Marabaixo
do Domingo da Murta agita os quatro barracões da área urbana de Macapá
Presença de jovens nos barracões
mantendo a tradição secular emocionou os mais velhos
GABRIEL PENHA
O
encontro da juventude com a velha guarda e a visita de comunidades do interior
marcou o Marabaixo do Domingo da Murta da Santíssima Trindade, no dia 9 de
junho. Uma das principais programações do Ciclo do Marabaixo movimentou os
quatro barracões da zona urbana de Macapá: Tia Gertrudes Saturnino, sede do
grupo Berço do Marabaixo, no bairro Santa Rita, Dica Congó, no bairro Central,
Marabaixo do Pavão, no Jesus de Nazaré e Raimundo Ladislau, no bairro do
Laguinho.
A
programação iniciou ainda pela manhã, com missa nas igrejas Jesus de Nazaré e
São Benedito, que contou com a presença de grupos de marabaixo. À tarde, houve
um pequeno cortejo e ladainhas. As caixas começaram a rufar no final da tarde.
E os festeiros receberam visitas.
Cada
grupo recepcionou um grupo de marabaixo de uma comunidade do interior. No Berço
do Marabaixo, a comunidade do Carvão (do município de Mazagão); no Pavão, o
grupo do Curiaú (da área urbana de Macapá); no Dica Congó, da Campina Grande
(da zona rural de Macapá); e no Raimundo Ladislau quem veio foi o grupo da Vila
de Mazagão Velho (do município de Mazagão).
Visitantes
marabaixeiros e o público foram servidos com os tradicionais caldo e
gengibirra. A alegria tomou conta dos festeiros. No Raimundo Ladislau, Laura
Ramos diz que com entusiasmo está mais um ano promovendo a maior identidade
cultural do Estado.
“O Marabaixo é patrimônio do Amapá e do Brasil. É uma
honra cumprir esse dever de perpetuar essa cultura e deixá-la para as próximas
gerações, como fizeram nossos antepassados”, diz Laura, neta de Julião Ramos,
um dos percussores da cultura do marabaixo.
No grupo
Berço do Marabaixo, o mesmo entusiasmo é visto pela família da saudosa
Gertrudes Saturnino, que dá nome ao barracão. Valdinete Costa, neta de
Gertrudes, diz que fica orgulhosa ao ver a imensa participação de jovens nas
rodas de marabaixo, seja tocando caixas ou dançando.
“Esses jovens
precisam se apoderar dessa cultura, para que ela se perpetue. É uma cena que
chega a ser emocionante, ver as rodas sendo protagonizadas por eles”,
emociona-se Valdinete.
O marabaixo
prosseguiu até a manhã desta segunda-feira, 10, com o levantamento dos mastros
nos barracões. A programação do Ciclo 2019 continua ainda nesta segunda, a
partir das 18h, com o início das novenas da Santíssima Trindade no barracão do
Pavão; às 20h tem o baile dos sócios no barracão Dica Congó e às 21h no grupo
Raimundo Ladislau.
Fomento
Reconhecido como
Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, pelo Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional (Iphan), em novembro de 2018, o marabaiaxo recebe apoio do
Estado. Para a realização do Ciclo 2019, o Governo do Amapá investiu R$ 130
mil, divididos igualmente entre os grupos realizadores.
Marcados pelo
culto ao Divino Espírito Santo e à Santíssima Trindade, os festejos seguem até
o chamado Domingo do Senhor, primeiro domingo após a celebração de Corpus
Christi - este ano, dia 23 de junho. Na extensa programação, ainda constam
missas, ladainhas, retirada dos mastros pelos grupos, bailes e jantares e
demais rituais que se encerram com as derrubadas dos mastros.
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