quinta-feira, 30 de maio de 2019

SAÚDE EM FOCO - JARBAS ATAÍDE



AMARELOU NAS RUAS E NÃO NOS HOSPITAIS


            O termo “amarelar” foi marcante neste mês de maio/19 em Macapá e no Brasil, pois enquanto o povo volta às ruas com suas roupas e faixas amarelas, os parlamentares e dirigentes da nação praticam atos contrários aos apelos populares, na tentativa de manter seus privilégios, legislando em causa própria e reduzindo recursos nos serviços essenciais.
As manifestações de rua contra a corrupção e ilegalidades, que começaram em 2013, exigindo reformas e punição de culpados e investigados, voltaram à tônica. Mas os reclamos não conseguem atingir as mentes, consciências e atitudes dos políticos e gestores que permanecem praticando negociatas e tomando decisões prejudiciais à população.
Nem mesmo no trânsito, muito menos na saúde, o amarelo das ruas influenciou, pois os números de acidentes e hospitalizações só estão crescendo. As campanhas preventivas e educativas parecem infrutíferas, pois os investimentos nos órgãos e serviços que tratam e recuperam as vitimas são reduzidos e não acompanham a demanda.
Segundo propaganda do próprio GEA cerca de 70% das internações em traumato-ortopedia no Hospital de Emergência de Macapá (HE) e HCAL são resultantes de acidente de trânsito (AT). O Batalhão de Policiamento de Transito (BPTran) registrou, em 2018, um total de 1,5 mil AT , a maioria envolvendo pessoas não habilitadas. Em 2018, apenas em dois meses, registrou 309 AT, com redução mínima em relação a 2017, em que houve 321 AT.

O mais grave é que todo esse contingente de vítimas e lesionados são destinados ao único hospital de referência em trauma de Macapá, o HE, que também ocupou cerca de 70% da demanda do Centro de Recuperação (CREAP) em 2017 (77 mil), com cerca de 50% envolvidos em acidentes com motocicletas. 
Para quem é atendido, permanece internado ou passa poucas horas nesses ambientes, onde ficam amontoados os acidentados, em cadeiras, macas, deitados no chão ou em leitos improvisados, o termo amarelar (acovardar-se) é perfeitamente aplicado aos gestores, pois reflete o descaso, omissão e covardia no descumprimento dos princípios do SUS e das politicas publicas na área de segurança, educação e saúde.      
Segundo dados do Ministério da Saúde (MS) tivemos, em  2016,  37.345 óbitos  decorrentes de AT. Embora o número tenha reduzido no Amapá, o número de mortes tem avançado em alguns estados, sobretudo das regiões Nordeste e Norte do País. Houve aumento de 30% no Norte e redução apenas no Sul (15%) e   Sudeste (18%).
           A trágica e caótica situação da emergência/urgência de vítimas de AT com motocicletas em Macapá foi tema de estudo do autor deste artigo em sua tese de Especialização em Medicina de Trafego (2017), mostrando os números da dor e sofrimentos aos pacientes e seus familiares e suas consequências para o bolso dos brasileiros (R$ 2,9 bilhões do SUS).
 Para contrariar os gritos e reclamações do “Maio Amarelo”, a cruel realidade é que no Brasil, a cada 60 minutos, em média, pelo menos cinco pessoas morrem vítimas de AT. Os custos dos AT já deixaram mais de 1,6 milhão de feridos nos últimos dez anos, com gastos que chegam a quase R$ 3 bilhões. Isso é uma verdadeira epidemia de traição, covardia e insensatez daqueles que deveriam colocar recursos e investir em obras estruturantes. 
O povo foi cobrar nas ruas com faixas, camisas e bandeiras amarelas, mas os que deveriam executar, direcionar verbas, planejar ações e obras e serviços para evitar os AT, ficam “amarelados” e omissos em seus gabinetes.  (Fontes: G1amapa; Jornal do CREMEB, 22.5.2019; TA, Saúde em Foco, “Maio Amarelo: violência e trânsito- a guerra entre nós”, 05.05.2018 ).

             

2 comentários:

  1. Muito triste essa realidade, para uma capital pequena que recolhe tantos impostos!

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  2. Dizem que os números nao mentem, mas é preciso tomar ciência deles para se tomar uma atitude. Mortes prematuras de 15 a 39 anos envolve vitimas em plena juventude e em idade economicamente ativa! Uma lástima!

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