SURTO DE GRIPE FINALIZA 2021 MOSTRANDO DEFICIÊNCIAS.
Por Jarbas de Ataíde
Mesmo com avanços incipientes no ano de
2021, na saúde institucional e na
assistência, marcados pela luta
desenfreada contra a Covid-19, com o
funcionamento , construção e improvisação de unidades assistenciais, como o
Centro de Especialidades “ Papaleo Paes”, o Centro Covid do Santa Inês e a
abertura de uma ala no Hospital
Universitário, agora estamos diante de
novo surto de influenza, mostrando a fragilidade do sistema de saúde do
Amapá.
O despreparo da rede de assistência
primária, de responsabilidade da PMM, que não consegue acolher a demanda
reprimida de usuários para uma simples consulta, mesmo com o cadastro único e o
pré-agendamento de consultas, depara-se agora com uma procura maior de pessoas
infectadas pela gripe influenza.
Isso sem falar que a Covid-19 e o Surto de Sarampo continuam chegando
nas unidades de saúde.
As UBS de Macapá, reformadas, reconstruídas
e recém-inauguradas, num total de 23 funcionantes, não disponibilizam, em sua
integralidade, a assistência infanto-juvenil, tendo apenas 3 ou 4 UBS prestando
assistência às crianças atingidas pela infecção viral da influenza.
Assim como estava despreparada para
atender as crianças com Covid-19, agora, novamente, com a disseminação e
transmissão rápida da gripe, também não consegue responder à demanda da
população que procura as UBS da PMM.
Em consequencia dessa falta de cobertura
da atenção básica, as unidades hospitalares de urgência/emergência estão
lotadas, em particular no atendimento das crianças e adolescentes. As UPAS
fazem o mínimo, não dispondo de pessoal, equipamento e nem um simples exame de
rotina, que já descartaria qualquer agravamento. Nas UBS, da mesma forma, fazem
a simples medicação de urgência nas crianças e já dizem para procurar o Pronto
Atendimento Infantil-PAI.
Chegando nas unidades hospitalares do
estado (PAI, HE, MML) o usuário encontra uma estrutura sucateada, despreparada
para a grande demanda, sem insumos, medicamentos, equipamentos e com pessoal mínimo,
sem uma programação para o enfrentamento de crises ou eventos adversos de
saúde.
Os protocolos, fluxos e referencias são
ignorados e desrespeitados. No caso da Síndrome Gripal-SG, ele indica
que no primeiro atendimento, com ausência de sinais de gravidade (febre
alta-39ºC, desconforto respiratório agudo, choque, cianose e baixa saturação,
desidratação aguda), os casos devem ser medicados com sintomáticos, ingestão de
líquidos e “encaminhados para acompanhamento ambulatorial”, na UBS. O retorno ocorreria só se houvesse
“piora do estado clínico ou com o aparecimento e sinais de gravidade”.
As UPAS e Unidades Hospitalares receberiam
os casos com fatores de risco ou com sinais de piora, que deveriam medicar com
antivirais, sintomáticos e exames complementares (Raio X e Hemograma), porém,
estão fazendo também o primeiro atendimento, o retorno e acolhendo os casos que
pioraram, ou seja, um total descumprimento dos protocolos e do fluxograma da
SG e da Síndrome Respiratória Aguda Grave-SRAG.
Entre os grupos de risco
estão as crianças com até 2 anos, pneumopatas, cardiopatas, neuropatas,
nefropatas, doenças hematológicas, Sind.Dow, agravamento da febre por mais de
03 dias, dores musculares (miosite), alterações de consciência, desidratação
grave. Estes deveriam ser atendidos nas unidades de urgência e emergência.
Não é de agora que o sistema de saúde do
Amapá está desfalcado. Tanto que foi pego de surpresa na Covid-19 e não
consegue enfrentar uma patologia básica, uma gripe. A infraestrutura das unidades é obsoleta, as
condições de trabalho são precárias, os materiais e equipamentos são mínimos ou
inexistentes, falta crônica de recursos humanos qualificados (a ausência de
Pediatras nas UBS é crítica).
Não adianta querer fazer modernização,
cadastro único, pré-agendamento in line, telemedicina, reformas e
ampliações de unidades, se não se programam e nem tem planos para enfrentar as
crises, como a que passamos com a pandemia e agora com o surto de influenza. JARBAS
ATAÍDE, 30.12.2021.
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