MACAPÁ ENTRA NA NOVA DÉCADA MUITO CARENTE
Rodolfo Juarez
No último
dia do ano, à guisa de avaliação do atual estágio da cidade, sai para verificar
como Macapá se encontrava para deixar para sua história mais uma década e
iniciar, no dia 1.º de janeiro, uma nova contagem de anos.
Já sai
sabendo das dificuldades alegadas pelo prefeito, das perspectivas anunciadas
pelo presidente do Congresso e das muitas reclamações que a população lista da
forma mais clara que entende possível e da maneira que pode ser entendida por
aqueles que disseram que iriam resolver os problemas da cidade.
Não adianta
o discurso de que estamos no estado que tem a floresta menos agredida da
Amazônia, pois, em contrapartida, vivemos em uma cidade onde a população tem
dificuldades para dispor de água potável, pois aonde chega essa água, há uma
desconfiança na qualidade, e aonde não chega, aí se estabelece o caos que
empurra a população para soluções não indicadas, mas que, na maioria dos casos
é a alternativa possível e que não melhora as condições sanitárias dos
habitantes.
Logo na
saída vem a informação de que a tubulação que transporta o esgoto sanitário,
desde os pontos de coleta até à lagoa de estabilização, no Araxá, está
completamente cheia devido à chuva que caiu recentemente e às ligações
clandestinas de tubulação de água servida e de telhado na rede de coleta de
esgoto.
Também se
tem a notícia de que está difícil aumentar o percentual de coleta de esgoto
sanitário em Macapá devido à falta de recursos. Enquanto isso a empresa que
deveria cuidar do fornecimento de água tratada e da ampliação da rede de
esgoto, está agonizando, fazendo o que pode, sabendo que esse Delta é muito
pouco.
A
Prefeitura Municipal de Macapá é a outra instituição que tem a incumbência de
cuidar dos outros meios que podem melhorar a qualidade de vida na cidade e no
interior do município.
Procura-se
ruas asfaltadas, sobre pavimentos tecnicamente construídos, com lançamento de
drenagem profunda e superficial, completadas com meio-fio, linha d’água e
calçadas, tudo isso devidamente sinalizado, com comunicação da coleta de águas
pluviais com os canais de drenagem. Esses elementos (canais) deveriam ser
devidamente revestidos com placas de concreto ou telas tipos gabião, com
muretas de proteção e com acabamento que os transformassem em um adorno urbano.
Na rápida
inspeção vi ruas (inclusive vias importantes) muito ruins, tendo a capa
asfáltica como se fosse uma colcha de retalhos e outras completamente
esburacadas, precisando de melhorias urgentes.
A orla da
cidade está com trechos completamente comprometidos e em vias de serem
“engolidos” pelo rio Amazonas. Onde ainda resta os balaústres de tubo de aço,
está a mensagem de pedido para que se faça pelo menos uma pintura. Noutras
partes, entretanto, os balaustres foram retirados, sabe-se lá por quem, uma
parte até que provocou a indignação do prefeito atual, mas que ficou só na
indignação. O trecho, agora, está pronto para ser levado pela maré de março.
Em
fevereiro, dia 25, é a terça-feira gorda de Carnaval. Fui ver o Sambódromo,
construído para o Carnaval de 1997, portanto há 22 anos. Minha surpresa: está
interditado e não vai poder ser o palco da maior festa popular dos macapaenses.
São
muitos os problemas, como por exemplo, a antiga casa do Governador, construída
quando o Amapá era um Território Federal e que teve como último morador o
governador Camilo Capiberibe, que deixou o Governo do Estado em 2014. O
Trapiche Municipal Eliezer Levy, antes importante terminal de embarque e
desembarque de carga, depois, uma atração turística e agora, completamente
abandonado. Serviu para base dos fogos do Réveillon 2019-2020. Um desperdício!
Mesmo
quando se faz obra, não há zelo pela cidade, que não tem plano de
desenvolvimento, não tem área definida para expansão, muito embora sua
população cresça a quase 2% ao ano.
Resumo: a
cidade não está preparada para entrar a nova década, mas entrou, tendo um
orçamento público insuficiente para dizer que vai mudar alguma coisa.
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