A
alegria segundo Francisco
O maior anseio das pessoas,
individualmente, e dos povos, coletivamente, é encontrar, nesta vida
transitória, a felicidade e a alegria.
No mundo capitalista, onde tudo se
transforma em mercadoria, pretende-se fazer da felicidade um objeto de consumo
e, por consequência, submetido a operações de compra e venda.
Na contramão do pensamento
circulante, marcado pelos desvalores, o Papa Francisco começa sua encíclica
“Evangelii Gaudium” (A Alegria do Evangelho) denunciando a falsa alegria:
“O grande risco do mundo atual, com
sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista
que brota do coração comodista e mesquinho.”
Em oposição à enganosa proposta de
felicidade fundada no egocentrismo, Francisco aponta uma outra rota para
conduzir nossas vidas:
“Chegamos a ser plenamente humanos,
quando somos mais do que humanos, quando permitimos a Deus que nos conduza para
além de nós mesmos a fim de alcançarmos o nosso ser mais verdadeiro.”
As exortações do Papa não devem
merecer ausculta apenas dos crentes e dos cristãos, e muito menos receber a
restrita atenção dos católicos.
O texto é ecumênico, aberto aos múltiplos
pensares contemporâneos. Não pretende, de modo algum, converter quem quer que
seja ao redil confessional de Roma.
Numa época em que se faz da mulher
um objeto, de forma explícita ou sub-reptícia, Bergoglio exalta a dignidade do
feminino e não utiliza meias palavras para profligar o machismo e a violência
doméstica.
Segundo prognostico, durante a
permanência de Francisco no Vaticano a mulher será admitida ao sacerdócio
católico, com lamentável atraso, pois em outras igrejas evangélicas já temos
mulheres
exercendo, em plenitude, o pastoreio
e ocupando as sedes episcopais.
Em recente Missa do Galo, disse o
Papa que o mundo precisa de ternura.
Papas anteriores doutrinaram que o
mundo precisa de Justiça, Solidariedade, melhor distribuição dos bens,
convivência harmônica entre as nações.
Nunca tinha ouvido um Papa dizer que o
mundo precisa de ternura.
O que é essa ternura que o Papa
argentino deseja que habite o coração da Humanidade? Essa ternura não resume
todos os valores, todas as metas, todos os sonhos?
Parece que, naquele momento, São
Francisco de Assis habitou o espírito do seu homônimo: ”Senhor, fazei de mim um
instrumento de vossa paz.”
A ternura não tem rótulo de um credo
religioso, nem está enclausurada nos domínios da Fé. Foi resumida, não por um filósofo, na
academia, mas por um cantor argentino, num cabaré: “Tenemos que abrirnos, no hay
otro remédio.” (Carlos Gardel)
João
Baptista Herkenhoff - É juiz de Direito
aposentado (ES) e escritor E-mail – jbpherkenhoff@gmail.com
-
Homepage – www.palestrantededireito.com.br
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