QUANDO ENCARAR O ENVELHECER COMO
PATOLÓGICO - PARTE I
Por Jarbas de Ataíde
Não
podemos fugir das amarras e marcas do envelhecimento, decorrente da passagem do
tempo. O envelhecer faz parte do ciclo da vida biológica dos seres vivos,
atingindo as dimensões orgânica e psíquica, podendo influenciar na autonomia e
independência nos últimos dias existência. Por que, então, não investir agora,
antes que isso aconteça?
Não
podemos impedir esse processo, mas existe fatores que podem agravar ou
desacelerar os mecanismos fisiológicos, metabólicos e mentais que se instalaram
com o passar dos anos. Mas para isso, precisamos saber quais os principais
fatores e os mecanismos que ocorrem com a senilidade (envelhecer com doenças
incapacitantes) ou a senescência (envelhecer com saúde, sem doenças aparentes).
O
envelhecimento fisiológico bem-sucedido mantém as funções dos órgãos, aparelhos
e sistemas dentro de parâmetros aceitáveis, semelhantes à idade adulta. Mas no
envelhecer usual ocorre declínio gradual e progressivo das funções cardiológicas,
respiratórias, osteo-articulares, imunológicas e mentais, mas sem trazer
incapacidade ao portador, apesar de causar certas limitações.
As
características orgânicas próprias do envelhecimento, as facilidades da
automedicação pelas redes sociais e os efeitos colaterais danosos das drogas
sintéticas, levam os idosos a ter bastante cuidado com uso e abuso de
medicamentos. Essas alterações orgânicas e metabólicas dos idosos (+ 60 anos)
se baseiam em duas constatações:
·
DIMINUIÇÃO DA RESERVA FUNCIONAL E DO
EQUILÍBRIO DO METABOLISMO: os órgãos funcionam aquém da
normalidade;
·
ALTERAÇÃO E REDUÇÃO DO MOVIMENTO DAS
DROGAS NO ORGANISMO: são menos absorvidas e assimiladas pelo
corpo;
As deficiências da idade
avançada, as doenças crônico-degenerativas e as incapacidades levam os idosos a
consumir mais drogas para cuidar de várias patologias ao mesmo tempo. Temos
alterações na farmacocinética, farmacodinâmica, na absorção, distribuição,
metabolismo e excreção das drogas.
Os setores e órgãos que
absorvem as drogas, como estômago e intestino, estão com produção insuficiente
de Ac. Clorídrico, influenciando na dissolução das drogas; diminuição da
circulação gástrica; redução/retardo na absorção; aumento do tempo do
esvaziamento gástrico; atrofia da mucosa intestinal; e síndrome de má absorção
intestinal.
Estando mal absorvido, o
medicamento é também pouco distribuído, devido aumento da gordura corporal
(facilita para drogas lipossolúveis), redução da água intracelular (reduz
absorção das hidrossolúveis) e diminuição da albumina plasmática, fazendo com
que a fração livre fique aumentada no sangue.
O metabolismo,
principalmente no fígado, fica deficiente (em até 35%, entre 20 a 70 anos),
ocasionando diminuição do processo de desintoxicação hepática, diante de várias
doenças, fatores ambientais (consumo de álcool) e associação de fármacos. Os
efeitos adversos dessas drogas ficam mais forte, devido ficar livre no sangue.
O idoso precisa eliminar os
metabolitos e derivados pela urina, mas a excreção renal está deficiente, com
redução significativa da função renal, atrofia do tecido renal em 40%,
reduzindo a filtração glomerular, a filtragem do sangue e do fluxo plasmático
renal (40%).
Todas essas alterações e
deficiências próprias da 3ª idade necessitam ser avaliadas e monitoradas por
exames complementares especializados, a fim de se avaliar quais medicações
devem tomar. Tudo isso contribui para o
insucesso do tratamento de muitas doenças, pelo surgimento de outras ou pelo agravamento
das existentes.
Esse contexto de debilidades
orgânicas não tratadas ou não orientadas poderá levar à chamada síndrome da
fragilidade ou frailty. Existem vários fatores de risco que levam à
essa síndrome: hereditariedade, sexo
feminino, baixo nível socioeconômico, má nutrição, sedentarismo, senescência,
sarcopenia (perda muscular), anorexia e as comorbidades ou doenças
incapacitantes (AVE, Alzheimer, Parkinson, depressão).
Dessas, destaque se dá para
a hereditariedade, os hábitos de vida e as doenças debilitantes como os “principais
determinantes para a desregulação das funções orgânicas, cuja perda da harmonia
(homeostase), gera perda de autonomia e independência, hospitalização,
institucionalização e morte”. (Fonte: Envelhecimento e Saúde da Pessoa
Idosa. Edgar N. Moraes). JARBAS ATAÍDE.
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