sexta-feira, 1 de novembro de 2019

SAÚDE EM FOCO Por Jarbas de Ataíde



QUANDO A DECEPÇÃO E A DOR NOS ANGUSTIA

Por Jarbas de Ataíde

           Com essas palavras introduzi o artigo do TA, de setembro passado, falando das tragédias e mortes no trânsito:
          “Preocupados unicamente em reduzir custos nos serviços essenciais, contingenciando, remanejando, retirando recursos do orçamento, os gestores, governantes e parlamentares seguem descumprindo aquilo que apregoam nas campanhas de cuidar, manter e valorizar a vida, em todas as dimensões” .
         As campanhas educativas estão ai para alertar sobre as tragédias, decepções e violências as mais diversas. Estava em São Paulo neste final de semana e deparei com essa noticia de capa do Estado de S. Paulo: “Internação infantil por transtorno mental sobe 36%”, com elevados índices entre 10 e 14 anos, que passou de 14 para 19/100.000 hab. em 2018. Na faixa etária de 15 a 19 anos passou de 75 para 85/100.000 (aumento de 12%).

     TRISTEZA E SOLIDÃO                                 



         São dados preocupantes que chamam a atenção de que as crianças, adolescentes e jovens estão sujeitas às mais diversas formas de distúrbios que começam cedo e afloraram na primavera da vida: a adolescência. No artigo citam-se as mídias e redes sociais como uma das culpadas por isso, o que não é surpresa, pois, hoje, criancinhas são acalmadas e presenteadas com eletrônicos, tendo contato com o que antes era coisa de adulto.

ALEGRIA E EMOÇÃO


        No Hospital de Emergência, há poucos dias tivemos o caso de uma criança de 10 anos que tentou o suicídio e jovens bem sucedidos, de famílias abastardas, tirando a vida, contrariando a velha justificativa de que a pobreza e a injustiça social é a causa dessas tragédias.
        O jornal de S. Paulo culpa as mídias. Outros atribuem à sociedade desigual e marginalizante. Nenhuma e nem outra. A origem está nas emoções que não são cuidadas e lapidadas desde cedo na familia, onde as decepções, perdas e fracassos não são ensinados aos pequenos que só querem a satisfação e o prazer, ou quando possuem demais ficam entediados. As frustações e excesso de expectativas com a profissão são gatilhos que podem evoluir para distúrbios mais graves, como depressão e suicídio. 
       Assim como as tragédias no transito e nos hospitais, os suicídios são preveníveis em todas as faixas etárias e quando acontece na nossa família, entre amigos e até na nossa classe profissional somos “tomados de surpresa”, levando à amargura e tristeza aos parentes e amigos.
      Quem trabalha por longos anos na área de saúde sabe perfeitamente que as condições precárias de ambiente de trabalho desencadeiam distúrbios e síndromes, como a Síndrome de Bournout, que afasta do trabalho, decepciona e deprime os portadores.
     Nas profundezas da alma estão as primícias das fraquezas, das frustações, derrotas e fracassos, que nos marca desde cedo. Deveríamos aprender a encontrar mecanismos de personalidade para lidar e superar esses distúrbios que afloram do subconsciente. Como escrevi antes: “às vezes a dor e a cura não estão no corpo, mas na alma”
      Mas muitas vezes, quem lida com o sofrimento e o desfecho da vida (a morte), com as misérias, sofrimentos e dores, também não está preparado lidar ou presenciar essas desilusões. Nem sempre a capacidade e treinamento técnico são sustentáculos ou força suficiente para tudo isso. Dependemos de outros mecanismos de defesa.
     A perda ou morte prematura de um ente querido, de um amigo, deixa um vazio imenso na alma daqueles que os conhece e convivia. Quando a dor e a decepção nos afligem, toda explicação é inimaginável; toda justificativa é inacreditável. Precisamos cuidar das emoções, elevar a consciência e fortificar a alma! JARBAS ATAÍDE, 28.10.2019. Dia do Funcionário Público.  

          





        
 








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