GEA E PMM: MEDIDAS URGENTES DE CONTROLE DO SARAMPO
Oiapoque, com cobertura vacinal de sarampo de 11%, poderá agravar na população indígena. Foto: Elmano Pantoja (2016)
Por Dr, Jarbas de Ataíde
Para respaldar o conteúdo de futuros artigos,
iniciei uma enquete sobre a atuação do PAI/HCA, no intuito de coletar a visão de
quem lá trabalha e de quem é atendido. A pesquisa envolve perguntas de múltipla
escolha, sobre fluxo, papel e desempenho da unidade, opinião sobre a missão das
instituições, estrutura e condições de
trabalho.
Como ainda não tenho dados, vamos
continuar mantendo a nossa linha de análise crítica sobre os dados existentes e
de conhecimento público e divulgados pela imprensa.
Conforme o Sistema de Informação de
Agravos de Notificação (Sinan-AP), entre 1º de janeiro e 3 de dezembro,
foram notificados 328 casos de sarampo; destes, 169 foram confirmados,
140 descartados e 19 ainda estavam em investigação, mas esses números já
mudaram (g1.globo.com).
Como disse no artigo anterior, estamos
passando por um surto de sarampo, coincidindo com a Covid-19 e um surto de
diarreia, comum no período chuvoso. Não podemos descartar a possibilidade de
crianças serem acometidas e contaminadas pelas três síndromes virais(sarampo,
covid-19 e enterite viral).
Vamos
ser realistas. Se os gestores locais elaboraram um plano de fluxo para atendimento
de crianças com Covid-19 somente após denúncias e Ação Civil Pública no
Ministério Público-MP, agora vão ter que incluir o surto de outra doença grave
(Sarampo), que pode culminar também com óbitos.
Em
maio de 2017 os gestores de saúde se reuniram para enfrentar a superlotação do
PAI, cuja demanda de 70% a 80% poderia ser atendida nas UBS. Com o acordo, que
partiu da SESA, “a demanda iria diminuir e a equipe não ficaria sobrecarregada...”.
A classificação de risco, que avalia a situação das crianças, direcionaria o
caso conforme a necessidade. Mas tal acordo não se concretizou.
Os
acometidos pelo sarampo são as crianças pequenas não vacinadas e os adultos sem
imunidade. A vacinação de bloqueio é a estratégia mais acertada e urgente,
contudo, as condições e estrutura para assistência e tratamento das crianças
acometidas é também uma necessidade premente, que exige resposta imediata dos gestores
em saúde.
Assim
como o GEA e a PMM não criaram condições para assistência às crianças no começo
da pandemia de Covid-19, da mesma forma, agora, com o surto de sarampo, está
ocorrendo varias carências. Vamos descrever algumas medidas de controle que
deverão ter ação conjunta dos entes governamentais:
1.
VACINAÇÃO DE BLOQUEIO. É a única forma de
prevenir. Na campanha a anterior, a cobertura vacinal não chegou à 40% na
maioria dos 16 municípios amapaenses, sendo que Macapá e Santana chegou a pouco
mais de 30% e Oiapoque com apenas 11%, diante duma previsão de 95% preconizada
pelo Ministério da Saúde.
2.
INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA. Obtenção de
informações detalhadas dos casos suspeitos e mecanismos de transmissão. Documentação das manifestações clínicas,
medidas de controle, coleta de sangue para sorologia, identificação de
suspeitos, avaliação de cobertura vacinal e a execução imediata de ações de
controle.
3.
BLOQUEIO VACINAL. Feito de forma seletiva em
todos os contatos, no domicilio, vizinhos, creches, alojamentos, sala de
trabalho. Imaginem no PAI, sem enfermarias apropriadas para isolamento dos
casos. As outras crianças estão sujeitas a serem contaminadas;
4.
OPERAÇÃO LIMPEZA. A partir de todo caso
confirmado, ampliada para o bairro e até municípios vizinhos. Tanto para
bloqueio, quanto para operação limpeza a faixa etária deve ser de 6 meses a 49
anos;
5.
ISOLAMENTO DE CASO. Esse é o grande problema
do PAI, que não possui estrutura para acolher os casos que precisem de
internação, complicados pela pneumonia.
Esse isolamento em casa ou no hospital, seria uma forma de diminuir o
risco de transmissão. (Fonte: g1.globo.com; Guia de doenças infecciosas e
parasitárias. Brasília, 2010). JARBAS ATAÍDE, 14.12.2020.
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