem, que se iniciaram
com um ato desesperado de adiamento da sessão de qualquer forma, artimanhas que
usadas por alguns vereadores. Quero agradecer aos vereadores que me deram a
oportunidade de hoje ser presidente da Câmara de Vereadores de Macapá. Minha
missão e pacificar a casa e dar uma resposta para nossa população através de
muito trabalho”.
MP/AP quer esclarecimentos
O Ministério Público do Amapá (MP-AP) requisitou à Polícia Civil a instauração de
Termo Circunstanciado para apurar os fatos ocorridos na Câmara Municipal de
Macapá (CMM), na tarde de quinta-feira (4), envolvendo vereadores e assessores,
dentre outros, durante a sessão para eleição dos cargos de presidente e 1º vice-presidente
da Mesa Diretora do Legislativo municipal. O documento protocolado na
sexta-feira (5), visa a responsabilização de possível prática de crimes.
A
requisição visa instauração, pela Polícia Civil, de procedimento para apuração
dos fatos ocorridos no interior da CMM. Como foi amplamente divulgado nas
mídias sociais e demais canais de comunicação, vereadores protagonizaram
agressões físicas generalizadas.
Paraa procuradora-geral de Justiça do MP-AP, Ivana Lúcia Franco Cei, e o promotor
de Justiça Manuel Felipe Menezes, que atua no Juizado Especial Criminal de
Macapá, que assinam o documento, as condutas praticadas no interior da Casa
legislativa da capital amapaense, em tese, podem ser tipificadas como crime, de
acordo com o Código Penal Brasileiro.
O vereador Rinaldo Martins
impetrou o Mandado de Segurança n° 0000124-61.2019.8.03.0000 contra ato
supostamente ilegal e abusivo atribuído ao então presidente, em exercício, da
Câmara Municipal de Macapá, vereador Yuri Pelaes, apontando irregularidades regimentais
no processo de eleição da mesa diretora daquela Casa de Leis municipal.
Segundo narra o impetrante,
durante a 67ª Reunião Ordinária da Câmara Municipal de Macapá, ocorrida em
22-01-2019, o então presidente, vereador Acácio Favacho, renunciou ao cargo que
ocupava na Mesa Diretora. Em ato contínuo o então 1º vice-presidente, vereador
Ruzivan Pontes, assumiu a Presidência em exercício, e nesta qualidade convocou
imediatamente novas eleições para o cargo de presidente da CMM, e renunciou ao
cargo que ocupava, com o objetivo de concorrer ao pleito, ferindo o disposto no
§ 1º do art. 14, do Regimento Interno da Casa.
O vereador Rinaldo relatou
ainda que, além da convocação, Ruzivan Pontes, elaborou e veiculou o Edital da
Mesa Diretora nº 001/2019 - MDCMM, que “dispõe sobre a eleição para o cargo de
presidente da Mesa Diretora da CMM”, onde estabeleceu que designaria Comissão
para acompanhar o processo eleitoral, receber os pedidos de inscrição de chapas
e analisar as possíveis impugnações, sem que tivesse cumprido os requisitos e
prazos propostos.
Em ato do Ministério Público
do Amapá, a procuradora de Justiça Maria do Socorro Milhomem Monteiro Moro,
analisou o MS enviando ao MP-AP para apuração de crime de desobediência
praticado pelo vereador Yuri Pelaes, para garantir a efetividade da decisão
liminar proferida pelo desembargador-relator Manoel Brito, em 23 de janeiro,
determinando a suspensão da eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal de
Macapá (nº 001/2019 - MD -CMM), até que se percorressem todas as exigências
imposta pelo Regimento Interno daquela Casa.
“Por todas as razões
esposadas, são evidentes as ilegalidades praticadas no procedimento para a
eleição ao cargo de Presidente da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Macapá
(continuação do 2º Biênio 2019/2020), pois realizado em total contrariedade às
disposições do Regimento Interno da Câmara Municipal e por vício de forma e
competência do Edital nº 001/2019-MDCMM, maculando de nulidade absoluta todo o
procedimento instaurado desde o seu nascedouro”, ressaltou a representante do
MP-AP.
Socorro Milhomem Moro
relatou que atendidos os pressupostos necessários, o mandado de segurança
merecia ser conhecido. “Diante do exposto, o Ministério Público, por esta
Representante, opina pelo conhecimento do mandamus e a concessão da segurança,
para tornar nulo todo o procedimento eleitoral instaurado, desde o seu
nascedouro, bem como confirmar a decisão liminar proferida pelo Relator”,
manifestou.
O Pleno do TJAP ao julgar o
Mandado de Segurança, no dia 20 de março, após a manifestação da defesa e do
MP-AP, o relator do processo no TJAP, desembargador-presidente João Lages,
proferiu seu voto considerando a preliminar que aponta que o vereador Ruzivan
Pontes não poderia concorrer à presidência da Câmara porque "assinou o
edital de convocação da mesma como membro da mesa, vinculando-se ao
processo". Argumentou também que a falta de comprovação da formação da
comissão eleitoral na forma legal compromete a lisura do pleito.
O voto do relator foi pela
concessão do Mandado de Segurança para anulação da eleição da mesa da CMM e
realização de um novo processo eleitoral naquela Casa de Leis, a ser conduzido
pelo 2° vice-presidente da Câmara, vereador Iuri Pelaes. A Corte decidiu por
unanimidade acompanhar o voto do relator, pela anulação do pleito e demais
medidas.
A nova eleição, realizada na
última quinta-feira (5), marcada pelos fatos a serem apurados conforme
requisitou o MP-AP à Polícia Civil, consagrou como presidente o vereador
Marcelo Dias.
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