sexta-feira, 29 de julho de 2011

Artigo do Gato

Qual o modelo de desenvolvimento queremos?
O desenvolvimento econômico do Amapá é um assunto que me instiga discutir, fruto de uma incontida ansiedade de ver o Amapá tornar-se um estado com um setor privado pujante, forte.
Percebo para o meu desalento que o Brasil não trata as regiões brasileiras de forma igual. Há um “status quo” econômico, intelectual e claro, tecnológico estabelecido em nosso país que privilegiam as regiões sul e sudeste desde a colonização. Essa anomalia incorrigida  possibilita um recorte social cruel para as demais regiões, sobretudo o Norte e Nordeste. O Centro Oeste com o deslocamento social de famílias do sul para lá deu um “up grade” nesse fosso abissal que nos separa.
O centro oeste não inventou a roda, aproveitou o chão e gravou suas garras no setor primário, com destaque para agricultura, com o incremento das lavouras de soja e tiraram o pé da lama, no qual o Norte e principalmente o sertão nordestino estão atolados até hoje.
Poderia invocar números para ornar meu comentário. Mas quero mesmo navegar no campo meramente da percepção de um amapaense incomodado com a situação que vivenciamos. Somos produtor de nada, nossa indústria é zero, a pecuária é insipiente e a agricultura inexiste.
Temos alguns investimentos minerários que quase nada deixam para o Amapá de dividendos financeiros e a mineração, como todos sabem, é sazonal. Exaurida a mina, by by. Que fique para trás a terra arrasada. Temos uma empresa como a ANCEL que planta eucalypto, exporta o cavaco e sequer implanta uma fábrica de celulose no Amapá. Não agrega valor em nada. Somos exportadores de commodotyes.
Vejo muita gente falar de modelo de desenvolvimento Sustentável. Ótimo! Essa é a regra mundial, ou melhor, dos ricos que há muito já implodiram seus meios ambientes. Muito bem. Então vamos dar ênfase à sustentabilidade. Quando o Amapá já ganhou pela transformação de 3.882.120,00 ha de terras, engessando cinco municípios do Estado, que deu origem ilegal para o Parque Montanhas do Tumucumaque? Nada! Nem do Brasil, pois as contrapartidas prometidas até hoje foram um engodo e também não ganhou nada dos ricos que pregam de forma veemente a importância da preservação da região amazônica.
O que ganhamos com a criação da floresta estadual, criada no governo do Waldez Gòes? Nada! A legislação ambiental brasileira pressionada pelos interesses internacionais criminalizou o extrativismo madeireiro, mineral de faiscagem, a pesca e etc e nos dá o que?
Quer um exemplo: a Universidade Federal do Amapá com 30 cursos prontos para serem implantados no Amapá recebeu um sonoro não do Ministério da Educação alegando falta de recursos financeiros para realização de concurso público para contratação de professores.
Não há na relação entre a União e os Estados menores tratamento diferenciado. O tratamento da Federação com federados como o Amapá, por exemplo, é igual o do Estado de São Paulo. Rico e tecnologicamente avançado. O preço da construção civil no Amapá não recebe tratamento diferenciado e não importa o isolamento geográfico que vivemos, separado do resto do Brasil pelo majestoso rio Amazonas. Não! Que se dane o Amapá. Nossos servidores da Prefeitura que atuavam no período do território não podem passar para a filhada União. Há um óbice legal pra isso.
Quando se estabelece discussão sobre desenvolvimento econômico, possibilidades de incrementos na economia aparecem uns iluminados dizendo não há isso e aquilo. A soja, por exemplo, é para alguns uma heresia. Ao despautério de afirmarem que a soja sequer permite fechar a cadeia produtiva. É monocultura e ponto. Santa ignorância.
O que queremos é saber qual o modelo de desenvolvimento então que serve para o Amapá? Como um Estado cresce e desenvolve se o que come é comprado de fora. Como se aumenta a arrecadação se não se implanta indústria aqui?
Parece até que esses luminares querem que o modelo de desenvolvimento seja o do contra cheque.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...