sábado, 22 de agosto de 2020

SAÚDE EM FOCO - JARBAS DE ATAÍDE


QUANDO ENCARAR O ENVELHECER COMO PATOLÓGICO - PARTE I



Por Jarbas de Ataíde


Não podemos fugir das amarras e marcas do envelhecimento, decorrente da passagem do tempo. O envelhecer faz parte do ciclo da vida biológica dos seres vivos, atingindo as dimensões orgânica e psíquica, podendo influenciar na autonomia e independência nos últimos dias existência. Por que, então, não investir agora, antes que isso aconteça?
Não podemos impedir esse processo, mas existe fatores que podem agravar ou desacelerar os mecanismos fisiológicos, metabólicos e mentais que se instalaram com o passar dos anos. Mas para isso, precisamos saber quais os principais fatores e os mecanismos que ocorrem com a senilidade (envelhecer com doenças incapacitantes) ou a senescência (envelhecer com saúde, sem doenças aparentes).
O envelhecimento fisiológico bem-sucedido mantém as funções dos órgãos, aparelhos e sistemas dentro de parâmetros aceitáveis, semelhantes à idade adulta. Mas no envelhecer usual ocorre declínio gradual e progressivo das funções cardiológicas, respiratórias, osteo-articulares, imunológicas e mentais, mas sem trazer incapacidade ao portador, apesar de causar certas limitações.
As características orgânicas próprias do envelhecimento, as facilidades da automedicação pelas redes sociais e os efeitos colaterais danosos das drogas sintéticas, levam os idosos a ter bastante cuidado com uso e abuso de medicamentos. Essas alterações orgânicas e metabólicas dos idosos (+ 60 anos) se baseiam em duas constatações:
·                  DIMINUIÇÃO DA RESERVA FUNCIONAL E DO EQUILÍBRIO DO METABOLISMO: os órgãos funcionam aquém da normalidade;
·                  ALTERAÇÃO E REDUÇÃO DO MOVIMENTO DAS DROGAS NO ORGANISMO: são menos absorvidas e assimiladas pelo corpo;
As deficiências da idade avançada, as doenças crônico-degenerativas e as incapacidades levam os idosos a consumir mais drogas para cuidar de várias patologias ao mesmo tempo. Temos alterações na farmacocinética, farmacodinâmica, na absorção, distribuição, metabolismo e excreção das drogas.
Os setores e órgãos que absorvem as drogas, como estômago e intestino, estão com produção insuficiente de Ac. Clorídrico, influenciando na dissolução das drogas; diminuição da circulação gástrica; redução/retardo na absorção; aumento do tempo do esvaziamento gástrico; atrofia da mucosa intestinal; e síndrome de má absorção intestinal.
Estando mal absorvido, o medicamento é também pouco distribuído, devido aumento da gordura corporal (facilita para drogas lipossolúveis), redução da água intracelular (reduz absorção das hidrossolúveis) e diminuição da albumina plasmática, fazendo com que a fração livre fique aumentada no sangue.
O metabolismo, principalmente no fígado, fica deficiente (em até 35%, entre 20 a 70 anos), ocasionando diminuição do processo de desintoxicação hepática, diante de várias doenças, fatores ambientais (consumo de álcool) e associação de fármacos. Os efeitos adversos dessas drogas ficam mais forte, devido ficar livre no sangue.
O idoso precisa eliminar os metabolitos e derivados pela urina, mas a excreção renal está deficiente, com redução significativa da função renal, atrofia do tecido renal em 40%, reduzindo a filtração glomerular, a filtragem do sangue e do fluxo plasmático renal (40%). 
Todas essas alterações e deficiências próprias da 3ª idade necessitam ser avaliadas e monitoradas por exames complementares especializados, a fim de se avaliar quais medicações devem tomar.  Tudo isso contribui para o insucesso do tratamento de muitas doenças, pelo surgimento de outras ou pelo agravamento das existentes.
Esse contexto de debilidades orgânicas não tratadas ou não orientadas poderá levar à chamada síndrome da fragilidade ou frailty. Existem vários fatores de risco que levam à essa síndrome:  hereditariedade, sexo feminino, baixo nível socioeconômico, má nutrição, sedentarismo, senescência, sarcopenia (perda muscular), anorexia e as comorbidades ou doenças incapacitantes (AVE, Alzheimer, Parkinson, depressão).  
Dessas, destaque se dá para a hereditariedade, os hábitos de vida e as doenças debilitantes como os “principais determinantes para a desregulação das funções orgânicas, cuja perda da harmonia (homeostase), gera perda de autonomia e independência, hospitalização, institucionalização e morte”. (Fonte: Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa.  Edgar N. Moraes). JARBAS ATAÍDE.









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