quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

EmPLACAndo - PROJETO MUSICAL AVENÇA


EmPLACAndo - PROJETO MUSICAL AVENÇA'

Projeto Musical Avença é analisado em artigo acadêmico-cientifico de mestres e doutores amapaenses




Reinaldo Coelho

Publicado recentemente pela Revista de Educação, Ciência e Cultura (ISSN22236-6377) da Universidade LaSalle em Canoas (RS) um artigo titulado Projetos de valorização da cultura e da religiosidade nas escolas: um olhar sobre o projeto avença da banda placa, assinado pelos Mestres e Doutores  Piedade Lino Videira e Elivaldo Serrão Custódio e pelas Licenciadas em Pedagogia Elisângela de Souza Pereira e Jéssica Baia Araujo.
De acordo com os autores o referido artigo teve como objetivo analisar as potencialidades didático-pedagógicas existentes no conteúdo histórico, cultural, sociológico, étnico-racial e educacional presente no Projeto Avença da Banda Placa da cidade de Macapá-AP. Assim, a pesquisa teve por objetivo ainda verificar sua contribuição para o processo de salvaguarda, reconhecimento, valorização e promoção do patrimônio cultural afro-amapaense, bem como a compreensão do papel da cultura na relação ensino-aprendizagem escolar por meio de projetos interdisciplinares.

E esse posicionamento cientifico educacional desses educadores amapaenses, que reconhecem em um Projeto Cultural genuinamente amapaense e criado e executado por um grupo de músicos e difusores da cultura afro-amapaense como já enraizado na formação cultural do cidadão Tucuju. A Banda Placa, que iniciou com um grupo musical, de difusão da música, passou a ser autoral de diversos projetos sociais, culturais e esportivos.
Na introdução do artigo foi destacado que a Banda Placa é uma relevante página da cultura amapaense, seja pelas poesias musicais que produziram, seja pelas pesquisas e conhecimento construídos sobre a realidade cultural afroamapaense.
O Projeto Avença idealizado pela Banda Placa com o intuito de promover a salvaguarda do patrimônio cultural afro-amapaense, é um recurso didático-pedagógico eficaz para a implementação da Lei n. 10.639/2003 que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Art. 26A), e tornou obrigatório o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas do nosso país.
O líder desse grupo, Carlos Augusto Gomes, o Carlitão, cantor, produtor musical e cultural e professor de Educação Fisica, além de técnico esportivo, germinou esses projetos, que foram abraçados pelos integrantes da Banda Placa: Diego César Gomes da Silva, Alan Max Pantoja Gomes, Álvaro de Jesus Gomes, José Valério Almeida Tavares Junior, Vavá,  Urubatan Santos Saraiva, Batan.

O que é o Projeto Avança?
PROJETO AVENÇA - SHOW NAS ESCOLAS. -  Placa Cultura

O objetivo desse projeto é possibilitar a interação das novas gerações com a identidade cultural amapaense, fortalecendo e valorizando a historicidade e a ancestralidade regional, de modo que o contato com a diversidade contribua para a convivência harmoniosa dos grupos sociais.
Metodologicamente, a Banda Placa, por meio do Projeto Avença, busca parcerias com escolas e comunidades, a fim de estabelecer relações e diálogos que tratem da herança cultural do negro, pois como nos diz Carlitão grupos mantenedores de uma cultura milenar.
A principal meta deste projeto é divulgar, valorizar, preservar e estimular o sentimento de pertencimento dos estudantes diante das heranças do povo negro do Amapá.
O lançamento do projeto “Avença” aconteceu em agosto de 2014, na Escola Estadual Castelo Branco, hoje denominada de Escola Estadual José Firmo do Nascimento, localizada no Bairro Trem. Nessa ocasião foram desenvolvidas atividades como eleição do grêmio estudantil, doação de sangue e gincana cultural.

Após o lançamento do projeto, em setembro do mesmo ano, a Banda Placa em parceria com a Associação Cultural Geração Torrão do Matapi, desenvolveu uma série de atividades culturais na comunidade, com mostra de artes visuais, peças de artesanato, venda de comidas típicas, mostra de instrumentos usados na cultura local, sorteios de prêmios e o show de encerramento do projeto com a Banda Placa e o grupo de marabaixo do Torrão do Matapi.
De acordo com a Banda Placa, uma das atrações que chamou bastante atenção do público foi a apresentação da música Irá Ayê, que é uma composição do músico e baixista Alan Gomes e traz a participação de um ícone da cultura amapaense, conhecido como Manoel Caldo6 , morador do Quilombo do Cria-ú.
A música Irá Ayê, significa Mel da Vida, e traz algumas expressões indígenas como uma forma de preservar a ancestralidade. Os arranjos musicais foram cuidadosamente montados a partir de conhecimentos e experiências culturais vivenciadas dentro de comunidades. Como podemos verificar na letra da referida música:

Ê, ê, ê marcolina
tu cala a boca marcolina aia só que quem dá é deus o marcolina você moça pensa que é
melhor do que eu o marcolina diz que tem duas varas de condão
e é mentira ela não tem nem derréis para o sabão
irá ayê irá ayê, erê irá ayê irá ayê, irá ayê, irê
pada pundê anauê pará yara.

Refrão ira yara irê yara pada pê rerê pada pê rerê
ê, ê marcolina eu quando vim da minha terra    trouxe fama de judeu eu dei um soco num caboclo que a fortaleza tremeu
irê yara irê yara
pada pê rerê pada pê

A composição Irá Ayê pertence ao CD intitulado Avença, lançado pela Banda Placa, no qual encontram-se mais seis composições que retratam características regionais. São elas: Marquês de Bonfá; Varas douradas; Na levada do bolão; Tambores; Batalha entre mouros e cristãos; e Origem da festa de São Tiago.

Capa do CD Avença


Fonte: Banda Placa, 2014.

A ilustração acima é a representação da capa do CD Avença, cheia de significados, que foram explicados pelo professor Carlitão da seguinte forma: A capa do Projeto que a gente chama de Avença tem aquela menina que é uma garota de uma oficina de percussão que nós fazemos na Lagoa dos Índios, a caixa de marabaixo que ela está utilizando é feita de um material reciclável, de caixas de hortifrutigranjeiro que a gente monta.
Essa igreja que está como cenário é a Igreja de São Tiago na comunidade da Vila de Mazagão Velho e a pomba branca representa a Festa do Divino Espírito Santo também na vila de Mazagão Velho e a coroa que se vê na cabeça dessa garotinha, era uma coroa utilizada por uma senhora chamada de Tia Odacina, que era moradora de Mazagão Velho, a qual é falecida e era a responsável pela manutenção da Festa do Divino.

O painel azul de trás com a lua eu tirei em frente de casa e ela está iluminando a pomba estrategicamente, porque em algumas comunidades a presença da lua tem muito a ver com a produção agrícola e simboliza o período de chuva, onde as pessoas podem plantar e colher, dentro dessa proposta do Projeto Avença, que quer dizer harmonia, a gente juntou um pouco de cada comunidade que a gente visitou e andou fazendo pesquisa (CARLOS AUGUSTO GOMES, 2015).

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