Bruno Belém
Continuação…
Na semana passada
vimos quais fatos históricos desenharam os conflitos no oriente médio. Paramos
no exato momento em que Bin Laden emitiu uma Fatwa, o que foi visto como uma
declaração de guerra aos Estados Unidos.
Após a emissão
dessa Fatwa, que em seu conteúdo exigia a saída dos americanos dos lugares
sagrados da religião muçulmana, houve uma segunda Fatwa, onde se decretava
morte a americanos e judeus em qualquer lugar do mundo. Há uma controvérsia
sobre a real autoria desta: uns dizem que foi Osama; outros dizem que ele
apenas endossou a idéia que, originalmente, teria partido de lideranças
islâmicas com perfil mais extremista que a dele. O que é incontestável são os
efeitos desse segundo decreto: Ataque às embaixadas dos Estados Unidos no
Quênia e na Tanzânia em 1998 com explosões quase sincronizadas, embora
estivessem em países diferentes e que resultaram em pelo menos 200 mortos e em
torno de 5000 feridos; em Outubro de 2000, no Iêmen, um navio de guerra
americano (USS Cole) sofreu um atentado que fatalizou 17 pessoas e deixou 39
feridos; e outros ataques de menor potencial ofensivo, sempre a americanos ou
judeus.
Porém, nem mesmo o
melhor analista poderia prever o que aconteceria no dia 11 de Setembro de 2001.
Planejado de forma cirúrgica, extremistas suicidas sequestraram dois aviões e
colidiram contra duas torres comerciais (World Trade Center), um terceiro avião
se chocou com a sede do departamento de defesa dos Estados Unidos, e um quarto
caiu em campo aberto. O número de mortos e feridos foi tão grande que até hoje
é contestado. Foi um dos dias mais assombrosos da história recente, não apenas
para os norte americanos que presenciaram o fato, mas para os bilhões de
teleouvintes que assistiam o ocorrido pela tv, sem edições e, por várias vezes,
com comentários semelhantes as narrações esportivas por parte daqueles que
fazem jornalismo sensacionalista.
Há quem diga que o
papel do articulista de um jornal é além de levar informação, deixá-la
propositalmente incompleta, como forma de provocar o leitor a buscar
profundidade nos fatos discorridos. Farei o uso desse mecanismo hoje. Ao invés
de citar o que muitos podem chamar de teorias da conspiração, vou propor
algumas reflexões.
Henry Kissinger,
estadista americano, falava que a “criação de eventos” na América beneficiária
economicamente e traria poder. Não podemos afirmar com veemência a quais
eventos Kissinger se referia, porém, é difícil não associar que após o 11/09 o
EUA ganhou poder no oriente médio. O que seria complicado por via diplomática, tornou-se
relativamente fácil por vias militares. Foi o motivo para que se entrasse na
região com apoio internacional. Hoje, podemos observar que o lobby
político e econômico americano praticamente impera na região, inclusive nos
países que se declaram contra tal influência.
Agora analise, sera
que chegaríamos até aqui se os americanos tivessem acatado a 1° Fatwa que pedia
a saída dos militares de territórios sagrados? Pergunto-lhes, diante de outros
ataques que precederam o 11/09, seria tão fácil a penetração nos aeroportos
americanos? Por qual motivo não há respeito de “nós” para com a cultura e forma
de viver desses povos?... Nosso modo de viver é o único correto? Por qual
motivo não há respeito a forma tribal ou monárquica que árabes escolhem seus governantes?
Não é estranho que os países mais atacados por terrorista sejam os que possuem
grandes comunidades muçulmanas ou que estas estão em expansão? Confesso que com
o aumento significativo de novos revertidos [sim, é revertidos] ao islã
(segundo IBGE), com a política internacional ainda desastrosa do novo governo,
com as tentativas velada de alguns grupos de pulverizar a convivência harmônica
entre as religiões no brasil, e o aumento de uma cultura islamofóbica, venhamos
ter algum evento hostil em solo brasileiro.
Se permitem, irei
fazer alguns comentários. O objetivo do artigo não é romantizar terrorista, não
é promover nenhuma religião, tampouco causar pânico. O objetivo é reconstruir
os fatos, ainda que de forma superficial, e estimular a reflexão em cima desses
acontecimentos, para que possamos ouvir ambos os lados dessa história e não se
isolar no conforto de que nos é pregado.
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