Por Jarbas de Ataíde
O uso de mascaras tornou-se
obrigatório entre as medidas de controle e prevenção da Covid19, em quase todos
os protocolos de enfretamento da doença e como medida sanitária simples e acessível
à maioria da população. Durante a pandemia ela se tornou não um adorno
opcional, mas uma medida obrigatória, cujo uso evita tanto a transmissibilidade
quanto a aquisição da doença.
Tomamos conhecimento pelos relatos e
pelas redes sociais que o uso pelos profissionais da equipe de saúde nas linhas
de frente do enfrentamento da Covid-19, por períodos prolongados, causava uma
série de transtornos e incômodos na face dos usuários. Estes necessitavam, para
se proteger ou evitar a transmissão, utilizá-las por várias horas seguidas,
causando irritação e até trauma nasal e nas orelhas.
Lesões superficiais, arranhões,
equimoses e dermatite alérgicas poderiam ocorrer. Em minha experiencia na
Emergência Infantil (Pronto Atendimento Infantil-PAI) gerou não apenas desconforto,
mas tive sangramento nasal (epistaxe) após 2 dias de uso, onde fiquei de 4 a 6
horas de uso contínuo ( em plantões de 12 horas), comprimindo a região nasal e
causando irritação da mucosa nasal.
As causas de epistaxe podem ser
várias, sendo a região anterior responsável por 90 a 95% dos casos. As causas
mais comuns de epistaxe são: iatrogênicas, uso de descongestionantes tópicos e
devido a condições ambientais que propiciem ar secos. Podemos dividir as causas
de epistaxe em locais e sistêmicas.
Fatores locais: são aqueles que agem
localmente levando a alterações no funcionamento da mucosa nasal, cursando com
epistaxe. Foi o caso que aconteceu comigo, gerando trauma na mucosa anterior. O
trauma é uma das causas mais importantes de epistaxe. Lesões de estruturas
adjacentes ao nariz – tais como seios paranasais, órbita e ouvido médio – podem
se manifestar com hemorragia nasal (epistaxe).
Traumas mais severos, com fraturas
de base de crânio com acometimento de seio esfenoidal podem levar a lesão da
artéria septal posterior com epistaxe persistente e severa. O uso de máscaras atinge e ocorre igual à manipulação
em crianças, por trauma digital, levando a lesão da região anterior da cartilagem
septal (zona de Kisselbach), que é bastante rica em vascularização capilar.
O trauma contínuo, como o provocado pelas prensas, elásticos e
estruturas das máscaras, podem resultar em exposição interna da cartilagem e
inflamação local. Caso o pericôndrio seja destruído, há necrose e perfuração da
cartilagem septal. Contribui, também, a
compressão e estase venosa causada pelos desvios anatômicos do septo nasal.
Contribui para esses transtornos os
materiais em que são feitas as máscaras, sendo as sintéticas e com estruturas
metálicas, as que causam mais consequências traumáticas, do que as feitas de
algodão ou tecidos mais finos. Mas nos locais de maior contato e contaminação
deve-se primar pela prevenção, usando as mais adequadas como as FFP2 e N95, que
possuem camadas e filtros que impedem a entrada de aerossóis.
A OMS reconhece a necessidade da utilização de máscara de proteção
respiratória, porém chama a atenção para que esta não seja utilizada por um
período superior à 4h seguidas, devido ao desconforto por ela provocado (WHO,
2020a). O uso dos EPIs e a higienização das mãos são essenciais para a proteção
ocupacional, porém, devido à Pandemia do SARS-COV-2, a necessidade da higiene
frequente das mãos e o uso de luvas tem aumentado o risco de dermatites e
dermatoses, podendo causar eritema, descamação, prurido, infecções secundárias
e agravamento de doenças de pele preexistentes. O uso prolongado das máscaras,
especialmente a N95/FFP2 e óculos de proteção, podem aumentar o risco de lesão
por pressão e/ou fricção em face. (Galetto. et al, 2019; Darlenski e Tsankov,
2020).

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