sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

SAÚDE EM FOCO - GEA E PMM: MEDIDAS URGENTES DE CONTROLE DO SARAMPO

GEA E PMM: MEDIDAS URGENTES DE CONTROLE DO SARAMPO

Oiapoque, com cobertura vacinal de sarampo de 11%, poderá agravar na população indígena. Foto: Elmano Pantoja (2016)

Por Dr, Jarbas de Ataíde


         Para respaldar o conteúdo de futuros artigos, iniciei uma enquete sobre a atuação do PAI/HCA, no intuito de coletar a visão de quem lá trabalha e de quem é atendido. A pesquisa envolve perguntas de múltipla escolha, sobre fluxo, papel e desempenho da unidade, opinião sobre a missão das instituições, estrutura e condições de   trabalho.

          Como ainda não tenho dados, vamos continuar mantendo a nossa linha de análise crítica sobre os dados existentes e de conhecimento público e divulgados pela imprensa.

         Conforme o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan-AP), entre 1º de janeiro e 3 de dezembro, foram notificados 328 casos de sarampo; destes, 169 foram confirmados, 140 descartados e 19 ainda estavam em investigação, mas esses números já mudaram (g1.globo.com).

 Como disse no artigo anterior, estamos passando por um surto de sarampo, coincidindo com a Covid-19 e um surto de diarreia, comum no período chuvoso. Não podemos descartar a possibilidade de crianças serem acometidas e contaminadas pelas três síndromes virais(sarampo, covid-19 e enterite viral).

Vamos ser realistas. Se os gestores locais elaboraram um plano de fluxo para atendimento de crianças com Covid-19 somente após denúncias e Ação Civil Pública no Ministério Público-MP, agora vão ter que incluir o surto de outra doença grave (Sarampo), que pode culminar também com óbitos.

Em maio de 2017 os gestores de saúde se reuniram para enfrentar a superlotação do PAI, cuja demanda de 70% a 80% poderia ser atendida nas UBS. Com o acordo, que partiu da SESA, “a demanda iria diminuir e a equipe não ficaria sobrecarregada...”. A classificação de risco, que avalia a situação das crianças, direcionaria o caso conforme a necessidade. Mas tal acordo não se concretizou.

Os acometidos pelo sarampo são as crianças pequenas não vacinadas e os adultos sem imunidade. A vacinação de bloqueio é a estratégia mais acertada e urgente, contudo, as condições e estrutura para assistência e tratamento das crianças acometidas é também uma necessidade premente, que exige resposta imediata dos gestores em saúde.

Assim como o GEA e a PMM não criaram condições para assistência às crianças no começo da pandemia de Covid-19, da mesma forma, agora, com o surto de sarampo, está ocorrendo varias carências. Vamos descrever algumas medidas de controle que deverão ter ação conjunta dos entes governamentais:

1.                VACINAÇÃO DE BLOQUEIO. É a única forma de prevenir. Na campanha a anterior, a cobertura vacinal não chegou à 40% na maioria dos 16 municípios amapaenses, sendo que Macapá e Santana chegou a pouco mais de 30% e Oiapoque com apenas 11%, diante duma previsão de 95% preconizada pelo Ministério da Saúde.

2.                INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA. Obtenção de informações detalhadas dos casos suspeitos e mecanismos de transmissão.  Documentação das manifestações clínicas, medidas de controle, coleta de sangue para sorologia, identificação de suspeitos, avaliação de cobertura vacinal e a execução imediata de ações de controle.

3.                BLOQUEIO VACINAL. Feito de forma seletiva em todos os contatos, no domicilio, vizinhos, creches, alojamentos, sala de trabalho. Imaginem no PAI, sem enfermarias apropriadas para isolamento dos casos. As outras crianças estão sujeitas a serem contaminadas;

4.                OPERAÇÃO LIMPEZA. A partir de todo caso confirmado, ampliada para o bairro e até municípios vizinhos. Tanto para bloqueio, quanto para operação limpeza a faixa etária deve ser de 6 meses a 49 anos;

5.                ISOLAMENTO DE CASO. Esse é o grande problema do PAI, que não possui estrutura para acolher os casos que precisem de internação, complicados pela pneumonia.  Esse isolamento em casa ou no hospital, seria uma forma de diminuir o risco de transmissão. (Fonte: g1.globo.com; Guia de doenças infecciosas e parasitárias. Brasília, 2010). JARBAS ATAÍDE, 14.12.2020.

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