quinta-feira, 25 de junho de 2020

SAÚDE EM FOCO - LESÕES E TRAUMAS PELOS USO DE MÁSCARAS


LESÕES E TRAUMAS PELOS USO DE MÁSCARAS


Por Jarbas de Ataíde


           O uso de mascaras tornou-se obrigatório entre as medidas de controle e prevenção da Covid19, em quase todos os protocolos de enfretamento da doença e como medida sanitária simples e acessível à maioria da população. Durante a pandemia ela se tornou não um adorno opcional, mas uma medida obrigatória, cujo uso evita tanto a transmissibilidade quanto a aquisição da doença.
          Tomamos conhecimento pelos relatos e pelas redes sociais que o uso pelos profissionais da equipe de saúde nas linhas de frente do enfrentamento da Covid-19, por períodos prolongados, causava uma série de transtornos e incômodos na face dos usuários. Estes necessitavam, para se proteger ou evitar a transmissão, utilizá-las por várias horas seguidas, causando irritação e até trauma nasal e nas orelhas.
         Lesões superficiais, arranhões, equimoses e dermatite alérgicas poderiam ocorrer. Em minha experiencia na Emergência Infantil (Pronto Atendimento Infantil-PAI) gerou não apenas desconforto, mas tive sangramento nasal (epistaxe) após 2 dias de uso, onde fiquei de 4 a 6 horas de uso contínuo ( em plantões de 12 horas), comprimindo a região nasal e causando irritação da mucosa nasal.
             As causas de epistaxe podem ser várias, sendo a região anterior responsável por 90 a 95% dos casos. As causas mais comuns de epistaxe são: iatrogênicas, uso de descongestionantes tópicos e devido a condições ambientais que propiciem ar secos. Podemos dividir as causas de epistaxe em locais e sistêmicas.
            Fatores locais: são aqueles que agem localmente levando a alterações no funcionamento da mucosa nasal, cursando com epistaxe. Foi o caso que aconteceu comigo, gerando trauma na mucosa anterior. O trauma é uma das causas mais importantes de epistaxe. Lesões de estruturas adjacentes ao nariz – tais como seios paranasais, órbita e ouvido médio – podem se manifestar com hemorragia nasal (epistaxe).
           Traumas mais severos, com fraturas de base de crânio com acometimento de seio esfenoidal podem levar a lesão da artéria septal posterior com epistaxe persistente e severa.  O uso de máscaras atinge e ocorre igual à manipulação em crianças, por trauma digital, levando a lesão da região anterior da cartilagem septal (zona de Kisselbach), que é bastante rica em vascularização capilar.
            O trauma contínuo, como o provocado pelas prensas, elásticos e estruturas das máscaras, podem resultar em exposição interna da cartilagem e inflamação local. Caso o pericôndrio seja destruído, há necrose e perfuração da cartilagem septal.  Contribui, também, a compressão e estase venosa causada pelos desvios anatômicos do septo nasal.
          Contribui para esses transtornos os materiais em que são feitas as máscaras, sendo as sintéticas e com estruturas metálicas, as que causam mais consequências traumáticas, do que as feitas de algodão ou tecidos mais finos. Mas nos locais de maior contato e contaminação deve-se primar pela prevenção, usando as mais adequadas como as FFP2 e N95, que possuem camadas e filtros que impedem a entrada de aerossóis.
          A OMS reconhece a necessidade da utilização de máscara de proteção respiratória, porém chama a atenção para que esta não seja utilizada por um período superior à 4h seguidas, devido ao desconforto por ela provocado (WHO, 2020a). O uso dos EPIs e a higienização das mãos são essenciais para a proteção ocupacional, porém, devido à Pandemia do SARS-COV-2, a necessidade da higiene frequente das mãos e o uso de luvas tem aumentado o risco de dermatites e dermatoses, podendo causar eritema, descamação, prurido, infecções secundárias e agravamento de doenças de pele preexistentes. O uso prolongado das máscaras, especialmente a N95/FFP2 e óculos de proteção, podem aumentar o risco de lesão por pressão e/ou fricção em face. (Galetto. et al, 2019; Darlenski e Tsankov, 2020).



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