Semana passada relatei um
caso ocorrido em Belém do Pará. Finalizei dizendo que vivemos uma ignorância
coletiva. O artigo de hoje inicia um pequeno panorama de como chegamos a esse
nível de preconceito destinado a árabes e muçulmanos.
É impossível não lembrar
onde se estava no dia 11 de setembro de 2001, a data que deu início ao que
chamo de inquisição árabe moderna. Antes de adentrarmos ao tema, é necessário
diferenciar árabes de muçulmanos: sendo árabes os povos nômades originários da
região desértica da península arábica, majoritariamente falantes do idioma
árabe; já muçulmanos são adeptos de uma religião monoteísta iniciada por um
comerciante da cidade de meca que se isolou em uma caverna para refletir e
acabou por receber a visita do anjo Gabriel, que trouxe-lhe revelações divinas,
surge aí, por meio de Maomé, o islamismo. Compreendidas as diferenças, vamos
aos fatos.
Após a queda do império
Otomano, houve a criação de diversos países no médio oriente. França e
Inglaterra capitanearam a criação e divisão desses países, sem se importar com
os povos que ali habitavam. Ao meu ver, grande parte dos conflitos
contemporâneos no oriente médio são reflexo dessa divisão, uma vez que, não foi
observado que se havia diversas tribos com culturas diferentes, com atritos
entre si e com religiões diferentes - até quando convergiam na religião, as
correntes doutrinárias divergiam. Na época, França e Inglaterra tiveram êxito
ao conter o coração do mundo islâmico, o império Otomano. Após isso, começaram
a cindir o território. Essa é uma das raízes de tantos conflitos na região.
Osama Bin Laden é um nome
que causa asco em muitos. Filho de um bilionário saudita, bem educado, Osama se
envolveu com a política ao final da década de 70. Não estamos a falar sobre o
conceito político-partidário e sim sobre político-social. A época, a União
Soviética invadiu o Afeganistão, e lá estava o jovem Bin Laden lutando para
conter essa invasão, inclusive, com o apoio norte-americano. Ao término do
combate, ele era visto como grande herói de guerra. Com influência, poder e
dinheiro, se uniu a guerrilheiros islâmicos e fundou a organização AL-QAEDA,
com o objetivo de lutar em prol de sua religião e contra a ingerência de países
ocidentais no oriente médio.
Em 1990, o Iraque ocupa o
Kuwait com as justificativas que o país não existia, que era uma criação da
Inglaterra e o acusando de vender petróleo abaixo do valor de mercado, além de
afirmar que historicamente o Kuwait era parte do território Iraquiano. Há quem
diga que o Iraque estava querendo recuperar o petróleo extraído pelo Kuwait em
seus territórios a mando da Inglaterra, cobrando valores estratosférico para
não tomar o país. Após a invasão, um embaixador kuwaitiano apelou a ONU
[Organização das Nações Unidas] para que interviesse no conflito. A ONU não
reconheceu a anexação do Kuwait. Os Estados Unidos e outros países iniciaram
uma ofensiva militar para a recuperação do território do Kuwait. A entrada
desses militares foi facilitada por vários países árabes. Fato que desagradou a
Osama que criticou o governo da Arábia Saudita, porta de entrada para os
militares. A pressão aumentou até que ele foi expulso do país, migrando para o
Sudão. No Sudão, ele financiou ataques de milícias islâmicas. A mídia também o
imputa uma tentativa do assassinato de Hosni Mubarak, então presidente do
Egito, porém, nada confirmado até hoje. Incomodado, os Estados Unidos
pressionou economicamente o Sudão para expulsar Osama, o que aconteceu. Osama
foi então para o Afeganistão, lá ele refletiu sobre a influência americana na
Arábia Saudita, imaginando que o governo norte americano desejava colonizar o
país. Acontece que a cidade mais sagrada para os muçulmanos, Meca, fica na
Arábia e foi a partir daí que ele, em entrevistas, emitiu uma Fatwa [Pronunciamento
sobre um assunto específico emitido por uma autoridade islâmica] solicitando
que os americanos deixassem os lugares sagrados do Islã. Para grande parte dos
historiadores ocidentais, essa foi uma declaração de guerra a América. Outros
dizem que foi apenas uma afronta. E uma minoria entende que foi o alerta para
que radicais atacassem alvos americanos.
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário