QUANDO
A DECEPÇÃO E A DOR NOS ANGUSTIA
Por
Jarbas de Ataíde
Com essas palavras introduzi o
artigo do TA, de setembro passado, falando das tragédias e mortes no trânsito:
“Preocupados unicamente em reduzir custos nos serviços essenciais,
contingenciando, remanejando, retirando recursos do orçamento, os gestores,
governantes e parlamentares seguem descumprindo aquilo que apregoam nas
campanhas de cuidar, manter e valorizar a vida, em todas as dimensões” .
As campanhas educativas estão ai para
alertar sobre as tragédias, decepções e violências as mais diversas. Estava em
São Paulo neste final de semana e deparei com essa noticia de capa do Estado de
S. Paulo: “Internação infantil por
transtorno mental sobe 36%”, com elevados índices entre 10 e 14 anos, que
passou de 14 para 19/100.000 hab. em 2018. Na faixa etária de 15 a 19 anos
passou de 75 para 85/100.000 (aumento de 12%).
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TRISTEZA E SOLIDÃO
São dados preocupantes que chamam a
atenção de que as crianças, adolescentes e jovens estão sujeitas às mais
diversas formas de distúrbios que começam cedo e afloraram na primavera da
vida: a adolescência. No artigo
citam-se as mídias e redes sociais como uma das culpadas por isso, o que não é
surpresa, pois, hoje, criancinhas são acalmadas e presenteadas com eletrônicos,
tendo contato com o que antes era coisa de adulto.
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ALEGRIA E EMOÇÃO
No Hospital de Emergência, há poucos
dias tivemos o caso de uma criança de 10 anos que tentou o suicídio e jovens
bem sucedidos, de famílias abastardas, tirando a vida, contrariando a velha
justificativa de que a pobreza e a injustiça social é a causa dessas tragédias.
O jornal de S. Paulo culpa as mídias.
Outros atribuem à sociedade desigual e marginalizante. Nenhuma e nem outra. A
origem está nas emoções que não são cuidadas e lapidadas desde cedo na familia,
onde as decepções, perdas e fracassos não são ensinados aos pequenos que só
querem a satisfação e o prazer, ou quando possuem demais ficam entediados. As
frustações e excesso de expectativas com a profissão são gatilhos que podem evoluir
para distúrbios mais graves, como depressão e suicídio.
Assim como as tragédias no transito e
nos hospitais, os suicídios são preveníveis em todas as faixas etárias e quando
acontece na nossa família, entre amigos e até na nossa classe profissional
somos “tomados de surpresa”, levando à amargura e tristeza aos parentes e
amigos.
Quem trabalha por longos anos na área de
saúde sabe perfeitamente que as condições precárias de ambiente de trabalho
desencadeiam distúrbios e síndromes, como a Síndrome de Bournout, que afasta do trabalho, decepciona e deprime os
portadores.
Nas profundezas da alma estão as primícias
das fraquezas, das frustações, derrotas e fracassos, que nos marca desde cedo.
Deveríamos aprender a encontrar mecanismos de personalidade para lidar e
superar esses distúrbios que afloram do subconsciente. Como escrevi antes: “às vezes a dor e a cura não estão no corpo,
mas na alma”
Mas muitas vezes, quem lida com o
sofrimento e o desfecho da vida (a morte), com as misérias, sofrimentos e dores,
também não está preparado lidar ou presenciar essas desilusões. Nem sempre a
capacidade e treinamento técnico são sustentáculos ou força suficiente para
tudo isso. Dependemos de outros mecanismos de defesa.
A perda ou morte prematura de um ente
querido, de um amigo, deixa um vazio imenso na alma daqueles que os conhece e
convivia. Quando a dor e a decepção nos afligem, toda explicação é
inimaginável; toda justificativa é inacreditável. Precisamos cuidar das emoções,
elevar a consciência e fortificar a alma! JARBAS
ATAÍDE, 28.10.2019. Dia do Funcionário Público.
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