segunda-feira, 29 de abril de 2019

"O mundo e os árabes" - Parte 2


"O mundo e os árabes" - Parte 2




Semana passada relatei um caso ocorrido em Belém do Pará. Finalizei dizendo que vivemos uma ignorância coletiva. O artigo de hoje inicia um pequeno panorama de como chegamos a esse nível de preconceito destinado a árabes e muçulmanos.

É impossível não lembrar onde se estava no dia 11 de setembro de 2001, a data que deu início ao que chamo de inquisição árabe moderna. Antes de adentrarmos ao tema, é necessário diferenciar árabes de muçulmanos: sendo árabes os povos nômades originários da região desértica da península arábica, majoritariamente falantes do idioma árabe; já muçulmanos são adeptos de uma religião monoteísta iniciada por um comerciante da cidade de meca que se isolou em uma caverna para refletir e acabou por receber a visita do anjo Gabriel, que trouxe-lhe revelações divinas, surge aí, por meio de Maomé, o islamismo. Compreendidas as diferenças, vamos aos fatos.

Após a queda do império Otomano, houve a criação de diversos países no médio oriente. França e Inglaterra capitanearam a criação e divisão desses países, sem se importar com os povos que ali habitavam. Ao meu ver, grande parte dos conflitos contemporâneos no oriente médio são reflexo dessa divisão, uma vez que, não foi observado que se havia diversas tribos com culturas diferentes, com atritos entre si e com religiões diferentes - até quando convergiam na religião, as correntes doutrinárias divergiam. Na época, França e Inglaterra tiveram êxito ao conter o coração do mundo islâmico, o império Otomano. Após isso, começaram a cindir o território. Essa é uma das raízes de tantos conflitos na região.

Resultado de imagem para osamaOsama Bin Laden é um nome que causa asco em muitos. Filho de um bilionário saudita, bem educado, Osama se envolveu com a política ao final da década de 70. Não estamos a falar sobre o conceito político-partidário e sim sobre político-social. A época, a União Soviética invadiu o Afeganistão, e lá estava o jovem Bin Laden lutando para conter essa invasão, inclusive, com o apoio norte-americano. Ao término do combate, ele era visto como grande herói de guerra. Com influência, poder e dinheiro, se uniu a guerrilheiros islâmicos e fundou a organização AL-QAEDA, com o objetivo de lutar em prol de sua religião e contra a ingerência de países ocidentais no oriente médio.

Em 1990, o Iraque ocupa o Kuwait com as justificativas que o país não existia, que era uma criação da Inglaterra e o acusando de vender petróleo abaixo do valor de mercado, além de afirmar que historicamente o Kuwait era parte do território Iraquiano. Há quem diga que o Iraque estava querendo recuperar o petróleo extraído pelo Kuwait em seus territórios a mando da Inglaterra, cobrando valores estratosférico para não tomar o país. Após a invasão, um embaixador kuwaitiano apelou a ONU [Organização das Nações Unidas] para que interviesse no conflito. A ONU não reconheceu a anexação do Kuwait. Os Estados Unidos e outros países iniciaram uma ofensiva militar para a recuperação do território do Kuwait. A entrada desses militares foi facilitada por vários países árabes. Fato que desagradou a Osama que criticou o governo da Arábia Saudita, porta de entrada para os militares. A pressão aumentou até que ele foi expulso do país, migrando para o Sudão. No Sudão, ele financiou ataques de milícias islâmicas. A mídia também o imputa uma tentativa do assassinato de Hosni Mubarak, então presidente do Egito, porém, nada confirmado até hoje. Incomodado, os Estados Unidos pressionou economicamente o Sudão para expulsar Osama, o que aconteceu. Osama foi então para o Afeganistão, lá ele refletiu sobre a influência americana na Arábia Saudita, imaginando que o governo norte americano desejava colonizar o país. Acontece que a cidade mais sagrada para os muçulmanos, Meca, fica na Arábia e foi a partir daí que ele, em entrevistas, emitiu uma Fatwa [Pronunciamento sobre um assunto específico emitido por uma autoridade islâmica] solicitando que os americanos deixassem os lugares sagrados do Islã. Para grande parte dos historiadores ocidentais, essa foi uma declaração de guerra a América. Outros dizem que foi apenas uma afronta. E uma minoria entende que foi o alerta para que radicais atacassem alvos americanos.
Continua...

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