quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

SURTO DE GRIPE FINALIZA 2021 MOSTRANDO DEFICIÊNCIAS.

SURTO DE GRIPE FINALIZA 2021 MOSTRANDO DEFICIÊNCIAS.




Por Jarbas de Ataíde


        Mesmo com avanços incipientes no ano de 2021, na  saúde institucional e na assistência, marcados pela  luta desenfreada contra a Covid-19,  com o funcionamento , construção e improvisação de unidades assistenciais, como o Centro de Especialidades “ Papaleo Paes”, o Centro Covid do Santa Inês e a abertura  de uma ala no Hospital Universitário,  agora estamos diante de novo surto de influenza, mostrando a fragilidade do sistema de saúde do Amapá.

      O despreparo da rede de assistência primária, de responsabilidade da PMM, que não consegue acolher a demanda reprimida de usuários para uma simples consulta, mesmo com o cadastro único e o pré-agendamento de consultas, depara-se agora com uma procura maior de pessoas infectadas pela gripe influenza.  Isso sem falar que a Covid-19 e o Surto de Sarampo continuam chegando nas unidades de saúde.     

      As UBS de Macapá, reformadas, reconstruídas e recém-inauguradas, num total de 23 funcionantes, não disponibilizam, em sua integralidade, a assistência infanto-juvenil, tendo apenas 3 ou 4 UBS prestando assistência às crianças atingidas pela infecção viral da influenza.

      Assim como estava despreparada para atender as crianças com Covid-19, agora, novamente, com a disseminação e transmissão rápida da gripe, também não consegue responder à demanda da população que procura as UBS da PMM.

      Em consequencia dessa falta de cobertura da atenção básica, as unidades hospitalares de urgência/emergência estão lotadas, em particular no atendimento das crianças e adolescentes. As UPAS fazem o mínimo, não dispondo de pessoal, equipamento e nem um simples exame de rotina, que já descartaria qualquer agravamento. Nas UBS, da mesma forma, fazem a simples medicação de urgência nas crianças e já dizem para procurar o Pronto Atendimento Infantil-PAI.

     Chegando nas unidades hospitalares do estado (PAI, HE, MML) o usuário encontra uma estrutura sucateada, despreparada para a grande demanda, sem insumos, medicamentos, equipamentos e com pessoal mínimo, sem uma programação para o enfrentamento de crises ou eventos adversos de saúde. 

     Os protocolos, fluxos e referencias são ignorados e desrespeitados. No caso da Síndrome Gripal-SG, ele indica que no primeiro atendimento, com ausência de sinais de gravidade (febre alta-39ºC, desconforto respiratório agudo, choque, cianose e baixa saturação, desidratação aguda), os casos devem ser medicados com sintomáticos, ingestão de líquidos e “encaminhados para acompanhamento ambulatorial”, na UBS.  O retorno ocorreria só se houvesse “piora do estado clínico ou com o aparecimento e sinais de gravidade”.

      As UPAS e Unidades Hospitalares receberiam os casos com fatores de risco ou com sinais de piora, que deveriam medicar com antivirais, sintomáticos e exames complementares (Raio X e Hemograma), porém, estão fazendo também o primeiro atendimento, o retorno e acolhendo os casos que pioraram, ou seja, um total descumprimento dos protocolos e do fluxograma da SG e da Síndrome Respiratória Aguda Grave-SRAG.

     Entre os grupos de risco estão as crianças com até 2 anos, pneumopatas, cardiopatas, neuropatas, nefropatas, doenças hematológicas, Sind.Dow, agravamento da febre por mais de 03 dias, dores musculares (miosite), alterações de consciência, desidratação grave. Estes deveriam ser atendidos nas unidades de urgência e emergência.

    Não é de agora que o sistema de saúde do Amapá está desfalcado. Tanto que foi pego de surpresa na Covid-19 e não consegue enfrentar uma patologia básica, uma gripe.  A infraestrutura das unidades é obsoleta, as condições de trabalho são precárias, os materiais e equipamentos são mínimos ou inexistentes, falta crônica de recursos humanos qualificados (a ausência de Pediatras nas UBS é crítica).

    Não adianta querer fazer modernização, cadastro único, pré-agendamento in line, telemedicina, reformas e ampliações de unidades, se não se programam e nem tem planos para enfrentar as crises, como a que passamos com a pandemia e agora com o surto de influenza. JARBAS ATAÍDE, 30.12.2021.

   

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