A SAÚDE ENTRE OS DILEMAS DOS INTERESSES
ESPÚRIOS
Hoje se
discute muito o tamanho do estado no sentido de atender o cidadão. Nas
sociedades avançadas e democráticas existem atividades e serviços que a própria
coletividade se organiza e se solidariza na execução de tarefas que atendem
interesses coletivos. Já nas sociedades fechadas e em processo incipiente de
democratização, o Estado assume papel centralizador e ate tirânico como único
executor de serviços essenciais, como saúde, educação e segurança.
O Brasil esta passando por um processo de transição, onde
a proposta atual do governo federal e de alguns estaduais é reduzir o papel e o
poder hegemônico do Estado, como a concepção liberal das privatizações. Nesse
processo, a sociedade civil também foi convocada a assumir seu papel não só
como instrumento de controle social, mas também o resgate da participação
efetiva.
Mas nesse meio termo a população não esta respondendo o seu papel como protagonista de inovação e
solidariedade, visando a coletividade. O voluntariado perdeu espaço para
organizações com interesses corporativos, comerciais, político-partidários e
ideológicos.
Na área da politica os parlamentares perderam o senso
democrático de cidadania, legislando em causa proporia. Os magistrados se
encistaram num mundo de privilégios e interesses escusos, em vez de defender os
apelos da sociedade e da lesgislação. A prova é a atual situação do STF, que
vota medidas e depois volta a trás.
Nesse jogo espúrio e interesseiro os grandes temas
nacionais, como saúde , educação e segurança, ficam na superficialidade e as
suas politicas públicas, já consolidadas, ficam sendo mudadas no sentido de atender
grupos, políticos e governantes (PECs e MPs). O SUS, por exemplo, está passando
por um processo permanente de desmonte e descrédito, mesmo sendo uma politica
de estado.
As grandes estratégias das politicas públicas do SUS como
os Programas de Agentes Comunitários, PSF, Imunização e Vacinação, Controle de
Endemias, Saneamento Básico, estão sendo tratados de maneira emergencial e
pontual e não de maneira permanente, com retorno de antigas doenças já
controladas como Sarampo, Febre Amarela, Chagas, Coqueluche, Varicela, Tétano e
outras mais.
Na tentativa de querer encobertar a má gestão, os
governos apelam paras as OS (Organizações Sociais), uma maneira de terceirizar
os serviços com comando privado, mas com recursos públicos, o que serve para
burlar normas, retirar garantias trabalhistas e reduzir custos, levando à má qualidade e ineficiência do serviço.
As Prefeituras inoperantes não conseguem arcar com suas
responsabilidades e competências na gestão da atenção primária. As UBS são
construídas e reformadas, mas os equipamentos continuam obsoletos e sucateados,
sem investimento na modernização; recursos humanos precários e salários aviltantes.
São bonitas por fora, mas insalubres e ineficientes por dentro.
Assim está a saúde coletiva brasileira, reformulada na
CF/88 com uma concepção socialista e
democrata, mas com execução privatista, mercantilista e tirânica, desobedecendo
marcos regulatórios, como a PEC 241,
que congelou os gastos da saúde e educação por 20 anos, a fim de cobrir os
rombos e roubos da corrupção politiqueira.
Assim, o SUS, que deveria representar um avanço de
democracia, representação, organização, conscientização, cidadania,
solidariedade e equidade, ficou apenas no conceitual e no teórico, utilizado como instrumento de manobra. A sociedade
delegou aos órgãos de controle externo o papel que lhe caberia no controle
social. Os Conselhos tornaram-se obsoletos, impenetráveis e aliciados pelos
poderosos, gestores e governantes.
E assim, a saúde coletiva, vive, se alimenta, se
deteriora e entra em decadência movida por interesses espúrios, e com o aval
das urnas e da eleições. JARBAS ATAÍDE.
13.05.2019.
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