sexta-feira, 20 de novembro de 2020

– Direito & Cidadania – Políticos amapaenses poderão ser denunciados às Cortes Internacionais de Direitos Humanos

 – Direito & Cidadania – 

Políticos amapaenses poderão ser denunciados às Cortes Internacionais de Direitos Humanos



Dr. Besaliel Rodrigues

  A classe política amapaense não consegue conter a maior tragédia humanitária da história recente da república brasileira. A incompetência dos representantes do povo, eleitos pelo voto popular, tornou-se explícita aos olhos da Nação. Ressalte-se mesmo que o Brasil tenha suas mazelas e várias unidades da Federação sejam problemáticas, mas o Estado do Amapá acabou de descobrir que, em termos de gestão pública e política, hoje, é o pior Estado da Federação.

  A crise humanitária amapaense começou com a pandemia do Coronavirus e culminou com as tragédias do apagão energético. De repente, descobrimos que nossos representantes políticos estão exercendo seus mandatos sem nenhum compromisso. Somente agora, depois do escândalo nacional, alguns estão correndo de um lado para o outro na tentativa de ludibriar com alguns discursos e algumas ações de efeito moral. Na verdade, acreditamos que além de medidas judiciais nacionais, talvez o povo poderia entrar com ações nas Cortes Internacionais de Direitos Humanos contra eles por prática de crimes contra a dignidade da pessoa humana, em face do abandono, das mortes, doenças, aumento da miséria e da pobreza etc, causados por tais negligências políticas. 

  É bem verdade, e nem precisa está dizendo aqui, que o principal papel das autoridades políticas é administrar e fiscalizar a coisa pública. Então, nem adianta ficar jogando a culpa de um lado para o outro. Não somos burros. Sabemos qual o papel de cada político. Não é à toa (talvez esteja sendo) que pagamos milhões de impostos mensalmente para manter os altíssimos salários, mordomias, gabinetes, transportes, assessorias etc de prefeitos, vereadores, governadores, senadores, deputados federais e estaduais que não estão dão conta de fiscalizar pelo menos o processo de fornecimento de energia elétrica de nosso Estado e municípios. Imagine, então, o que mais eles estão negligenciando?

  O prejuízo com esses representantes políticos está cada vez mais alto. Ainda mais agora com esse apagão (e outro apagão dentro do apagão) que não acaba mais. Estamos ficando mais pobres, literalmente, mais pobres, com comidas e remédios estragados, eletrodomésticos pifados, além do estresse de falta de higiene adequado, noites mal dormidas, ataques de pernilongos, calor, vida toda precária, uma crise humanitária generalizada.

  E para piorar, neste momento de desdita social, a classe política se dividiu em dois grupos. Uma parte sumiu. Onde estão; ninguém sabe, ninguém viu (parlamentares municipais, estaduais e deputados federais, dentre outros). A outra metade aparece aqui e acolá com alguma estratégia de efeito para postar nas redes sociais e tirar proveito da situação. No caso dos três senadores, um fato interessante observado: Um está agindo junto ao Poder Judiciário Federal, com diversas ações, pedindo urgência nas soluções, indenizações coletivas, afastamento de gestores etc. Outro está atuando junto ao Poder Legislativo Federal, com projetos de leis com aprovações urgentíssimas, no sentido de viabilizar o pagamento de auxílios financeiros que possam amenizar as desgraças humanitárias e os prejuízos materiais que todo o povo está sofrendo. E o outro está atuando junto ao Poder Executivo Federal, em busca de medidas administrativas urgentes e efetivas, articulando, inclusive, a vinda do Chefe da Nação ao Estado para que, in loco, veja e se comova com o “holocausto social” que o caos causou nas vidas humanas amapaenses.

  Mas, pasmem, com toda esta situação dramática, um fato revolta em extremo. Algumas autoridades ainda estão tendo a insensatez de romantizar o caos, falando para as pessoas que tenham calma, que tudo vai passar etc. Claro que tudo vai passar. O problema é que essas pessoas que romantizam o caos deveriam mudar esse discurso e ter um pouco de empatia e se colocar, pelo menos por um momento, no lugar do povo que está sofrendo esta tragédia humanitária, com inúmeras limitações, inclusive de sobrevivência.

Sabemos que estas autoridades não irão fazer isso. Mas deveriam se sentir envergonhadas por terem falhado no mister público recebido das mãos dos cidadãos, por meio do voto. Deveriam reconhecer que negligenciaram na atuação fiscalizatória inerente à função pública que exercem. Deveriam demonstrar ressentimentos e pedir desculpas para a sociedade. Seria o mínimo a fazerem.

Mas eles não terão coragem de fazer isso, de assumirem seus próprios erros! Alguns, de forma leviana, ainda irão acusar o povo de não saber votar, quando, na verdade, a maioria do povo é de boa fé e sempre vota acreditando que o eleito vai aproveitar a oportunidade e vai cumprir com todas as promessas eleitorais feitas nas campanhas.

  A sociedade cumpre seu papel direitinho: trabalha, paga impostos, voto credulamente etc. E vocês políticos...

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