Caolho no aniversário de Macapá
Por Roberto Gato
Eu sempre muito festejado pelos meus lindos olhos verdes, passei um período caolho, de olho verde, mas... Caolho!
Deixa contar rapidinho a história pra vocês.
É que em outubro tive um descolamento de retina e entre consultas e exames, fui encaminhado por uma médica oftalmologista, com especialidade em retina a operar. Mas entre marcha e contra marcha chegamos ao primeiro dia de fevereiro. Todo bom amapaense sabe que quatro de fevereiro é o aniversário de Macapá. Quem ama Macapá quer passar a data magna da cidade festejando, apesar da pandemia. Mas deitado e, de bruços. É foda. Mas não teve outro jeito, passei o quatro de fevereiro em Belém. Deitado e olhando para o chão. Essa é a recomendação médica para quem faz essa cirurgia. “Não olhe pra cima”. Então fiquei olhando para o chão e adormeci. Cara! Minha alma me abandonou e viajou para Macapá.
Na viagem, vi o Nivito perambulando pelo Rio Amazonas a cantar "bunito“, uma das mais belas canções de sua autoria. A letra responde ao amigo distante que lhe pergunta onde ele estava. E ele poeta dos bons. Respondeu poeticamente ao amigo:
“Quer saber onde estou”? Estou no Norte do Brasil, estou em Macapá. Dançando Marabaixo, tomando gengibirra, coisas da nossa origem, tô falando do Curiaú, tô no Trapiche, Fortaleza, Quebra Mar. Porra, ele estava em Macapá. Comendo camarão no bafo em Fazendinha e meu corpo de tampão no olho.
Bem... a alma chegou ao quebra mar. Aí, viu o Carlitão acompanhado do Álvaro. Ele, o Álvaro, de violão em punho, e, o Carlitão, cantando “Minha cidade é tão linda, quando é noite de Lua cheia, a maré batendo no quebra mar, a luz da lua é quem clareia. Na Pedra encantada meu São José, abençoando quem parte e quem chega... .
No refrão “E ô E ô Maçaricó, eu quero ver maçaricó”. Aí eu não aguentei. Dancei o Maçaricó. Rodopiei tanto que fiquei tonto.
A alma saiu pela orla e no Mercado Central. Pimba! Ouviu a declamação de uma pérola do Joãozinho Gomes e Val Milhomem que diz assim: “quem nunca viu o Amazonas nunca irá entender a vida de um povo de alma e cor brasileiras, suas conquistas ribeiras, seu ritmo novo. Não contará nossa história, por não saber e nem fazer jus”. Era o Tomé, com todo seu talento de ator. Pretinho bom da porra. E a Popoca dançava com aquela alegria que só ela tem. Tava tudo lindo.
Não resistiu. Ligou o rádio na 630 AM, Rádio Difusora de Macapá. A mais tradicional do Amapá e lá estava a Verônica do Marabaixo entoando com sua inconfundível Caixa de Marabaixo um hino da africanidade amapaense. “Pra onde tu vai rapaz, por esse caminho sozinho, vou fazer minha morada lá nos campos do laguinho” e, por falar em história da nossa terra, em seguida entra no ar o nosso decano do Tribunal de Justiça, Gilberto de Paula Pinheiro, filho do seu Manoel da Casa Estrela, aquele, dono desse comércio tradicional que ficava no coração da Favela. Leopoldo Machado com a Cora de Carvalho e ai uma aula sobre a origem de Macapá.
“A cidade de São José de Macapá surge no contexto das políticas Pombalinas para Amazônia”. Com propósito de assegurar o povoamento e a defesa militar da Amazônia. Assegurando aos portugueses o domínio sobre as terras compreendidas entre o Amazonas e o Rio Oiapoque. Dizia com desenvoltura e sabedoria o Beto da Favela. E prosseguia... Em 1738 foi instalado em Macapá um destacamento militar, mas só em fevereiro 1758 o governador do Estado do Grão Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado voltou a Macapá com grande comitiva e fundou a Cidade de Macapá, que já havia tido o nome de Adelantado de Nueva Anda Luzia etc... Vem Janary com a criação do Território Federal em 1943, pelo presidente Getúlio Vargas e vamos até os dias atuais, 263 anos.
Nesse meio de história ai tem Gertrudes, Congós, a família Costa, Julião Ramos, Tia Dulce Moreira, Piloto, Jagunço, Paraense Berlamino de Barrios, Minerva Coelho, Julião Ramos, Pavão, Ladislao, João Barca, Natalina, Munhoz, Edésio, Roxinho, Luciano, Vagalume, Mestre Benedito, Mestre Júlio, Ary Barbosa Mira, Sinamar, Zoraide, Milton de Souza Correa, Alceu Paulo Ramos, Lourenço Tavares,Abdalla Houat, Stephan Houat, Rafique, Mair Bermeguy, Cicero Bordalo, Pedro Petycov, Professor Pereira, Edésio, Avertino Ramos, Sillas Assis, Ubiracy Picanço, Sabazão, Francisco Severo de Souza, Jarbas Ferreira Gato, Raimundo Moura do Nascimento (Gatão), Ana Alves de Oliveira, Acinê, Altevir, Maria Antônia, Salomão Alcolumbre, Nazaré Braga, D. Aristide Piróvano, Leopoldo Machado, Otaciano Bento Pereira, DR. Alberto Lima, Yaci, Dr. Mourão, Pe. Salvador, Marcelo Cândia, Odoval Moraes, Jordide de Brito [Tia Gita}, os Viana Antônio Pontes, Duca Serra, Heitor Picanço, Inácio Serra...
Não para ai, mas a alma voltou.
Acordei e disse a Jacqueline, minha filha que me acompanhava em Belém: Vamos embora pra Macapá! E nem a propósito. Voltamos de navio e caramba fazia umas quantas luas que não fazia essa viagem Belém/Macapá de navio. Ver os ribeirinhos, o nosso manancial hídrico, as ilhas, as matas. Aqui tudo é lindo. Essa Amazônia é o bicho, mas Macapá... Bem! Macapá é tudo. Beijos!
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