quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Inspeção da Promotoria da Saúde: Centro de Queimados do HE funciona em condições precárias

 Inspeção da Promotoria da Saúde: Centro de Queimados do HE funciona em condições precárias




Na última terça-feira (9), após receber denúncia, via relatório enviado pelo Conselho Estadual de Medicina (CRM), a equipe da Promotoria de Defesa da Saúde do Ministério Público do Amapá (MP-AP) fez visita técnica ao Centro de Tratamento de Queimados do Hospital de Emergência de Macapá, (CTQ-HE) onde constatou precárias condições de funcionamento, superlotação, falta de insumos, incluindo analgésicos, e, dentre tantas, irregularidade, até crianças internadas na mesma enfermaria que adultos.

O Centro de Tratamento de Queimados do HE é o único dos Estado, portanto, recebe diariamente pacientes gravemente feridos nos mais diversos sinistros e acidentes. É um setor com alta demanda o ano inteiro. O Responsável Técnico do CTQ entregou uma lista de insumos e medicamentos em falta no momento. Para dificultar ainda mais a gestão do local, todo esse material vem sendo adquirido por meio de um Fundo Rotativo. Ocorre que o repasse está sempre atrasado, comprometendo o controle do estoque.



Situação atual no Centro de Queimados do HE. Algumas carências:

- Pomada sulfadiazina de prata (para os curativos)

- Soro fisiológico

- Dipirona, especialmente dipirona injetável

- Álcool

- Lâmina pra enxerto de pele (cirurgia plástica)

- É comum faltar esparadrapo, atadura, gazes e outros itens coisas básicas

- Os leitos estão sem escadinha para o paciente subir

- Banheiro dos pacientes precário, sem descarga, chuveiro quebrado e sem maçaneta na porta.

Durante a visita técnica, foi possível observar a superlotação do HE, um tumulto generalizado, com muitas pacientes nos corredores, incluindo crianças A titular da Promotoria da Saúde, promotora de Justiça Fábia Nilci, e a assessora técnica Elizeth Paraguassu, observam que não há mais nenhuma condição de pequenas obras, reformas ou adaptações no prédio do HE.

“A situação é realmente grave, triste demais ver duas crianças - que passaram por procedimentos - aguardando alta. Não pode, em hipótese alguma misturar criança com adulto. Emitimos uma Recomendação da Promotoria para que isso não ocorra. Elas devem ir para o Hospital da Criança e Adolescente (HCA) imediatamente. Além do mais, o Governo do Estado deveria construir um Centro de Queimados exclusivo para crianças e adolescentes”, pontuou.



Em visita a obra de expansão sendo executada na área do HE, a Promotoria foi informada, pela própria Secretaria de Estado de Infraestrutura (SEINF), que o objetivo central da edificação é ampliar a oferta de leitos clínicos, na tentativa de esvaziar os corredores do HE. A previsão inicial de entrega dessa obra, com 87 leitos, era mês de outubro deste ano, mas, agora, a previsão é fevereiro de 2022.

O Responsável Técnico (RT) do Centro de Tratamento de Queimados solicitou que o novo prédio contemple uma ala específica para esses pacientes, ainda mais, por ser o único local especializado nesse tipo de tratamento do Estado.


O Atual Centro de Tratamento de Queimados do HE é uma enfermaria, com apenas seis leitos. Quatro pacientes estavam internados no local na hora da visita, incluindo duas crianças de colo. O RT explicou que deveria ter um leito de isolamento, mas o lugar funciona como depósito de material, porque não há mais espaço para qualquer ampliação ou adaptação. “É questão de prioridade máxima que o Governo do Estado construa um Centro de Queimados. Não é mais possível permitir que aqueles profissionais e pacientes permaneçam naquelas condições”, reforçou a promotora Fábia Nilci.

Em diversos relatos colhidos durante a visita técnica, foi possível presenciar as alternativas que familiares buscam para aliviar o sofrimento dos pacientes, como a compra frequente de remédios para dor. Havia, inclusive, uma paciente de 15 anos, internada na Unidade de Tratamento Intensivo. (UTI) da tenda do HE, dois dias sem fazer curativo por falta de pomadas.

 


Assessoria de Comunicação do Ministério Público do Amapá

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