TEMOS RECEBIDOS ESTE ANO NOTICIAS REPENTINAS DA PARTIDAS DE GRANDES
PERSONAGENS IMPORTANTES DA NOSSA HISTORIA, HOJE TIVEMOS A PASSAGEM DESSA GRANDE
EDUCADORA, QUE GEROU UMA FAMÍLIA DE PROFISSIONAIS QUE COMO ELA ESTÃO
IMPULSIONANDO O AMAPÁ, 104 ANOS DE VIDA E DE HISTORIA PARA O AMAPÁ. SAUDADES A
SUA MEMORIA ESTARÁ GRAVADA ETERNAMENTE NO PANTEÃO DO AMAPÁ. HÁ FAMÍLIA OS PÊSAMES DO TRIBUNA AMAPAENSE, QUE LHE PRESTOU UMA MERECIDA HOMENAGEM CONTANDO
SUA HISTÓRIA.
"Não havia
energia elétrica com regularidade e os
professores levavam trabalho para
casa e tinham que
trabalhar a luz de vela ou lamparina
e não havia transporte. Tínhamos que andar a pé sob o sol escaldante ou de
bicicleta" - Professora Eulice de Souza Smith
Mais uma educadora pioneira amapaense
é retratada na editoria do pioneirismo do Tribuna Amapaense.Ela é a professora
Eulice de Souza Smith, nascido no dia 02 de março de 1911, na cidade de
Bragança (PA), na fazenda Fortaleza, que pertencia ao seus pais , Jorge Inácio
de Souza e Joana Ferreira de Souza. Completou 103 anos este ano, porém mantém a
jovialidade dos 70 anos.
Mantém-se impecável o dia inteiro.
Passas as hora lendo, outras vezes conversando e às vezes lembrando as fases
desses 103 anos de vida. Fala mansa e vista aguçada, às vezes é traída pelo
ouvido. Mas a lucidez é algo impressionante para uma centenária. Caminha sem
ajuda e sabe exatamente o que vem fazer, sem perder a hora nem a noção do
tempo.
Teve uma educação rigorosa, como
todos de sua época. Estudou na Escola Santa Catarina, um colégio interno de
Belém, dos sete aos 18 anos. Foi neste período que ela formou o caráter,
cultivou a religião e base moral, ética e espiritual.
A sua vida sempre foi dedicada à
leitura, poesia, música e ao estudo gramatical. Ainda hoje, por questão de
hábito, lê em torno de 8 a 10 h por dia. Religiosa e católica praticante, não só
dos rituais litúrgicos, quanto da vida de doação e amor ao próximo, atributos
desenvolvidos junto com o marido.
"Homem bom" - destaca
quando fala do marido Ricardo Smith, com muito carinho. Mesmo sendo militar e
severo, tinha um coração maior que os quase dois metros de altura, narra a
Professora Eulice Smith. "Ele trazia os moleques e mendigos para comer em
casa, na Rua São José, 1124, no centro, onde moro até hoje. Mandava tomar banho
e arranjava roupas. Ele teve mais de 500 afilhados, tanto em Macapá quanto nos
interiores, onde trabalhou", relembra.
Coordena as ações
Não mais com o vigor de outrora,
ainda participa dos trabalhos e atividades paroquiais. Era ela, junto com o
marido, que conduzia os rumos da educação dos filhos. Era matriarcal quando o
marido agia com a disciplina e o rigor militar.
Vinda para o Amapá
Chegou a Macapá, acompanhada do
marido em 1944, quando ele foi convidado a compor o quadro de pessoal do
governador Janary Gentil Nunes, o 1º do então Território Federal do Amapá.
Missão sem trégua
Quando enviuvou continuou sozinha na
missão de educar os filhos, netos e bisnetos. É também a mãezona dos filhos,
genros, amigos e das comunidades onde participa das ações. Os cabelos brancos
espelham a beleza de uma mulher que aprendeu a viver e a cultivar o amor e
mantém-se vaidosa porque aprendeu a se amar. "Ninguém consegue amar o
outro se não se ama", ensina.
A família
Ela e Ricardo Cardoso Smith tiveram
cinco filhos: Maria Regina, Maria Ivone, Maria das Graças, Raimundo de Souza
Smith e Ricardo Cardoso Smith Filho. Têm 14 netos e mais de 15 bisnetos. É a
matriarca da família Souza Smith. Temperamento dócil. Aparentemente frágil, mas
forte e altiva quando necessário.
Trajetória educacional
Atuou como professora do então ensino
primário, técnica em contabilidade e taquígrafa. Foi contemporânea e
amiga das professoras Predicanda Amorim Lopes, Dayse Nascimento e do marido
dela, professor Clodoaldo, Nanci Nina da Costa, Deuzuite Sá Farias, Ernestina
Neves Sozinho, José Barroso Tostes, Gabriel de Almeida Café e tantos outros
pioneiros da educação no Amapá.
Nesta época, relembra, não havia
energia elétrica com regularidade e os professores levavam trabalho para casa e
tinham que trabalhar a luz de vela ou lamparina e não havia
transporte."Tínhamos que andar a pé sob o sol escaldante ou de bicicleta"
narra.
Pioneiríssima
Teve atuação marcante como a 1ª
secretária da extinta Escola Normal, depois Instituto de Educação do Amapá
(IETA) e da também da extinta Escola Industrial de Macapá, depois Ginásio de
Macapá (GM) e atual Escola Antônio Cordeiro Pontes. Pela competência,
organização, disciplina e dedicação, foi guindada a gerenciar a Secretaria de
Educação do então Território Federal do Amapá, uma espécie de coringa
administrativa.
Quando o marido, Ricardo Smith,
militar do Exército foi comandar a guarnição de Clevelândia do Norte, ela teve
que ir junto para também ser professora naquela localidade. "Trabalhei
muito. Tempos difíceis. Mas nunca desisti de meu trabalho e jamais perdi a
esperança no ser humano. E em nenhum momento deixei de agradecer a Deus por tudo
que Ele vem me proporcionando", diz com tanta convicção como que revelando
os segredos da longevidade e felicidade.
Hoje Eulice Smith vive cercada dos
familiares e ainda continua com as ações de mãe, dona de casa e protetora dos
que a cercam e a procuram, no mesmo endereço. A prova da formação de caráter,
educação e disciplina são demonstradas pelo sucesso dos filhos, netos e
bisnetos que formados e empregados, dão continuidade ao respeito e honestidade
ensinados pelos sábios genitores.
(*) texto original do
jornalista Édi Prado - Matéria publicada, originalmente, em março de 2012
na Revista Olhar Amazônico.
V
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