A classe política amapaense está fracassada
Dr. Besaliel Rodrigues
O Brasil inteiro assiste perplexo o drama que o Estado do Amapá está vivendo. Não bastasse uma das piores conduções políticas da pandemia do COVID-19 denunciada por vários órgãos de imprensa em cadeia (inter)nacional de televisão, com destaque para o repórter Roberto Cabrini, agora, há quase duas semanas, a situação se extrema com a crise energética fruto da explosão de transformadores que davam sustentação elétrica para a Capital e todos os demais municípios do Estado, escapando apenas três – Oiapoque, Laranjal do Jari e Vitória do Jari – por terem geradores locais próprios e independentes.
A população do Estado do Amapá ficou às escuras por diversas noites e, agora, está vivendo em regime forçado de racionamento e revezamento de energia nas cidades e nos bairros. O povo está desgraçadamente sofrendo, não somente a falta de energia, mas de água, de internet, a perda de alimentos nos lares, sujeição ao calor, aos ataques de pernilongos, comprometimento nos tratamentos de enfermidades que dependem de aparelhos elétricos, de refrigeração, como insulinas etc. Os prejuízos dos comerciantes a cada dia se tornam gigantescos. Os postos de combustíveis ficaram sem poder abastecer os veículos, os profissionais liberais, os empreendedores em geral, nem se fala. Enfim, tudo, na esfera pública e privada, ficou em crise. A lista é longa.
Diante deste quadro tenebroso, a sociedade amapaense descobriu que possui uma das piores classes políticas da República. Diante do caos que se instalou no Estado todo, todos os líderes locais, sem exceção, começaram a jogar a culpa um no colo do outro e, também, tentar tirar alguma vantagem política para si. Eles estão “dançando o samba do criolo doido”. Ainda hoje, dez dias depois do início da crise do apagão, a confusão política continua. O Amapá está uma verdadeira “Casa da mãe joana”. Em nossa opinião, a impressão que dá é que o Amapá está afundando e os políticos estão correndo de um lado para o outro, gritando, sem conseguir efetivar nenhuma ação concreta de socorro. Incompetência generalizada!
Para piorar, alguns políticos, ao invés de manter a classe e o diálogo, estão começando a gritar, isso mesmo que você leu, gritar nos meios de comunicação, cobrando uns dos outros soluções mágicas do problema quando, na verdade, falharam, pois, não estavam fiscalizando o que deveriam fiscalizar, pode dever de ofício.
Enquanto a classe política eleita e em pleno exercício do poder não consegue resolver nada, o Presidente da República, constrangido, está agindo para estabilizar a situação caótica em que se encontra o Estado. Também, revestido de sensatez, o Presidente do TSE – Tribunal Superior Eleitoral, de forma inusitada, suspendeu as eleições municipais pelo menos em Macapá Capital, onde está o maior número de habitantes submetidos à tragédia local acima descrita. Um absurdo. Macapá será a única Capital com eleições adiadas.
Olhando sinoticamente o panorama atual do Estado do Amapá, o Brasil inteiro, que também tem diversos problemas em todas as outras unidades da Federação, vê que a situação amapaense é a pior de todas. Jornalistas, autoridades em geral e lideranças diversas do país estão chocadas com a precariedade política deste ente da República brasileira que, diga-se, fruto do voto da democracia vigente.
Na opinião corrente, não dá para compreender o que estão fazendo as autoridades executivas, legislativas, judiciárias e as funções essenciais à Justiça no âmbito do referido Estado, pois, desde que foi criado como unidade federativa pela Constituição Federal de 1988, o Estado do Amapá não consegue se desenvolver em nenhum aspecto, sendo atualmente um dos estados mais pobres e menos desenvolvidos do Brasil, tanto que toda a Nação está testemunhando, ao vivo, sua chegada ao fundo do poço.
A perplexidade se torna maior, pois, não dá para entender como senadores, deputados federais e estaduais, gestores executivos etc., se elegeram prometendo tanta coisa e, depois que chegaram ao poder e passaram a usufruir de tantas mordomias, prerrogativas e ferramentas de ação, não conseguem promover ações efetivas, verdadeiras, concretas que possibilitem o mínimo de desenvolvimento em favor de um povo tão sofrido e abandonado, como o Brasil está vendo neste momento pelos meios de comunicação.
Em nossa opinião, a atual geração de políticos amapaense faliu, fracassou, foi incompetente frente a oportunidade que o povo lhes deu durante estas três décadas, desde a implantação efetiva do Estado.
Ao nosso ver, ainda não será nesta eleição de 2020 que a mudança necessária irá acontecer, que nova geração de políticos irá conseguir se erguer. O tempo hoje está fechado no que toca aos destinos deste tão pequeno e carente Estado. Mas, acreditamos que, a partir do próximo pleito de 2022 um novo grupo de líderes se levantará para gerir, com mais competência e responsabilidade, nossa Cidade, pois, se assim não acontecer, perderemos nossa última saída: a esperança!
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