segunda-feira, 13 de maio de 2019

CORUJA RETORICA - BRUNO BELÉM



 
 O MUNDO E OS ÁRABES

Bruno Belém

Continuação…

Na semana passada vimos quais fatos históricos desenharam os conflitos no oriente médio. Paramos no exato momento em que Bin Laden emitiu uma Fatwa, o que foi visto como uma declaração de guerra aos Estados Unidos.

Após a emissão dessa Fatwa, que em seu conteúdo exigia a saída dos americanos dos lugares sagrados da religião muçulmana, houve uma segunda Fatwa, onde se decretava morte a americanos e judeus em qualquer lugar do mundo. Há uma controvérsia sobre a real autoria desta: uns dizem que foi Osama; outros dizem que ele apenas endossou a idéia que, originalmente, teria partido de lideranças islâmicas com perfil mais extremista que a dele. O que é incontestável são os efeitos desse segundo decreto: Ataque às embaixadas dos Estados Unidos no Quênia e na Tanzânia em 1998 com explosões quase sincronizadas, embora estivessem em países diferentes e que resultaram em pelo menos 200 mortos e em torno de 5000 feridos; em Outubro de 2000, no Iêmen, um navio de guerra americano (USS Cole) sofreu um atentado que fatalizou 17 pessoas e deixou 39 feridos; e outros ataques de menor potencial ofensivo, sempre a americanos ou judeus.


Porém, nem mesmo o melhor analista poderia prever o que aconteceria no dia 11 de Setembro de 2001. Planejado de forma cirúrgica, extremistas suicidas sequestraram dois aviões e colidiram contra duas torres comerciais (World Trade Center), um terceiro avião se chocou com a sede do departamento de defesa dos Estados Unidos, e um quarto caiu em campo aberto. O número de mortos e feridos foi tão grande que até hoje é contestado. Foi um dos dias mais assombrosos da história recente, não apenas para os norte americanos que presenciaram o fato, mas para os bilhões de teleouvintes que assistiam o ocorrido pela tv, sem edições e, por várias vezes, com comentários semelhantes as narrações esportivas por parte daqueles que fazem jornalismo sensacionalista.

Há quem diga que o papel do articulista de um jornal é além de levar informação, deixá-la propositalmente incompleta, como forma de provocar o leitor a buscar profundidade nos fatos discorridos. Farei o uso desse mecanismo hoje. Ao invés de citar o que muitos podem chamar de teorias da conspiração, vou propor algumas reflexões.

Henry Kissinger, estadista americano, falava que a “criação de eventos” na América beneficiária economicamente e traria poder. Não podemos afirmar com veemência a quais eventos Kissinger se referia, porém, é difícil não associar que após o 11/09 o EUA ganhou poder no oriente médio. O que seria complicado por via diplomática, tornou-se relativamente fácil por vias militares. Foi o motivo para que se entrasse na região com apoio internacional. Hoje, podemos observar  que o lobby político e econômico americano praticamente impera na região, inclusive nos países que se declaram contra tal influência.

Agora analise, sera que chegaríamos até aqui se os americanos tivessem acatado a 1° Fatwa que pedia a saída dos militares de territórios sagrados? Pergunto-lhes, diante de outros ataques que precederam o 11/09, seria tão fácil a penetração nos aeroportos americanos? Por qual motivo não há respeito de “nós” para com a cultura e forma de viver desses povos?... Nosso modo de viver é o único correto? Por qual motivo não há respeito a forma tribal ou monárquica que árabes escolhem seus governantes? Não é estranho que os países mais atacados por terrorista sejam os que possuem grandes comunidades muçulmanas ou que estas estão em expansão? Confesso que com o aumento significativo de novos revertidos [sim, é revertidos] ao islã (segundo IBGE), com a política internacional ainda desastrosa do novo governo, com as tentativas velada de alguns grupos de pulverizar a convivência harmônica entre as religiões no brasil, e o aumento de uma cultura islamofóbica, venhamos ter algum evento hostil em solo brasileiro.

Se permitem, irei fazer alguns comentários. O objetivo do artigo não é romantizar terrorista, não é promover nenhuma religião, tampouco causar pânico. O objetivo é reconstruir os fatos, ainda que de forma superficial, e estimular a reflexão em cima desses acontecimentos, para que possamos ouvir ambos os lados dessa história e não se isolar no conforto de que nos é pregado.


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